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quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

FEZ-ME LEMBRAR A HISTÓRIA DO CASALINHO IRRESPONSÁVEL

Com que então... temos a conversa do costume. Esgrimem-se argumentos em defesa da Autonomia, regionaliza-se, colocam-se os "boy's" e os outros que paguem a factura. Tal qual um casalinho que se emancipa, não se organiza perante as responsabilidades, não define prioridades e, então, passa a vida a depender da mesada. Dir-se-á que é autónomo mas, na prática, não é. E os anos passam-se e não é capaz de corrigir o seu plano de vida. Ao ouvir o Vice-Presidente do Governo associei o comportamento político do governo ao do casalinho irresponsável.
Disse o Dr. João Cunha e Silva que a “pequena parcela de dinheiro que vem por conta do Orçamento de Estado para a Região não nos dá para pagar um terço daquilo que gastamos aqui só na educação e na saúde”, sublinhando que “a educação e a saúde são uma obrigação constitucional do Estado” e que o Estado não as paga. Dito desta forma até parece que é verdade. O que o Vice-presidente não disse e não diz é que todos os impostos cobrados ficam da Madeira, que a Segurança Social é toda paga pelo Estado, que as forças armadas são da responsabilidade do Estado, os Tribunais, a convergência tarifária da elecricidade, o transporte dos jornais e revistas, as polícias, o subsídio nas ligações aéreas, os subsídios pontuais pela organização de eventos relevantes (rali Vinho da Madeira, Open de Golfe, regatas, etc. etc., que há importantes contributos comunitários para a Região, enfim, que nós não temos sido nem somos uns coitadinhos despresados no meio do Atlântico. Efectivamente, não somos. E tanto que não somos que o governo vangloria-se da "Madeira Nova e da Madeira Contemporânea".
O que o Senhor Vice-presidente não se interroga é sobre as características dos sistemas educativo e de saúde, concretamente, se a estrutura e os investimentos são correctos, se há ou não desperdício e se é possível ou não fazer mais com menos dinheiro. Não se interroga sobre as obras megalómanas das sociedades de desenvolvimento na relação custo-benefício e como funciona toda a mega-estrutura da Administração Pública sob a sua responsabilidade onde abundam desnecessários lugares de chefia. Não se interroga sobre os milhões atribuídos ao desporto e à Igreja e não se interroga sobre esse famigerado Keynesianismo. Fizesse bem as continhas e certamente que concluiria que o problema radica, fundamentalmente, na incapacidade do governo para saber gerir e projectar a vida de toda a população de uma forma racional e sustentável. Mas eu compreendo a aflição. Compreendo, tal como a história do casalinho. Venha a mesada porque, primeiro, está o rolls-royce, a aparência, a festa, os amigos e, depois, logo se verá. No caso do governo, primeiro está, a obra, o discurso, os grupos empresariais, as eleições e, depois, logo se verá.
O problema é este e não outro. E foi assim que se chegou ao dramatismo de uma terra que dia-a-dia só se ouve dizer que precisa de se endividar, precisa de dinheiro fresco, precisa de mais cimento e nunca se ouve uma palavra de reflexão sobre o que está a acontecer e sobre o arrepiar de caminhos conhecidos. É evidente que se me perguntarem, por exemplo, se o novo hospital deve ser pago pela Região, digo, claramente, que não. Deve ser uma obra totalmente paga pelo Estado e com a participação de fundos europeus. E como esta, pela sua importância, outras. Agora, essa história de ser autónomo de mão estendida, gastar acima das possibilidades do País e da Região, endividar-se até ao céu da boca, alto e parem o baile, para esse peditório é óbvio que não dou!

2 comentários:

Pica - Miolos II disse...

Senhor Professor

O senhor é muito educado!!!
Esse exemplo do "casalinho irresponsável"!...
Na minha postura "politicamente incorrecta" atrevo-me a ser muito mais exacto nas adequadas imagens:
Primeira:
A do filhinho mimado que habituado a ver satisfeitos todos os caprichos(por uns papás idiotas,receosos de traumatizar a já crescida "criancinha")bate o pé e faz birra à mínima contrariedade(isto é, quando se pretende encaminhá-lo no sentido da natural responsabilidade);
Segunda:
A dos "empresários" das "meninas", cujo padrão de vida é inversamente proporcional ao das suas esforçadas "trabalhadoras".
Pode ser,e deseja-se que,um dia,estas assumam a dignidade espoliada e os sacudam do poder,porque...da sua inevitável e abjecta prole... já estamos mais que fartos.
Como vê,senhor professor,há que pôr os nomes aos bois.

Vilhão Burro disse...

Senhor Deputado

O sr. Pica-miolos é bruto como uma casa,mas o homem até parece ter razão.
Li, já não sei em que estudo, que a descendência, em percentagem elevada,tende a reproduzir a actividade dos progenitores:
Filho de médico,é médico;de engenheiro,engenheiro;de advogado,advogado;(...);logo, de "trabalhadora","empresário"!
Está-lhes na massa do sangue...