Os partidos considerados de direita podem juntar-se, os da esquerda, NÃO. Porquê esta insistência? A Drª Assunção Cristas, líder do CDS, assim defende. Todos os dias, ou quase, a deputada lá vem com a historieta das "esquerdas unidas", discurso estafado, sem sentido, do meu ponto de vista, até, ilegítimo, quando, em contraponto, utilizando o mesmo sentido discursivo, pertenceu a um governo das "direitas unidas". É um tipo de paleio cansativo, insensato, ainda por cima dissonante da vontade popular expressa na composição da Assembleia da República e, segundo as sondagens, com uma grande aceitação popular. Nunca me pronunciei sobre as "direitas unidas", depreciativamente, enquanto partidos, sobre as suas políticas, sim, portanto, bem melhor seria que a Senhora deputada falasse sobre as alternativas às políticas do governo. Penso que seria mais sensato e, politicamente, mais honesto. Mas isso é difícil, eu sei, porque pertenceu a um governo!
Ainda ontem escutei-a sobre o transporte ferroviário nacional. Teceu contundentes críticas. Vi-a, até, embarcar em uma das ligações da CP para demonstrar o "inferno" para os utentes. Propostas, zero. Esqueceu-se que pertenceu ao último governo de uma assumida e legítima coligação PSD/CDS e que a questão do transporte ferroviário não é de agora, tem já muitos anos, para não ir mais atrás, desde o Professor Cavaco Silva (primeiro-ministro), onde as prioridades foram para a rodovia e não para a ferrovia. E, entretanto, pergunta-se, que fez o governo de coligação PSD/CDS no sentido de inverter tal lógica? A Senhora deputada não estava lá? Não se sentou à mesa do Conselho de Ministros? Não fez valer a sua voz, porquê?
O exercício da política está assim, maquiavélico, interesseiro e desmemoriado, desrespeitoso face ao eleitor, está assente na lógica do vale tudo pela conquista de um voto. Não é o sentido propositivo que conta, mas o bater sem memória, como se todos fossem parvos e ignorantes. Ocultar e omitir responsabilidades próprias tomou a dianteira, desprezar e ou menosprezar quem circunstancialmente governa tornou-se centro das preocupações. A proposta alternativa fica para depois. No plano meramente pessoal, confesso, não ter paciência e socorro-me do controlo remoto.
Depois, já em outro registo, não sei se se escreve "Em nome da sogra" ou em nome de convicções pessoais ou de um qualquer partido! Há formas, discretas, de levar a água ao moinho. As "direitas unidas" podem legislar de manhã para beneficiar os seus clientes à tarde, porém, os das "esquerdas unidas", os do partido a, b ou c, legitimamente, de acordo com a lei vigente, o "respeito" pelas suas convicções parece dever obrigá-los a um quase voto de pobreza. Uns podem ser deputados, comentadores, em simultâneo, administradores em várias empresas, trabalhar nos seus escritórios e cobrar o que entendem, elaborar pareceres e com isso, legitimamente, enriquecerem, mover influências através da rede de bons telefones que dispõem; outros, cuidado com eles, têm uma origem impura, as suas "encenações são estéreis", não devem beneficiar, em igualdade de circunstâncias, repito, em igualdade de circunstâncias, de apoios europeus ou outros, porque a sua opção política, em consciência, assim deve determinar. Então quando passam a titularidade dos seus pequenos negócios para os familiares, leia-se "sogra", por precaução política, relativamente aos olhares "voyeuristas" sobre o seu património, aí, zás, dão-lhes forte e feio, descredibilizando a sua acção política. Não bate certo este discurso. A lei tem um sentido abstracto e uns e outros devem cumpri-la, escrupulosamente. O que me parece lamentável é que, discreta ou ostensivamente, se protejam uns e que se castiguem ou se façam juízos de valor relativamente aos outros. São todos estes aspectos que contribuem para que os portugueses olhem para o exercício da política com desdém. O que é pena, porque a democracia precisa de todos. Sempre dentro da Lei, obviamente.
Ilustração: Google Imagens.
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