Estas são frases do Primeiro-Ministro de Timor-Leste Xanana Gusmão: "(...) estou chocado com "a situação portuguesa" porque "a população está a sofrer" (...) "o Mundo anda muito errado e perdeu a noção do humanismo e o sentido da existência" (...). Questionado se desconfia dos métodos de ajuda dos mercados, Xanana foi peremptório na resposta: "não desconfio, sei" (...) "em 2000, tive um encontro com Mahathir (antigo primeiro-ministro da Malásia) e vi como é que aplicaram remédios a todas as doenças e nada resolveram" (...) Referem-se à democracia como: "Calcem este sapato de democracia" (...) só que é um calçado com a mesma medida para todos, que não respeita as diferenças" (...) o "sistema está moribundo e o shut down do governo americano bem o mostrou e obrigou a que o Congresso tivesse de levantar o teto da dívida" (...) o que me "choca são os triliões de euros e de dólares que se evadem. Ou seja, este sistema está a produzir os grandes e os ricos. Não é correto" (...) "o modelo da União Europeia falhou" (...) "Choca-me no sentido de a população estar a sofrer e fico alarmado que cada país tente resolver por si o seu problema. E em cada país vejo as pessoas responsáveis a disputar o papel de herói. Não dá para ser assim nestas ocasiões, temos de tentar todos juntos resolver porque quem sofre é o povo". O líder da resistência timorense concluiu, por isso, que "o Mundo anda muito errado e perdeu a noção do humanismo e o sentido da existência".
Porém, neste cantinho ocidental da Europa, temos um outro primeiro-ministro que pensa exactamente o contrário, pois quanto mais esmifrar o povo melhor. É capaz de pensar: olha-me este vem para aqui com lérias! Pelas suas políticas nem se apercebe que o povo sofre. O deus mercado exige que centre a sua atenção nos poderes financeiros e o povo que se dane. Como se esse caminho fosse o único capaz de solucionar os dramas internos. Obviamente que não é. Somos, sim, vítimas de um processo engendrado em outros poderosos fóruns. Xanana tem razão, "o Mundo anda muito errado e perdeu a noção do humanismo e o sentido da existência". E a dupla Passos/Portas (PSD/CDS) alinham naquilo, ao contrário de, nos espaços certos de intervenção, mostrar que não podemos continuar com esta política de esmagamento. Não é por acaso, repito, que "o Mundo anda muito errado e perdeu a noção do humanismo e o sentido da existência".
A propósito, ainda esta semana li um curioso texto que, apesar de constituir um mero pormenor, traduz a vergonha política daqueles que tentam dominar os outros influenciando as politicas que não desejam para si próprios. Na Alemanha baixaram a idade da reforma para os 63 anos, mas em Portugal, no mesmo espaço comunitário, já vai nos 66 anos! Neste mesmo país, um grupo de 100 académicos e políticos estão já a pedir um horário de 30 horas semanais, sem um corte nos salários, noticiou o jornal alemão Tageszeitung, com o argumento que uma semana de trabalho mais curta é a melhor forma de lidar com o aumento da taxa de desemprego no país, contribuindo também para o aumento da produtividade dos trabalhadores. Ao longo de vários anos irão lá chegar, enquanto Portugal aumentou para 40 horas o trabalho semanal. O plano alemão, que foi concebido por políticos de partidos de esquerda, filósofos e académicos, sugere que "a semana de trabalho de 30 horas pode ser introduzida gradualmente ao longo de vários anos. Defendem, também, que a redução do horário de trabalho irá melhorar significativamente a produtividade dos trabalhadores: "(...) precisamos de um projecto de sociedade como um todo para reduzir o horário de trabalho. Isto já não pode ser apenas uma questão política de negociação colectiva", defendeu na carta aberta o professor universitário de direito comercial Hein-Josef Bontrup.
Ora bem, pode-se então deduzir que aquilo que é bom para os outros a nós não nos serve! Daí que, convicção minha, precisamos de muitos "Xananas" sendo totalmente dispensáveis figuras ignorantes que apenas agem como correias de transmissão dos poderes ocultos.
Ilustração: Google Imagens.
Ora bem, pode-se então deduzir que aquilo que é bom para os outros a nós não nos serve! Daí que, convicção minha, precisamos de muitos "Xananas" sendo totalmente dispensáveis figuras ignorantes que apenas agem como correias de transmissão dos poderes ocultos.
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