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sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

A MADEIRA NÃO PODE ESPERAR MAIS VINTE MESES DE PERTURBAÇÃO POLÍTICA


O sistema está podre e a laranja também. Há muito que apodreceu. Quem não vê os sinais, não é que seja cego, apenas não os quer ver. Este governo está, claramente, fora de prazo. Se antes governava mal, agora, não governa. Andam todos aos papéis. A Educação é o que se vê, o tempo passa e não se conhece uma ideia portadora de futuro; no Turismo e Transportes, diariamente, a senhora é atacada por todos os lados e apenas levanta o escudo para se proteger; na Saúde e Assuntos Sociais, bom, aí, o secretário nem existe; o do Ambiente e Recursos Naturais, coitado, dá a entender que todos os dias está mais preocupado em aparecer na comunicação social do que em trabalhar; o secretário das Finanças, se o bom senso existisse, "escondidas" que foram as facturas não reportadas, no mínimo, já não estaria em funções políticas; da vice-presidência o que dizer(?), que os milhões em dívida têm a sua assinatura, milhares de milhões esses que estão a custar os olhos da cara aos madeirenses e portosantenses. Quanto ao Presidente do Governo, basta falar com meia-dúzia de Deputados e mais algumas figuras próximas do poder para perceber o que dele pensam. Mais, ainda, e o que dele pensam na Assembleia da República e dentro do próprio partido em Lisboa. Depois, sobressaem as quezílias internas, com "paletes" de candidatos, todos com um discurso a subir de tom, ofensas a este e àquele, expulsões e posições na Assembleia Legislativa que são muito claras relativamente às profundas divergências. A Madeira não pode esperar mais vinte meses de perturbação política.


Ainda ontem, o Dr. Miguel Sousa, ex-membro do governo e vice-presidência da Assembleia (PSD), declarou a sua demarcação relativamente à última década de governação jardinista, assumindo: "uma década muito pesada, que trouxe à Madeira uma dívida extraordinariamente pesada, impossível quase de suster e para qual precisamos de políticas capazes de fazer com que a Madeira não só caminhe com viabilidade económica (...)". Declaração que levou um leitor (Sousa Martins), no DN-Madeira, na página online, a contrapor: "Se este senhor não se revê nos últimos dez anos de governação de AJJ, porque não se demite? Se este senhor não se revê nos últimos dez anos de governação de AJJ, porque votou a favor de todos os programas de governo? Se este senhor não se revê nos últimos dez anos de governação de AJJ, porque votou a favor de todos os orçamentos? Vão mas é dar banho ao cão".

Pois é, o quadro é negro e ainda faltam vinte meses para terminar este mandato. Seiscentos dias! Será que ninguém percebe que este governo não tem as mínimas condições para governar? Que a Democracia tem regras, e que embora seja desejável que os mandatos sejam cumpridos, há momentos que uma análise fina e profunda aconselha a devolver a palavra ao povo? Que relatórios o Representante da República faz ao Presidente da República sobre a autêntica e claríssima deriva política regional? Um governo que só teoricamente tem existência, uma Assembleia desrespeitada, que não funciona, que ainda ontem tinha 126 pontos na "ordem de trabalhos" e vinte e nove votos para discutir, perante este quadro, repito a pergunta, de que está à espera a hierarquia política e institucional? Deixar arrastar no tempo o penoso drama de empresários, trabalhadores, famílias inteiras, jovens e idosos? Há muito que estamos, lentamente, em queda suicidária, com responsáveis institucionais a assobiar para o lado, como se nada fosse com eles. Mas são cúmplices e, tarde ou cedo, serão, obviamente, visados.
Do meu ponto de vista, permitir que aconteça mais um ano e meio de perturbação, apenas significa que os dramas políticos, económicos, financeiros, sociais e culturais continuem a agravar-se e que as soluções sejam adiadas. Julgo que, das duas, uma: ou o governo demite-se ou deve ser demitido. Não existe, nesta posição, qualquer golpe ou atentado à democracia. O que se exige é clarividência face a um poder que está completamente esgotado, que não tem soluções, está à deriva e que, urgentemente, precisa de ser colocado em auscultação popular. Para além do mais, por detrás, estão trinta e oito anos ininterruptos de políticas que conduziram à falência da Região. Não se trata de um governo (embora legítimo) que tomou a responsabilidade governativa há um ou dois mandatos. Existe um passado, existe uma história e existe um presente de conflito que se está a repercutir na população. Por isso, defendo a demissão e eleições em Outubro próximo. Por menos, Santana Lopes foi à vida e Alberto João Jardim demitiu-se em 2007. Lembram-se?
Ilustração: Google Imagens.

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