Acredito, acredito mesmo, que seja uma pessoa fantástica. No plano político, porém, um zerinho. Só a vejo entre casas do povo e afins, subsídios, visitas e palavras de circunstância que não definem a capacidade de governar um sector tão complexo e, por isso mesmo, difícil: a inclusão e os assuntos sociais. Ontem, a Drª Rita Andrade, secretária deste governo regional, aproveitando a oportunidade da Gala Internacional de Folclore, disparou (fonte DN): "somos todos diferentes, mas todos iguais", isto é, somos tipo Benetton! "O folclore é a nossa riqueza, a nossa identidade e o nosso ADN". Somos, enfim, digo eu, o "bailinho" tendencialmente de cabeça virada para o chão, há 42 anos. Fora os outros que estão para trás! Só que, na esteira de G. Orwell, por mera adaptação da sátira "O triunfo dos porcos/A quinta dos animais" há uns animais que têm sido mais iguais do que outros. Eu diria, porque é público e notório, que "a nossa identidade" tem sido a riqueza de alguns governantes.
O que a secretária não se deve ter apercebido é que o ADN deste povinho tem sofrido, no plano político, uma interessante mutação. E já não é o que era. É a velha história dos gatinhos que nascem todos de olhos fechados, porém, aos poucos, os vão abrindo o que lhes permite fazer as suas escolhas. Decididamente, a secretária deveria interiorizar que não somos todos iguais. Seria bom que que não existissem proteccionismos a vários níveis, que as desigualdades fossem esbatidas, que a riqueza fosse mais bem distribuída, que a Autonomia a todos servisse e não apenas à alcateia do costume, que a "riqueza", essa sim, da Educação fosse sensível contrariando os números aterradores das estatísticas, que a nossa "identidade" fosse reivindicativa e não de permissão ao que o "senhor governo" impõe, aí sim, talvez fossemos todos diferentes, mas todos iguais nos direitos e deveres. Como assim não é, o folclore continua.
Fui educado para ver o outro lado das coisas. Como me dizia um velho Amigo Professor, temos de fazer como o homem do aspirador. Quando todos sopravam para afastar a poeira, um fez o movimento contrário, descobriu o aspirador e ficou rico. Moral da história: vejam sempre, dizia, o outro lado do que nos dizem. Neste caso, quando um político fala do nosso ADN (tornou-se tão vulgar) convinha que tivesse bem presente o outro lado dos "bichos" sofredores da quinta, que um dia farão a "revolução". Sem cravos enfiados na G3 e apenas com a arma do voto.
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