A sondagem apresentada pelo DIÁRIO de Notícias da Madeira, na sua edição de Sábado passado, constitui um primeiro grande indicador que os madeirenses e portosanteses desejam, em 2015, uma mudança na Região Autónoma da Madeira. É vulgar dizer-se que as "sondagens valem o que valem", mas não deixam de ser, porque se baseiam em pressupostos científicos, uma tendência da opção do povo. E esta sondagem acaba por estar em linha com aquilo que se passou nas últimas eleições autárquicas, onde o PSD averbou uma pesadíssima derrota. Mas, atenção, a mudança que o povo anseia, também como diz o povo, "não são favas contadas". A decadência política de Jardim é óbvia, os auscultados denunciam que desejam vê-lo bem longe do poder, é verdade que o povo começa a interiorizar que seja quem for que venha a sucedê-lo na presidência do seu partido, por mais pintado de fresco que se apresente, não conseguirá esconder as culpas de um passado, toda a sua subserviência e interesses que defenderam, todavia, é preciso que ninguém se esqueça que há uma teia montada, palcos, dinheiro, muito dinheiro apesar das dívidas, casas do povo, juntas de freguesia e muito associativismo onde se jogam interesses pessoais e de grupos organizados. Por isso, todos os partidos políticos e todos os movimentos de cidadania activa são hoje chamados a uma luta que ultrapassa em muito as lógicas partidárias. É a via da lucidez que deve estar em causa e não a via da teimosia.
Esta sondagem coloca todos de sobreaviso. De nada valerá pensar em projectos isolados mesmo que uma coligação envolva, logo à partida, distintos posicionamentos ideológicos. As perguntas essenciais são estas: não queremos todos uma Saúde pública e de qualidade? Uma Educação pública e de qualidade? Um projecto económico sério, estruturado e gerador de emprego? Uma política social séria e que olhe para o cidadão como o centro das políticas? Uma (re)negociação do Plano de Ajustamento Económico e Financeiro? Um regime fiscal próprio? Um combate à pobreza? Uma garantia de habitação condigna? Uma protecção aos idosos? Uma coexistência dos sectores público e privado? Um combate à corrupção? Um apoio claro e inequívoco ao ensino superior? Uma atenção especial às questões ambientais? Uma preocupação por todos os instrumentos de planeamento? Por aí fora... Não é isto que, no essencial, todos desejamos? Não será este o quadro que nos anima, isto é, que anima todos os partidos políticos seja qual for a raiz ideológica? Pois, então, a hora é de RECOMEÇAR. E para isso, da direita à esquerda política, todos devem ser convocados para a criação de um paradigma que antecipe e gira um futuro de prosperidade. Temos de unir o essencial e, passados quatro ou oito anos, consolidada a democracia, libertado o povo destas amarras e destas teias, reconquistada a Autonomia perdida, obviamente que será tempo de cada partido seguir o seu percurso ideológico. Neste pressuposto, nego-me que tenhamos o ouro na mão e que o entreguemos ao bandido. Ah, o "modus operandi" de uma coligação para governar. Pois, sentem-se à mesa do diálogo e concertem esforços. É a via da lucidez que deve estar em causa e não a via da teimosia.
Ilustração: Quadros DN/Madeira, edição de 18.01.2014.
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