O debate deve ser sério, vigoroso, mas com regras e nos locais próprios. Não é quem grita e ofende que tem razão, mas quem, serenamente, apresenta factos, sugere e com um tom e forma de comunicação adequados às circunstâncias, faz valer os seus pontos de vista. Começa a tornar-se habitual, até em cerimónias solenes, onde se exige compostura e comedimento nas palavras, assistir-se a atitudes ofensivas, discordantes com uma salutar vivência e convivência democráticas. Há tons de comunicação doentios, intolerantes, que não ajudam a formar a sociedade. Apenas contribuem para acicatar a intransigência e, entre os politicamente mais esclarecidos, o natural afastamento da coisa pública. Por estes dias o que li é mau demais. Se isto é a democracia, então vou ali e já volto!
Quarenta anos depois há políticos que ainda não aprenderam que se pode marcar a diferença pela qualidade discursiva. O nível mais baixo e reles não se coaduna com a qualidade. Nem nos tempos mais instáveis, quando a democracia deu os primeiros passos, ouvi tanta ofensa e tanto despejar de ódios. Se pensam que fica bem, que é um sinal de força das convicções, que por essa via se impõem no "mercado" das ideias políticas, quanto enganados estão! O povo não gosta da falta de respeito.
Perante convidados, figuras em representação política, também das várias instituições civis, militares e religiosas, perante figuras da sociedade, perante o povo, pergunto se os que levam a liberdade da palavra até o extremo da incompreensão, não têm consciência da VERGONHA de, na "sua própria casa", utilizarem o insulto como arma política. O que ouvi e li dá muito que pensar em matéria de aprendizagem da democracia. Eu diria que, também aqui, a escola não funcionou.
Ilustração: Google Imagens.
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