Escutei-o a fazer um meio elogio, porque carregado de veneno, ao Engº António Guterres. Disse que tinha sido o único socialista que tinha reconhecido algumas responsabilidades pelo estado a que o país chegou, porém não disse que tinha sido aquele Primeiro-Ministro que tinha saldado, em 1998, uma grande parte da dívida da Madeira. Foram 110 milhões de contos (cerca de 550 milhões de euros). E, apesar disso, foi apelidado de mentiroso, caloteiro, fariseu, indivíduo perigoso e aldrabão, entre outros mimos. Digo eu, agora, se Guterres não tivesse mandado pagar, porventura a Madeira não teria chegado ao ponto a que hoje chegou: uma dívida de 6.3 mil milhões de euros (fora as PPP), dupla austeridade, pobreza, fome e desemprego. Talvez. Foi António Guterres, através do Ministro Professor António Sousa Franco, que colocou o contador da dívida quase a zero e que a megalomania do presidente do governo, a partir daí, fez disparar a dívida pública para uma insustentável situação (cerca de onze vezes mais em 14 anos). Relativamente à Madeira, as responsabilidades do Engº António Guterres porventura radicam aí. Participei num jantar privado com o Engº António Guterres dias antes desse anúncio e sei o que mais tarde lhe escrevi sobre esta e outras matérias, quase como uma premonição do que realmente veio a suceder.
Ele almeja vencer todas as câmaras municipais e juntas de freguesia. Pergunto, para quê, com que intenção? Não será uma fuga para a frente no sentido de perder por poucos, ou ganhar à tangente? Talvez seja. É capaz de fazer parte de uma estratégia de galvanização das hostes para que o rombo não seja grande. É evidente que um partido político, mesmo nas lonas, tem de demonstrar entusiasmo e ambição de vitória. Porém, o que aqui se passa é uma outra história. É a história do poder pelo poder a qualquer preço, a história de um processo falido, mas que há que aguentá-lo pelas pontas, pelos interesses grandes e pequenos que alimentam a teia. Mesmo politicamente roto, esfarrapado, sem cêntimo que lhe valha em função dos milhões em dívida, mesmo com uma legião de desempregados a bater-lhe à porta, mesmo com a pobreza que se multiplica de forma descontrolada, ele continua na senda da loucura política, do entusiasmo parolo, jogando com a emoção e não com a razão que deveria assistir em momentos de grande responsabilidade. O Orçamento Regional que hoje começa a ser debatido é a prova do embuste. Mas ele quer ganhar tudo, quando, politicamente, já perdeu tudo, o respeito, a credibilidade e o sentido de responsabilidade. Eu diiria que há aqui um pouco de "berlusconização", isto é, perguntar-se-á, o que levará homens entre os 70 e 76 anos, com um longo passado político, de vitórias eleitorais mas de desastres sociais, a quererem manter-se no poder? Esquisito, certamente que não é. É preciso ir ao âmago das situações, analisá-las, esmiuçá-las em todas as variáveis para se poder compreender as razões e os traços mais evidentes desse incontido desejo.
Em cima do palco ouvi-o fazer um meio elogio, porque carregado de veneno, ao Engº António Guterres. Disse que tinha sido o único socialista que tinha reconhecido algumas responsabilidades pelo estado a que o país chegou, porém não disse que tinha sido aquele Primeiro-Ministro que tinha saldado, em 1998, uma grande parte da dívida da Madeira. Foram 110 milhões de contos (cerca de 550 milhões de euros). E, apesar disso, foi apelidado de mentiroso, caloteiro, fariseu, indivíduo perigoso e aldrabão, entre outros mimos. Digo eu, agora, se Guterres não tivesse mandado pagar, porventura a Madeira não teria chegado ao ponto a que hoje chegou: uma dívida de 6.3 mil milhões de euros (fora as PPP), dupla austeridade, pobreza, fome e desemprego. Talvez. Foi António Guterres, através do Ministro Professor António Sousa Franco, que colocou o contador da dívida quase a zero e que a megalomania do presidente do governo, a partir daí, fez disparar a dívida pública para uma insustentável situação (cerca de onze vezes mais em 14 anos). Relativamente à Madeira, as responsabilidades do Engº António Guterres porventura radicam aí. Participei num jantar privado com o Engº António Guterres dias antes desse anúncio e sei o que mais tarde lhe escrevi sobre esta e outras matérias, quase como uma premonição do que realmente veio a suceder.
Espero é que, por aqui, o povo sofredor acorde, mesmo sem o conhecimento das raízes profundas que tomaram conta da Região. Ganhar todas as Câmaras e Juntas é evidente que tal não irá acontecer. As pessoas são humildes e tolerantes, mas mesmo a humildade e a tolerância têm limites. A percepção que tenho do andamento da carruagem é que o povo, enquanto árbitro soberano, levantará a cartolina vermelha, pese embora o muito dinheiro venha a correr, muita espetada aconteça, muitos cabazes de géneros alimentícios venham a ser distribuídos, muito Jornal da Madeira sirva a propaganda, muita promessa de emprego (?), enfim, prevejo, à semelhança do passado, que o regabofe e a pressão atingirão níveis de ruído ensurdecedor. Mas, ainda assim, qual metáfora com o futebol, é provável que aconteça Taça, onde os ditos grandes sucumbem perante o jogo inteligente dos aparentemente mais fracos. Espero.
Ilustração: Google Imagens.
4 comentários:
Caro André Escórcio
Jardim sabe que tem muitíssima gente à sua gamela. Todas as vitórias eleitorais foram conseguidas à custa dessa batota e de outras, como bem sabemos.
E todos esses gameleiros estão desesperados e dispostos a tudo para não largarem o bocado que sentem nos dentes.
Nós ainda tínhamos alguma esperança de que Jardim, enquanto político, tivesse alguma vergonha. E contávamos que esse desgaste abreviasse a sua queda.
Pode crer que a luta, que mais uma vez vai ser desigual, será muito difícil.
Com a sondagem realizada para a câmara do Funchal em que dá vitória ao PSD/M mas sem coligação da oposição indica que pode ficar tudo na mesma a situação politica regional.Mas espero que haja um despertar do povo há muito adormecido..
Caríssimo Cor. Fernando Vouga, o fim do sistema está no horizonte. Falta um clique qualquer. Há muito desemprego (mas também há muito biscate e economia paralela que vai aguentando), todavia, a situação parece-me insustentável. Seria importante que a Madeira arejasse no plano político, acabando com o mito dos insubstituíveis. É evidente que a luta será desigual, pois a gamela ainda funciona, porém cada vez com menos para oferecer. Um abraço.
Caro "Anónimo",
eu julgo que o despertar está a acontecer, ou então tudo isto está errado. Quando olhamos para as empresas, para os 23.000 desempregados (provavelmente serão 30.000 em Dezembro de 2013), para a insatisfação das pessoas, para o agravamento das condições de vida, tudo isto venha a ficar na mesma!!! Não me parece provável.
Obrigado pelo seu comentário.
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