Do meu ponto de vista foi, politicamente, "criminoso" o que ali se fez. Se antes sabia-se da sazonalidade em termos turísticos, agora nem sazonalidade existe. São as ligações áreas e marítimas que estão por resolver, a vergonhosa política de preços de quem quer ou tem necessidade de sair da ilha, facto que coloca os habitantes do Porto Santo a terem de pagar preços exorbitantes, são os problemas da promoção turística, são os problemas da formação, da revitalização do comércio (e isso é possível), da fixação dos jovens, dos monstros que estão construídos, inacabados ou sem utilização turística, enfim, o Porto Santo é, hoje, um "Deus me acuda". Politicamente, não há perdão para quem permitiu o actual quadro. É indisfaçável a angústia que paira no Porto Santo e, por momentos, senti-me numa cidade "fantasma". (Texto escrito a 18.11.2010)
A Senhora Arquitecta Fátima Menezes, presidente da Câmara Municipal do Porto Santo, assumiu, hoje, em entrevista do DN-Madeira: "(...) Existem situações dramáticas, nunca antes vividas no Porto Santo. Famílias que perderam a casa para os bancos. Famílias onde os dois cônjuges ficaram desempregados. Há muita pobreza escondida e envergonhada, porque esta é uma ilha pequena onde todos se conhecem. As pessoas batem à porta do meu gabinete a pedir ajuda, são situações muito difíceis que nós encaminhamos para a Casa do Povo, para a Segurança Social e para a Junta de Freguesia. Todas estas instituições, a par de outras privadas, estão a fazer um trabalho magnífico, incansável em ajudar estas pessoas, mas a verdade é que há famílias a passar por muitas dificuldades".
Registo a constatação da realidade, mas tenho de dizer que não é assunto novo. A 18 de Novembro de 2010, após uma visita do grupo parlamentar do PS à ilha vizinha, escrevi neste blogue:
"Estou a chegar do Porto Santo. Venho constrangido, de coração apertado. Chega a ser comovente para quem tem alguma sensibilidade económica e social. O Porto Santo vive um momento de angústia colectiva. Não há qualquer exagero nestas palavras. Não há movimento, a economia está paralisada, o desemprego é aflitivo e, naturalmente, a pobreza cresce. Alguns indicadores mais visíveis: hotéis fechados, outros a 10% (se estiverem) de ocupação, 92% das empresas em insolvência técnica, mais de 13% de desemprego, atrasos significativos nos pagamentos fiscais e de segurança social, problemas judiciais em crescendo resultantes de incumprimentos diversos, habitações devolvidas à banca, enfim, um quadro absolutamente catastrófico. O tempo das vacas gordas, das obras e mais obras, sobretudo as da Sociedade de Desenvolvimento que geraram emprego na construção civil, lá se foi, o tempo das promessas do governo regional da Madeira que geraram expectativas de futuro morreu e, hoje, as gentes do Porto Santo, tem os olhos pregados numa profunda crise, ainda muito antes, de lhes cair em cima as medidas de austeridade.
Os relatos que escutei foram dramáticos e não há, repito, qualquer exagero. São reais e detectáveis aos olhos de quem conjuga os sinais. E o que mais magoa e me entristece é que tudo aquilo que está a acontecer é consequência de uma total ausência de um plano estratégico. O Governo não soube criar e denuncia que não tem um caminho definido, uma estratégia portadora de futuro para aquela ilha. Enquanto o dinheiro circulou, na esteira das obras públicas, a situação real foi esbatida, todavia, hoje é sensível que esse mesmo dinheiro não se reflectiu nas pessoas. Tratou-se de uma "estratégia" de fumo que se dissipou com o tempo.
Do meu ponto de vista foi, politicamente, "criminoso" o que ali se fez. Se antes sabia-se da sazonalidade em termos turísticos, agora nem sazonalidade existe. São as ligações áreas e marítimas que estão por resolver, a vergonhosa política de preços de quem quer ou tem necessidade de sair da ilha, facto que coloca os habitantes do Porto Santo a terem de pagar preços exorbitantes, são os problemas da promoção turística, são os problemas da formação, da revitalização do comércio (e isso é possível), da fixação dos jovens, dos monstros que estão construídos, inacabados ou sem utilização turística, enfim, o Porto Santo é, hoje, um "Deus me acuda". Politicamente, não há perdão para quem permitiu o actual quadro. É indisfaçável a angústia que paira no Porto Santo e, por momentos, senti-me numa cidade fantasma".
Os relatos que escutei foram dramáticos e não há, repito, qualquer exagero. São reais e detectáveis aos olhos de quem conjuga os sinais. E o que mais magoa e me entristece é que tudo aquilo que está a acontecer é consequência de uma total ausência de um plano estratégico. O Governo não soube criar e denuncia que não tem um caminho definido, uma estratégia portadora de futuro para aquela ilha. Enquanto o dinheiro circulou, na esteira das obras públicas, a situação real foi esbatida, todavia, hoje é sensível que esse mesmo dinheiro não se reflectiu nas pessoas. Tratou-se de uma "estratégia" de fumo que se dissipou com o tempo.
Do meu ponto de vista foi, politicamente, "criminoso" o que ali se fez. Se antes sabia-se da sazonalidade em termos turísticos, agora nem sazonalidade existe. São as ligações áreas e marítimas que estão por resolver, a vergonhosa política de preços de quem quer ou tem necessidade de sair da ilha, facto que coloca os habitantes do Porto Santo a terem de pagar preços exorbitantes, são os problemas da promoção turística, são os problemas da formação, da revitalização do comércio (e isso é possível), da fixação dos jovens, dos monstros que estão construídos, inacabados ou sem utilização turística, enfim, o Porto Santo é, hoje, um "Deus me acuda". Politicamente, não há perdão para quem permitiu o actual quadro. É indisfaçável a angústia que paira no Porto Santo e, por momentos, senti-me numa cidade fantasma".
Passaram-se quase dois anos e tudo continua na mesma. Talvez, pior, porque a pobreza multiplica a pobreza. Do governo regional nem uma medida, o que me leva a dizer que as gentes do Porto Santo estão entregues a si próprios. É como se a ilha não existisse, como se ela servisse apenas para umas férias do "politburo" regional. Uma vergonha e um drama que só pode ser resolvido com uma mudança política radical no governo regional e na Câmara Municipal. O Porto Santo necessita de uma estratégia e essa, pode ser lida aqui.
Ilustração: Google Imagens
2 comentários:
O Porto Santo sempre enfermou do mal da dimensão. Na minha opinião está começando a pagar o preço de um investimento excessivo na urbanização para fins turísticos. As coisas acontecem num momento particularmente difícil em que o GR empossado, salvo erro, em Novembro ainda não começou a governar. Note-se que para mim governar não é mandar ou falar com muitos decibéis. É assumir responsabilidades. Morre-se de paludismo os (i)responsáveis da saúde, eleitos, e,nomeados calam-se. Os contratos programa do desporto não se assumem. Falta água há quatro meses manda-se, antes que seja tarde, alguém que toque violinos aos ouvidos dos que vêem secar as plantações. Responsáveis políticos, nenhum foi visto. Vive-se ainda da força da inércia do governo anterior. Assim sendo nada de diferente no Porto Santo acontece.
Obrigado pelo seu comentário.
Assino, por baixo, sem pestanejar.
Enviar um comentário