Não tem muitos anos e lembro-me que o PS-Madeira era pomo de conversa quase diária sobre quezílias internas. Por um motivo ou outro, alguns até de ridícula importância, tudo servia para daí resultar uma imagem pública muito pouco agradável. O PS funcionava como o centro da polémica, do conflito e da desinteligência sistemática que, por um lado, o PSD aproveitava para explorar as fraquezas, por outro, deixavam um rasto de pouca credibilidade política para governar. Quando não havia mais nada para dizer, alguns encontravam na Rua do Surdo, na antiga sede, a "mina" de notícias, sob a forma de "fontes", geradoras de descredibilização. Apesar disso, o PS-Madeira conseguiu resultados eleitorais entusiasmadores, em candidaturas municipais, europeias e legislativas regionais e nacionais. A fasquia dos 30% do eleitorado foi ultrapassada em vários momentos. Isto num tempo de grande fulgor do PSD, onde dinheiro era coisa que não faltava e onde as obras se multiplicavam por todo o lado. Hoje, a situação é exactamente ao contrário: não há dinheiro, as dívidas andam pregadas no tecto e, no plano interno, é o que se sabe: "resmas" de candidatos à liderança, ataques pessoais, "facadas nas costas", expulsões, dívidas por consumos de água e energia, ausência de afirmação política no plano nacional, escorraçados em sete das onze câmaras municipais, enfim, olha-se para aquilo e qualquer pessoa questiona: que credibilidade têm estas pessoas para governar?
Interessante como os tempos mudam. Hoje existe um PS-Madeira estável, sem conflitos internos, propositivo, com uma grande e segura prestação política na Assembleia, um partido aberto e voltado para a sociedade, ganhador de municípios e apoiando outros onde colocou primeiro os interesses da Madeira e só muito depois os interesses partidários, e a questão que eu coloco é esta: será que o povo já deu conta disso, da postura política serena e ao mesmo tempo acutilante em contraponto o que se passa no PSD-Madeira? Não sei. É evidente que, no plano político, há um tempo de assimilação que começa pela observação e só mais tarde pela confirmação. Os resultados do último acto eleitoral autárquico podem estar a funcionar como de observação. Talvez. Oxalá passe à fase da confirmação. Mas, mesmo aí, tenho acompanhado esta atitude de abertura à sociedade, de perante um contexto que implica grandes mudanças paradigmáticas, o partido não se fechar sobre si próprio, antes convidando todos para essa mudança em 2015. Considero essa atitude inteligente, porque para combater os interesses instalados, combater os pequenos e grandes poderes, necessário se torna que os partidos políticos deixem de lado os egoísmos partidários e se centrem naquilo que pode e deve ser comum a todos. A luta por essa unidade deve estar mais apostada naquilo que os une e não naquilo que constitui o posicionamento ideológico. A Região precisa de um novo paradigma, de novos actores políticos, precisa de gente sem manha e sem rabos de palha, precisa de homens e mulheres capazes de recuperarem a Autonomia perdida e, com bom senso, capazes de olhar, em primeiro lugar, para as pessoas. E as pessoas são muito mais que os militantes dos partidos. Vamos a isso.
Ilustração: Google Imagens.
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