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sexta-feira, 19 de abril de 2019

Quando tanto se fala de Autonomia, foi o Ministro dos Negócios Estrangeiros a fazer "as honras da casa"


As férias, escapadinhas, pausas, seja qual for a designação que seja dada, são direitos, entre outros, de quem trabalha e dizem respeito, única e exclusivamente, a quem decide marcar e usufruir do necessário descanso. Não é isso que está em causa. O problema está quando o cidadão, circunstancialmente, está investido de cargos, sobretudo os de natureza pública, que implicam, a todo o momento, disponibilidade e presença, mesmo que simbólica. Quando alguém se candidata, sabendo que pode ser eleito e escolhido para um alto cargo, obviamente, que deveria saber ao que vai. Deixa-me assim perplexo que, perante a morte de 29 pessoas, o senhor presidente do governo regional da Madeira não tenha interrompido o período de férias para acompanhar de perto os acontecimentos. A este nível, não colhem alegadas dificuldades nas ligações aéreas. 


O Senhor Presidente da República está na Madeira (só não veio na noite do desastre por razões operacionais), os Ministros dos Negócios Estrangeiros de Portugal e da Alemanha também convergiram para o local do trágico acidente, mas o presidente do governo da Região Autónoma da Madeira manteve-se pelo Dubai, deixando para outros as tarefas de representação que lhe competiam. No plano político um desastre e no plano da solidariedade e da representação institucional guardo para mim o que gostaria de escrever! Grave, ainda, o facto de nem o Representante da República (na Jordânia), nem o presidente da Assembleia Legislativa (?) estão presentes (fonte DN-Madeira) para acompanhar o Presidente da República.
Não é que viessem resolver fosse o que fosse, porém, no quadro, repito, institucional, constitui uma falta de respeito pelas pessoas, em função das altas funções que, livremente, assumiram. Dir-me-ão que as comunicações, hoje, são fáceis, que o telemóvel resolve, mas a verdade é que, em circunstância alguma, substitui a presença física. Quando tanto se fala de Autonomia e de órgãos de governo próprio, o que tenho visto é o Ministro dos Negócios Estrangeiros português a fazer as honras da casa, com uma ou outra intervenção de circunstância de membros do governo regional.
Foram 29 os mortos, senhor presidente do Executivo Regional. Para além da tragédia que a todos nos chocou, deveria, secundariamente, ter presente que a Alemanha contribui, anualmente, com quase 240.000 turistas para a Madeira. 
Desta tragédia salvou-se o exemplar desempenho, unanimemente reconhecido por todos, das instituições de socorro. Valha-nos isso. 
Ilustração: Google Imagens.

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