"(...) Existe, no programa de governo, uma prioridade para a actividade do futebol profissional, está explícito, e, portanto, se é entendível isso, não temos nada que discutir". Discordo, em absoluto, desta posição, simplesmente porque, mesmo estando no tal Programa de Governo (não sei se está!) isso não significa que quem toma o leme da política desportiva, apanhado no meio da "tempestade", não tenha um outro posicionamento estratégico. Falo de um posicionamento profissional e portador de ganhos futuros. É como um sujeito ter uns hectares de terreno agrícola, um engenheiro agrónomo, analisado o terreno, dizer, senhor Santos não plante bananeira que só vai ter prejuízo, e o senhor Santos responder: não, senhor engenheiro, plante porque o João (leia-se presidente do governo) garante. Portanto, meu caro, tudo é discutível, inclusive, o programa de governo.
Ouvi o Dr. João Santos, Director Regional da Juventude e Desporto dizer aos microfones da TSF: "(...) existem opções políticas. Existe, no programa de governo, uma prioridade para a actividade do futebol profissional, está explícito, e, portanto, se é entendível isso, não temos nada que discutir". Discordo, em absoluto, desta posição, simplesmente porque, mesmo estando no tal Programa de Governo (não sei se está!) isso não significa que quem toma o leme da política desportiva, apanhado no meio da "tempestade", não tenha um outro posicionamento estratégico. Falo de um posicionamento profissional e portador de ganhos futuros. É como um sujeito ter uns hectares de terreno agrícola, um engenheiro agrónomo, analisado o terreno, dizer, senhor Santos não plante bananeira que só vai ter prejuízo, e o senhor Santos responder: não, senhor engenheiro, plante porque o João (leia-se presidente do governo) garante. Portanto, meu caro, tudo é discutível, inclusive, o programa de governo. Eu sei, eu compreendo, que quem aceita um lugar neste sistema e nesta conjuntura política de uma só cabeça, é para cumprir, o que obriga a engolir tudo! Só que há uma diferença entre ser político de carreira, daqueles que por aí andam que fazem do exercício da política uma profissão, e ser fundamentalmente técnico. Ao especialista, embora possa ter, ligitimamente, a sua preferência partidária, exige-se pensamento sobre a matéria que se aceita gerir. Eu sei, também, que no actual quadro de dificuldades, esta Direcção Regional assemelha-se a uma "comissão liquidatária", simplesmente porque não há alimento que satisfaça o monstro que criaram durante trinta e tal anos. Aliás, penso não estar longe da verdade, se assumir que aquela instituição servirá para receber cartas e emitir cheques. Dificilmente poderá ter uma política desportiva assente em pressupostos distintos daqueles que enformaram o sistema até aos dias de hoje. Bastará que aos 10.7 milhões de euros disponíveis(!) - não acredito que seja possível disponibilizar a totalidade deste montante, embora possa ser inscrito no Orçamento Regional - sejam retiradas as verbas para as Sociedades Anónimas Desportivas e restante associativismo e, perguntar-se-á, se o que resta permite desenhar um novo caminho? Isto, quando, por outro lado, existe uma alta pressão dos clubes e associações para que o sector público pague os últimos cinco anos de contratos-programa assumidos e, maioritariamente, não liquidados.
Ora, perante um quadro negro, de insatisfação geral, de falência, de uma morte do sistema há muitos anos anunciada, permita-me o Dr. João Santos, ao contrário do que disse na TSF, o que a Região precisa é de discutir as opções políticas. Estou a falar de opções políticas e não de opções partidárias. E quando há um insanável choque entre o pensamento técnico e o pensamento político, ao técnico só resta a opção de não se meter no labirinto ou na fogueira. Ao atirar-se para o fogo, deixando-se imolar no altar dos interesses partidários, o significado que poderá daí resultar expressa-se no seguinte aforismo: "tudo como dantes, quartel general em Abrantes". E é isto que lamento e tenho razões substantivas para o assumir, pois vezes várias, na Assembleia Legislativa, relativamente ao sistema educativo e ao sistema desportivo, assumi, em alto e bom som, que, nestas matérias, as minhas vestes partidárias estavam fora do hemiciclo. Isto para dizer que, sobretudo, devemos discutir os problemas deste sector numa perspectiva política, repito, política, e não partidária. Pelo que assisto e face às declarações do Dr. João Santos, as questões continuam a ser partidárias (por isso, não devem ser discutidas) e não de pendor político. É isso que eu lamento, profundamente. Porque o sistema desportivo, se o problema é assinar cheques, muitos o poderão fazer; se o problema é de projecto político sustentável, que garanta a plena interface entre os sistemas educativo e o desportivo, então aí, tem de emergir um novo pensamento estratégico onde os líderes, com conhecimento técnico, têm, obrigatoriamente, uma palavra a dizer. Porque assim penso, repito, há muito para discutir e muito para colocar em causa!
NOTA:
Prioridade das prioridades face a um governo caloteiro: Senhor Director Regional, mande pagar os cinco anos de atraso nas transferências acordadas. Há dirigentes em desespero e há empresários com a corda no pescoço. Uma vergonha!
Ilustração: Google Imagens.
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