Trata-se de uma experiência que se inicia por Portugal. Talvez pelas suas debilidades financeiras, por se encontrar de cócoras perante quem empresta dinheiro. Constitui uma oportunidade de tudo privatizar, de tudo o que possa gerar lucros directos e indirectos e, neste caso, de controlo da sociedade através do processo de informação. O que está em causa na RTP está muito para além do simples acto de privatização por, alegadamente, gerar despesa ao Estado. O que está em causa é moldar a informação e gerir as mentes em função dos interesses que não se descortinam em um primeiro momento. Ora, tudo o que cheire a dinheiro e a oportunidade de negócio, e se a isso podem juntar o desenvolvimento de uma determinada cultura, pois bem, lá estão eles na primeira linha, através de uns quantos testas de ferro conduzindo os processos para onde bem querem. Um dia todos perceberemos a verdadeira história da dupla Relvas-Borges e a sua fúria no desmantelamento do Estado!
A engrenagem é perfeita. A máquina funciona com as peças devidamente oleadas e com as pessoas politicamente perversas mas certas nos correspondentes lugares. Na política nacional António Borges é um deles. Li, em Maio passado, que António Borges saiu do FMI porque "não estava à altura do trabalho", o que pode colocar, numa primeira análise, algumas reservas sobre a sua competência. Mas não quero entrar por aí. Sei que foi "ex-quadro da Goldman Sachs e ex-director do Fundo Monetário Internacional (FMI) para a Europa e que surge neste tabuleiro como um "peixe pequeno", mas que levanta sérias reservas tendo em conta a tarefa que tem agora em mãos", isto é, as privatizações. Das várias leituras deste processo, não me parece inocente a relação causa-efeito entre o facto de ter passado por aquelas instituições e a função que hoje desempenha. Marc Roche, autor de um livro, já premiado, que conta a história da Goldman Sachs (ver aqui) e de como este banco dirige o mundo, admite que existe uma relação directa: "(...) vejo gente da Goldman Sachs a aparecer por todo o lado em posições de poder, faz parte da marca do banco (...)". Marc Roche adianta, ainda: "(...) o senhor Borges é um peixe pequeno, comparado com Mario Draghi, o presidente do Banco Central Europeu, que trabalhou na Goldman Sachs, com Mário Monti, o primeiro-ministro italiano, que também trabalhou na Goldman Sachs, ou com Lucas Papademos, ex-primeiro-ministro grego". Isto é, há, de facto, uma engrenagem perfeita. O Dr. Pedro Passos Coelho, no quadro da sua ideologia política e "aluno" obediente nesta Europa de muitos biombos, ao nomear o Dr. António Borges para o processo de privatizações, dir-se-á que nada mais faz do que juntar as peças do puzzle no sentido de responder, eficazmente, ao que senhores imperadores desejam que o mundo seja.
Mas o que aqui me traz é a privatização da RTP. Uma privatização que julgo ser única na Europa. Mas tudo tem um começo. Trata-se de uma experiência que se inicia por Portugal. Talvez pelas suas debilidades financeiras, por se encontrar de cócoras perante quem empresta dinheiro. Constitui uma oportunidade de tudo privatizar, de tudo o que possa gerar lucros directos e indirectos e, neste caso, de controlo da sociedade através do processo de informação. O que está em causa na RTP está muito para além do simples acto de privatização por, alegadamente, gerar despesa ao Estado. O que está em causa é moldar a informação e gerir as mentes em função dos interesses que não se descortinam em um primeiro momento. Ora, tudo o que cheire a dinheiro e a oportunidade de negócio, e se a isso podem juntar o desenvolvimento de uma determinada cultura, pois bem, lá estão eles na primeira linha, através de uns quantos testas de ferro conduzindo os processos para onde bem querem. Um dia todos perceberemos a verdadeira história da dupla Relvas-Borges e a sua fúria no desmantelamento do Estado!
Considero o caso da RTP uma pouca-vergonha nacional. Localmente, vejo Alberto João Jardim a esfregar as mãos de contentamento. Ele pode dizer que não está interessado, sobretudo pelos custos, mas sabe que alguém poderá tomar conta daquilo, satisfazendo, assim, os seus interesses. Ele vê ali mais um Jornal da Madeira onde deseja estar embora não estando. Que os trabalhadores se acautelem e que toda a oposição e toda a sociedade perceba o que está por detrás desta manobra.
Ilustração: Google Imagens.
Sem comentários:
Enviar um comentário