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quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

CIRURGIA ÀS CATARATAS... NAQUELE QUE DIZEM SER O MELHOR SISTEMA DE SAÚDE!

Há coisas que têm o condão de, por uma lado, me aborrecer, por outro, de me comover. A peça jornalística hoje publicada no DN (ler aqui), da autoria do Jornalista Emanuel Silva, mexeu comigo. Uma senhora, com 84 anos, espera e desespera, há um ano, por uma intervenção cirúrgica às cataratas. Entretanto, aos poucos, vai perdendo a possibilidade de uma vida autónoma. À pobreza, isto é, à falta de meios para resolver o seu problema no sector privado, o sector público, que deveria responder de forma eficaz, infelizmente, não responde. Que razões subjazem a esta constatação é evidente que pouca ou nenhuma relevância tem para o cidadã em causa. O que é relevante é que não teve resposta para o seu problema.
Ela e, segundo a notícia, outros 800 que aguardam na fila de espera (dados de Julho passado). Se faltam ou não anestesistas ou outros meios o problema é do sector de planeamento, face ao qual, repito, o utente nada tem a ver com isso. Apenas lhe deve ser garantida uma resposta num tempo considerado razoável. O problema é esse e não outro.
Curiosamente, há dias, recebi uma mensagem que dava conta do seguinte:
"Em seis dias, um oftalmologista espanhol realizou 234 cirurgias a doentes com cataratas no Hospital Nossa Senhora do Rosário, no Barreiro, num processo que está a "indignar" a Ordem dos Médicos. Os preços praticados são altamente concorrenciais, tendo sido esta a solução encontrada pelo hospital para combater a lista de espera. O paciente mais antigo já aguardava desde Janeiro de 2007, tendo ultrapassado o prazo limite de espera de uma cirurgia. No ano passado chegaram a existir 616 novas propostas cirúrgicas em espera naquela unidade de saúde. Os sete especialistas do serviço realizaram apenas 359 operações em 2007 (cerca de 50 por médico num ano). No final do ano passado, a lista de espera era de 384 e foi, entretanto, reduzida a 50 com a intervenção do médico espanhol.
A passagem pelo Barreiro, durante o mês de Março, foi a segunda experiência em Portugal do oftalmologista José Antonio Lillo Bravo, detentor de duas clínicas na Extremadura espanhola - em Dom Benito (Badajoz) e Mérida. Entre 2000 e 2003 já havia realizado 1500 operações no Hospital de Santa Luzia, em Elvas, indiferente às "críticas" de que diz ter sido alvo dos colegas portugueses".
A mensagem contém outros elementos que foram publicados e comentados mas que me abstenho de aqui os divulgar. Fundamentalmente o que me interessa, o que é relevante, repito, é que há situações que não devem acontecer. Comovem qualquer pessoa com um pingo de sensibilidade pelos outros! Eu sei que se trata de um assunto muito complexo. Mas a verdade é que não é por incompetência da parte clínica (antes pelo contrário) é por desorganização dos serviços de saúde e que vem de muito longe. É isso que eu lamento, porque tem muito a ver com as políticas de saúde na Região. Ah, mais ainda, se o problema é pagar, pois cortem nas "obras" desnecessárias e vão ao encontro das pessoas, porque elas devem estar, SEMPRE, em primeiro lugar.
Fotos: Google Imagens.

2 comentários:

Anónimo disse...

Eu também estive 1 ano à espera de ser operada aos dois olhos. Só tinha 20% de visão nem ao super- mercado conseguia ir e muito menos à praia e a um centro comercial e ainda por cima sou diabética e estava na lista de espera " especial" da Doutora que me operou. Imaginem se não estivesse quanto tempo teria que esperar mais?
Acho que a equipa que operou é fantástica mas precisava de existir incentivos maiores para que aqueles médicos pudessem dedicar mais tempo a resolver o problema das listas de espera que são muito grandes e isso o SRS parece que não quer investir.
Também é preciso dizer que dá muito jeito aos médicos esta situação que assim vão ganhando no privado 4 mil euros por duas cireugias que no conjunto demoram menos de 1 hora.

André Escórcio disse...

Obrigado pelo seu comentário.
Oxalá esteja completamente recuperada.
Um Bom Natal.