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quinta-feira, 19 de outubro de 2023

Carta escondida

 

Os partidos seguem, legitimamente, os formatos definidos pelas suas estruturas políticas internas. Aliás, é importante porque ajuda o comum dos eleitores a compreender os princípios e os valores que os diferenciam. Neste pressuposto, não podem é esconder do povo, decisões, repito, que com toda a legitimidade assumem. É o caso, público e notório, do acordo entre a coligação PSD/CDS e o PAN. Qualquer que seja o acordo ele deve ser totalmente transparente aos olhos dos eleitores.



O partido "Juntos pelo Povo", no essencial, no quadro da democracia representativa, não está apenas a exercer o seu direito de fiscalização da actividade governativa, mas também a chamar à atenção que nada, mas mesmo nada, pode ser concretizado numa lógica subterrânea do exercício da política. 

Certamente que um acordo de incidência parlamentar exigiu negociações de ajustamento entre as propostas eleitorais dos dois partidos, para a elaboração de um posterior programa de governo; certamente que o Senhor Representante da República delas teve conhecimento atempado e tê-las-á "aprovado". Portanto, nada mais correcto do que transmiti-las aos eleitores sem quaisquer rodeios. Trata-se de uma questão de princípio democrático. 

O lançamento de, julgo eu, dez ideias genéricas, não explica todos os contornos do acordo. Aliás, o próprio PSD, já há algum tempo, sublinhou, que uma grande parte das propostas do PAN já estariam contempladas no seu próprio programa. Este tipo de discurso pode, eventualmente, significar que tal acordo vale uma mão cheia de quase nada. Pessoalmente, não acredito. Porque se nada foi negociado e aprovado entre as estruturas partidárias, com traços distintivos, sublinho, então poderá deduzir-se que esse acordo é um logro e o PAN funciona mais no interesse pessoal do que propriamente no colectivo, através do pensamento que o caracteriza visando as "pessoas, os animais e a natureza".

Dito isto, nem seria necessário o esforço do JPP ameaçando a coligação com uma exigência pela via oficial (discutível!) pois, ao PSD/CDS caberia divulgar o texto, tenha ele os contornos que tiver! Presumo que o Senhor Representante da República o conheça em detalhe, pois só por aí se explica a sua concordância ao indicar o Dr. Miguel Albuquerque para a formação de um governo putativamente de maioria. Em nome da democracia, divulguem o texto com as assinaturas dos representantes partidários. O secretismo só conduz à desconfiança.

Ilustração: Google Imagens.

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