Um aspecto parece-me certo, sendo a situação muito grave, só um "brainstorming" será capaz de pegar no fio da meada e reconstruir o quadro de absoluta degradação. Só que tal não é possível com esta gente que se governa ao contrário de governar. Só com um novo enquadramento político e com inteligência será possível redesenhar o futuro. Com este governo regional e com aqueles subservientes órgãos autárquicos, o drama de hoje manter-se-á e, tendencialmente, agravar-se-á. Quando o presidente do governo, responsável pela situação, ali passando férias, fala de outras paragens e ignora os problemas da ilha, penso que está tudo dito.
O trabalho do Jornalista Márcio Berenguer, publicado na edição de hoje do DN-Madeira, regista 18,4 milhões de euros, apenas em quatro investimentos no Porto Santo, considerados, para já, sem "retorno" consistente. Trata-se de uma pequena amostra da loucura política que varreu toda a Região ao longo de mais de três dezenas de anos. Este quadro leva-me a dizer que não se tratou de uma política de "investimentos", mas de uma política de insustentáveis "gastos", portanto, não geradores de riqueza. E a prova disso está nos indicadores de pobreza registados na ilha, na absoluta fragilidade empresarial e na galopante e assustadora taxa de desemprego. O caso do Porto Santo é paradigmático entre o conceito de crescimento e o conceito de desenvolvimento. Ao ponto a que a situação chegou, não consigo prognosticar o que acontecerá nos próximos dez anos. Um aspecto parece-me certo, sendo a situação muito grave, só um "brainstorming" será capaz de pegar no fio da meada e reconstruir o quadro de absoluta degradação. Só que tal não é possível com esta gente que se governa ao contrário de governar. Só com um novo enquadramento político e com inteligência será possível redesenhar o futuro. Com este governo regional e com aqueles subservientes órgãos autárquicos, o drama de hoje manter-se-á e, tendencialmente, agravar-se-á. Quando o presidente do governo, responsável pela situação, ali passando férias, fala de outras paragens e ignora os problemas da ilha, penso que está tudo dito.
O Porto Santo é um problema, grave, é certo, mas o que dizer de toda a Região, quando ainda ontem a taxa de desemprego reflecte 16,8% equivalentes a mais de 21.700 pessoas sem trabalho? O que dizer de uma Região que enfrenta uma dupla austeridade, tem uma assustadora dívida, que regista menos dez milhões de receitas fiscais, onde as insolvências crescem, o turismo estagna, a fome alastra e onde é diminuta a capacidade de gerar emprego? Quase vinte e duas mil pessoas sem emprego, afora aqueles que já emigraram ou noutras paragens trabalham sazonalmente. Que dizer desta dramática situação?
O problema é que nada disto é novo e surpreendente. Afinal, aqueles que foram apelidados de "profetas da desgraça" tinham razão. Avisaram, chamaram à atenção, divulgaram os erros estratégicos que estavam a ser cometidos, equacionaram as situações gerais e específicas de forma sustentável, mas poucos quiseram ouvir. Pelo contrário, no acto do voto apostaram sempre nos mesmos, fragmentaram a oposição retirando-lhe poder alternativo, no essencial votaram sempre contra os seus interesses. É por isso que me custa ouvir da boca de alguns, frases do tipo "onde está a oposição?", manifestando com isso um quase total desconhecimento sobre o trabalho realizado e as propostas apresentadas. Como se não existissem pessoas de valor e de conhecimento e como se tudo se esgotasse nestas gastas figurinhas que dão rosto à governação regional. Mas, porventura, será possível fazer pior do que esta governação faz ou tem feito? Do meu ponto de vista, não é possível. No dia que a população entender dizer basta, quantos que por aí andam na toca saltarão disponiblizando-se para a construção do futuro? Serão filas intermináveis, estou certo!
Ilustração: Google Imagens.
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