Ouvi a declaração da Senhora Deputada do PSD-M Rafaela Fernandes, a propósito da situação vivida, nos últimos dias, por uma família, da Calheta, que razões ainda não esclarecidas, num ápice viu o seu filho "desaparecer" do seio familiar. Felizmente, a criança foi encontrada e está bem. Outra coisa é o drama familiar pelas condições de pobreza em que vivem. E aí, a Senhora Deputada mais parecia uma "perigosa esquerdista" tal foi a sova que deu no governo que apoia na Assembleia e nas instituições que, segundo sublinhou, parece que andaram a assobiar para o lado. Ora, a Senhora Deputada, politicamente, não consegue enganar, pois toda a sua postura tem sido de hossanas ao governo regional e de pancada sem dó nem piedade em todos aqueles que, ao longo de muitos anos, assumiram que o rei ia nu! Tenho presente a sua fogosidade no parlamento, quer nas sessões plenárias quer nas comissões especializadas, cantando em altos decibéis as grandes preocupações sociais do governo e combatendo todos quantos não conseguiam vislumbrar a pintura a cores que fazia. Porém, não me recordo de ter levantado a voz contra o secretário dos Assuntos Sociais e Saúde, quando este disse na Assembleia que a pobreza rondava os 4%! Daí que infira que outras manobras políticas, porventura ligadas ao reboliço interno do PSD, estarão por de trás da tareia de palavras que deu no governo e, certamente, na Segurança Social na Madeira. O tempo o dirá. Mas... com que então, parece que andaram a assobiar para o lado. Não andaram, antes são assim e há muitos anos, Senhora Deputada. Desde o início! Os pobres comem as migalhas quando os ricos da "Madeira Nova" não as guardam todas. O caso daquela família não é único, pois existem centenas por aí "a comer o pão que o diabo amassou" e a viver em condições iguais ou piores do que na tal "Madeira Velha".
Disse que os € 15.000,00 disponibilizados para a melhoria da habitação daquela família não chegavam para nada. Que o melhor seria realojar. Concordo! Mas sabe a Senhora Deputada Rafaela o que disse o presidente da Investimentos Habitacionais da Madeira (IHM), senhor Arquitecto Carlos Gonçalves? Que se "(...) trata de uma coincidência boa esta família ir receber agora apoio para recuperar a habitação, mas não tem nada a ver com o caso do desaparecimento do menino" (...) "uma situação que está sinalizada desde 2011 como prioritária". E a Senhora Deputada também sabe que este mesmo senhor, segundo a edição do DN-Madeira, de 26.09.2013, numa peça do jornalista Victor Hugo, andou a distribuir telhas e tintas a cinco dias das eleições. Está escrito: (...) "A cinco dias das eleições autárquicas, finalmente chegou um carro de telhas e vários baldes de tinta para pintar a habitação, numa acção patrocinada pela Agência de Desenvolvimento e pela Investimentos Habitacionais da Madeira. Uma entidade paga e outra manda executar (...) Tudo para poderem beneficiar de materiais para procederem a “reparações”, na sua esmagadora maioria destinadas a “coberturas novas” nas casas. Isto parece provar, Senhora Deputada, que não andam a assobiar para o lado, sempre foram assim e vão continuar a ser assim enquanto no poder estiverem. Por outro lado, certamente que já leu o desabafo da ex-Deputada do PSD-M, sua ex-colega de bancada, a Drª Sara Medeiros André. O desabafo é significativo: "(...) Tenham vergonha!!!!! Estou profundamente envergonhada por esta gente que se julga "de sabedoria superior"... Já começa a fartar esta "merda" ... desculpem o desabafo!!!!". Foi o que li e dou-lhe toda a razão, pois há muito que cheira mal. O problema é que quanto mais se mexe pior, ainda.
Não me aventuro, no plano da discussão meramente política, a desenvolver qualquer raciocínio sobre o motivo das declarações da Deputada Rafaela Fernandes. Porém, aquela cartinha entregue na Comissão Política, subtilmente criticando o "chefe", mais este desabafo frontal contra o poder dominante, a par das declarações da ex-Deputada Sara André, tudo em conjunto com o que por aí vai na praça laranja, presumo que constituam peças importantes que denunciam que há muita gente a querer saltar deste barco cheio de enormes rombos e sem conserto! E a procissão vai no adro.
Ilustração: Google Imagens.
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