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domingo, 24 de janeiro de 2016

DE CATAVENTO A PRESIDENTE


O meu candidato perdeu. Venceu quem eu não desejava, o Doutor Marcelo. Venceu quem teve uma exposição mediática durante vinte e tal anos e ao colo foi levado. Respeito, obviamente, os resultados, mas não me convencem. Não fui eu que disse, mas Pedro Passos Coelho, que ele era um catavento. Por algum motivo assim desabafou, embora, mais tarde, tivesse pedido o voto no seu candidato. Caso para perguntar, qual deles o melhor? Mas quem sou eu para questionar o voto dos portugueses. A única coisa que depreendo é que não têm emenda. Queixam-se, manifestam-se contra a austeridade, atiram-se ao PSD/CDS pela vergonhosa política perpetrada ao longo dos últimos anos, mas continuam a votar em quem, pela prática, não merecia o seu voto. Há um certo masoquismo político, deduzo, em tudo isto. Quanto mais me bates, mais de ti gosto! Parece-me ser uma inclinação natural de um povo que, embora desta vez tendo tanto por onde escolher, acabou por dar o voto à figura que faz parte do grupo que o espezinha, dentro e fora do país.


Mas esta é, apenas, uma posição. Eu que me encontro afastado das lides políticas, partidárias e outras, sinceramente, já nem quero saber. Mantenho-me, como cidadão atento, e nada mais do que isso. O povo quer assim, gosta que assim seja, detesta tudo o que venha da cidadania mais pura, depois queixa-se, lamenta-se, mas o que fazer, pergunto, quando se deixa enredar e tomar como certa a propaganda inteligentemente montada. Até o Tino, segundo escutei, chegou a estar à frente de Maria de Belém e de Edgar Silva. Espantoso.  
Conta-se pelos dedos de uma mão a paciência que tive, ao longo dos anos, para escutar os comentários de Marcelo Rebelo de Sousa. Não por ser uma destacada figura do PSD, mas porque nunca as suas posições me convenceram. Talvez porque tenho tido a possibilidade de ler outras análises e de cruzar muita outra informação, Marcelo, nas vezes que o escutei, sempre me deu a ideia de uma figura política superficial, um político plástico, com muito paleio e pouca consistência, de palavra fácil mas sem profundidade e independência política. Bastas vezes dei comigo a pensar sobre as suas posições de natureza social deste nosso país esfrangalhado e de pobreza crescente, e não me ocorre uma única posição pública de chamada de atenção e de combate à miséria. Dou comigo a pensar sobre a exploração que vai no mundo laboral, no desemprego e na emigração e nada trago em memória activa sobre posições claras e inequívocas sobre o combate a esses dramas. Dou comigo a reflectir sobre as dramáticas situações vividas nos sistemas de educação e de saúde, tentando descobrir alguma coisa que me tivesse ficado retido como posição estruturante do seu pensamento. Nada. Ficou-me aquele blá, blá de circunstância que não adianta e não atrasa. E a pergunta que deixo é esta: o que esperar deste novo Presidente da República, se no seu cardápio político o que sobra é uma montanha de palavras, mas vazias de conteúdo político, económico, financeiro, social e cultural? De qualquer forma, é sempre de bom tom cumprimentar os vencedores e Marcelo foi, indiscutivelmente, eleito. Da mesma forma que deixo muito claro que a posição do PS DESILUDIU-ME, completamente. Desde a primeira hora. Mas, enfim, estou fora.
Ilustração: Google Imagens.

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