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sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

UMA CONFERÊNCIA DE IMPRENSA CHEIA DE FUMO


O que a deputada Vânia Jesus (PSD) deveria defender era, por um lado, um novo desenho da política desportiva regional, quer a escolar quer a associativa, um novo regime jurídico que consubstancie as prioridades de financiamento no que concerne às representações nacionais e, finalmente, exigir ao governo regional que clarifique o que tem feito, o que faz e quais as prioridades atribuídas aos duzentos milhões anuais que recebe no âmbito dos custos de insularidade. De resto, a conferência de imprensa acabou por ser fumo. Melhor dizendo, tal como o "chefe", empurrou com a barriga um problema que merecia sereno debate.


O PSD-M insiste na tecla errada. Veio o grupo parlamentar do PSD-M, uma vez mais, falar do pagamento das ligações aéreas entre a Madeira e o espaço continental, a todos os participantes incluídos em equipas ou não, no quadro das competições nacionais. Paleio, apenas paleio, ou melhor, areia para os olhos da população. Então a deputada Vânia de Jesus não sabe que a Região, exactamente ao abrigo dos encargos que resultam da insularidade, do tal princípio da continuidade territorial, recebe(ia) cerca de duzentos milhões de euros anuais? É evidente que sabe, e sabe que não é possível, muito mais em tempos de dupla austeridade, meter a mão em dois sacos onde o dinheiro não abunda: no saco que tem os tais duzentos milhões e no saco das despesas com as equipas do continente que se deslocam à Madeira. É óbvio que ninguém vai nesse jogo. Portanto, é desse saco dos duzentos milhões que o governo terá de apurar o sentido das prioridades no que concerne às representações da Região nos planos nacional e internacional.
Este assunto não é novo e todos os partidos que passaram pelo governo da República sempre fizeram ouvidos de mercador ao paleio regional. O que a deputada Vânia Jesus (PSD) deveria defender era, por um lado, um novo desenho da política desportiva regional, quer a escolar quer a associativa, um novo regime jurídico que consubstancie as prioridades de financiamento no que concerne às representações nacionais e, finalmente, exigir ao governo regional que clarifique o que tem feito, o que faz e quais as prioridades atribuídas aos duzentos milhões anuais que recebe no âmbito dos custos de insularidade. De resto, a conferência de imprensa acabou por ser fumo. Melhor dizendo, tal como o "chefe", empurrou com a barriga um problema que merecia sereno debate.
No decorrer da conferência de imprensa, a deputada sublinhou ainda: "(...) da nossa parte só lamentamos esta falta de solidariedade da actual maioria, em quem na verdade depositávamos esperança para a solução destas desigualdades (...)". Volto a questionar: qual falta de solidariedade e quais desigualdades, quando têm o dinheiro? E se o Secretário de Estado, Alexandre Mestre (PSD) já teve outra posição, antes de assumir a respectiva pasta, apenas se deduz que tal terá sido por ignorância ou oportunismo político. Não pode haver outra leitura. Ora, situações destas desprestigiam a política e os políticos, porque não contam a história toda, ficam-se pelas meias verdades, estabelecendo uma certa confusão no quadro de uma atitude de permanente e injustificável guerrilha institucional que não leva a nada, isto é, produz resultado zero.
De resto este é um assunto requentado, tantas as vezes já foi abordado na Assembleia e mesmo neste blogue. Já foi até motivo de uma proposta de diploma que consubstanciou o regime jurídico das comparticipações financeiras e que o PSD-M chumbou. Portanto, a questão tem de colocar-se como uma casa que se constrói pelo alicerce. A deputada Vânia insiste em começar pelo telhado. Primeiro, falido todo o sistema, deve o grupo parlamentar do PSD-M olhar para a situação e tentar mudar de rumo. Insistir nos pressupostos que geraram a falência do sistema não me parece aconselhável. Outra coisa é, por exemplo, em sede de Orçamento de Estado, exigir que seja aumentado o valor (duzentos milhões) dos custos de insularidade. Aí tudo bem, caso a Madeira, no quadro da sua submissão ao Plano de Ajustamento Financeiro tenha, ainda, alguma capacidade de negociação. O que não deixa de ser um contra-senso em função de outras prioridades.
Ilustração: Arquivo próprio.

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