Apesar de 44 anos de "democracia formal", no plano político, a respectiva adultez ainda anda distante. A ideia que fica é a de uma espécie de permanente "adolescência política". De modo comparado com o ser humano são evidentes os sinais de insegurança, de instabilidade, de inadaptabilidade, de provocação, de estados emocionais que conduzem a desejos egocêntricos, neste caso, de poder, condutas erráticas, um permanente desejo pela liberdade e independência que não consegue passar à prática e até, entre outras características, um sentimento de frustração por ser difícil compatibilizar as pressões de ordem social com os seus desejos.
Se dúvidas existissem sobre a "adolescência política" da Região, o veto do Senhor Representante da República à composição do Conselho Económico e da Concertação Social da Região Autónoma da Madeira (CECS-RAM), acaba por confirmar que falta amadurecimento nas atitudes e no pensamento, determinantes para o estado de adultez.
Eis o exemplo: a proposta de diploma que determina a composição daquele órgão, “elimina a participação da CGTP no CECS-RAM, sem que para tal haja sido avançada qualquer explicação, afectando a desejada representatividade dos trabalhadores neste órgão, (...) uma das mais relevantes confederações sindicais em Portugal, na qual se encontram filiados alguns dos mais importantes sindicatos regionais, como, a título de exemplo, o Sindicato dos Professores da Madeira (SPM) e o Sindicato dos Enfermeiros da Região Autónoma da Madeira (SERAM)”, sublinha o Represente da República, Juiz Conselheiro Ireneu Barreto. Refere, ainda, o gabinete de Comunicação do Palácio de São Lourenço, "(...) como não se alcança a motivação que está na base desta alteração, e como não se conhece qualquer alteração significativa na orgânica sindical na Região (...)" o diploma foi devolvido para reapreciação da Assembleia Legislativa Regional.
É óbvio que não se trata de um lapso, até porque a Assembleia Legislativa dispõe de um gabinete jurídico, onde os diplomas são verificados no que concerne à sua estrutura. Trata-se, portanto, de uma intenção de natureza política. Tal como um adolescente que, muitas vezes é rebelde e provoca, ali, no primeiro órgão de governo próprio, parece que também que a "adolescência política" continua a marcar o rumo dos comportamentos. É tempo de crescer!.
Ilustração: Google Imagens.
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