O director do DIÁRIO, Jornalista Ricardo Oliveira, no seu texto de análise, hoje publicado, pediu aos políticos uma coisa tão simples: "ganhem mundo", isto é, tomem consciência que há mais mundo para além da Ponta de S. Lourenço. E "(...) uma vez regressados, verão quão provinciano é fazer dos arraiais um palco político, quão redutora é a propaganda sem nexo, quão alucinante é a súbita febre de tudo assessorar sem nada sustentar, quão imbecil é não responder a perguntas nas conferências de imprensa, quão absurda é a mania de todos culpar por algo que apenas tem como responsável e autor aquele que aponta o dedo (...)". Este texto foi publicado esta manhã, mas logo pela tarde, o vice-presidente do governo, na festa do emigrante, confirmou, ao não resistir frente à população: tenham "consciência" e o "cuidado" de não "embarcar em aventuras", muito menos "embarcar em situações que possam pôr em causa tudo aquilo que foi feito até ao dia de hoje". Salienta o DIÁRIO que o governante apelou, por isso, à "confiança", lembrando que tem sido à conta da "estabilidade política" e da "paz social" que a Região tem garantido o "desenvolvimento harmonioso em todos os concelhos" da Madeira.
Cheguei a uma fase da minha vida que, apesar de não ter perdido a esperança, mas porque olho em redor e tenho a memória fresca dos 42 anos consecutivos de um governo partidariamente ininterrupto, digo com o sentimento que me vem das entranhas, pois que mude, seja lá para que lado for. Arthur Schopenhauer escreveu uma frase lapidar: a "única coisa imutável é a mudança".
Os que desejam a perpetuação de um dado poder não "ganharam mundo", por isso, fazem dos "arraiais um palco político", exactamente para gerar o medo e a dúvida. Quem assim se comporta, sublinho, continua com os mesmíssimos tiques políticos de um outrora bem recente, por mais "voltas à ilha" que dê. Há mais mundo para além da ilha e é bem verdade. Trata-se, aliás, de um discurso ardiloso e, pior ainda, enganador, como se a Região fosse hoje um exemplo de "desenvolvimento harmonioso em todos os concelhos". Confundir crescimento com desenvolvimento não é muito abonatório para um gestor. O desenvolvimento está relacionado com a qualidade, pelo que, quanto aos respectivos indicadores, melhor seria que estivesse calado! Não decompondo muito a situação, que tivesse em atenção o índice de pobreza geral e o índice de pobreza persistente. Há frutas que parecem sãs por fora, mas estão estragadas por dentro. E falar disto na freguesia da Ilha é como "chover no molhado". Portanto, ao contrário do que o vice-presidente propagandeia, a população tem razões mais que suficientes para "embarcar em situações que possam pôr em causa tudo aquilo que foi feito até ao dia de hoje". A população não vive de palavras ocas, não vai ao supermercado com "confiança" e com uma ilusória "estabilidade política" (metade do governo já foi substituído), não vai à farmácia com uma falsa "paz social", o povo resolve os seus problemas com políticas económicas, financeiras e sociais que a ele se destinem e não aos mesmos de sempre. E isso só se consegue "ganhando mundo" e ganhando cultura. Andando à volta da ilha não se ganha mundo!
Os que desejam a perpetuação de um dado poder não "ganharam mundo", por isso, fazem dos "arraiais um palco político", exactamente para gerar o medo e a dúvida. Quem assim se comporta, sublinho, continua com os mesmíssimos tiques políticos de um outrora bem recente, por mais "voltas à ilha" que dê. Há mais mundo para além da ilha e é bem verdade. Trata-se, aliás, de um discurso ardiloso e, pior ainda, enganador, como se a Região fosse hoje um exemplo de "desenvolvimento harmonioso em todos os concelhos". Confundir crescimento com desenvolvimento não é muito abonatório para um gestor. O desenvolvimento está relacionado com a qualidade, pelo que, quanto aos respectivos indicadores, melhor seria que estivesse calado! Não decompondo muito a situação, que tivesse em atenção o índice de pobreza geral e o índice de pobreza persistente. Há frutas que parecem sãs por fora, mas estão estragadas por dentro. E falar disto na freguesia da Ilha é como "chover no molhado". Portanto, ao contrário do que o vice-presidente propagandeia, a população tem razões mais que suficientes para "embarcar em situações que possam pôr em causa tudo aquilo que foi feito até ao dia de hoje". A população não vive de palavras ocas, não vai ao supermercado com "confiança" e com uma ilusória "estabilidade política" (metade do governo já foi substituído), não vai à farmácia com uma falsa "paz social", o povo resolve os seus problemas com políticas económicas, financeiras e sociais que a ele se destinem e não aos mesmos de sempre. E isso só se consegue "ganhando mundo" e ganhando cultura. Andando à volta da ilha não se ganha mundo!
Em um aspecto o vice-presidente tem razão: o Dia do Emigrante "é um dia de reflexão, que temos de parar para olhar para trás e ver o que foi a Madeira há 40 anos e saber olhar para o futuro com muita consciência sobretudo pelo futuro dos nossos filhos". Porque, questionar-se-á, com os mesmos milhões que estiveram disponíveis, o que teria sido possível fazer no sentido do desenvolvimento, criando uma região menos assimétrica, menos pobre e menos dependente?
Ilustração: Google Imagens.
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