Confesso que dei sucessivas gargalhadas ao ler as declarações do Dr. Jaime Filipe Ramos, filho do Senhor Jaime Ramos, ambos Deputados do PSD-Madeira, na Assembleia Legislativa da Madeira. Obviamente que tem o direito de vir a lume propor um projecto estratégico para a Madeira para os próximos dez anos, mas não deixa de ser risível, quando qualquer pessoa tem presente, no mínimo, duas coisas: primeiro, todo o comportamento político, ao longo de anos, durante os quais fizeram ouvidos de mercador a todas as propostas da oposição e, na sequência disso, a atitude de chumbo a tudo o que foram alertas sobre o caminho que estava a ser seguido; segundo, é risível, pela forma como defenderam o "chefe", o presidente do governo, com unhas, dentes e língua afiada. Agora que todos os sinais indiciam que o homem caiu em desgraça, logo aparecem os "salvadores" desta nau que mete água através dos rombos que apresenta em todos os sectores da actividade governativa. É de gargalhada quando se lê que o actual quadro "não se coaduna com subterfúgios que não sejam soluções inclusivas e vencedoras, mas também não se conciliam com soluções que não coloquem a Madeira e os madeirenses em primeiro lugar", acrescentando o DIÁRIO, em conclusão, pelo que se impõe um "modelo político diferente, capaz de corresponder ao novo ciclo económico e social". Então, e o discurso passado ("subterfúgios?), as subserviências, os silêncios, as colunas de plasticina, as perseguições e as ofensas a tantas figuras da nossa sociedade sem filiação partidária, que apenas quiseram contribuir com o seu saber, enfim, é preciso ter uma descomunal lata vir falar de um "caminho alternativo, inclusivo e mobilizador", quando apresentam um passado politicamente negro, que levou a Madeira à falência económica, financeira, social e cultural.
É preciso ter uma descomunal lata vir falar de "seis grandes vectores estratégicos, com olhares em torno da Cidadania, do Conhecimento, da Competitividade, da Sustentabilidade, da Coesão Social e da Identidade, quando em todas estas áreas e domínios, poucos reconhecerão moral para virem ditar seja o que for, quando ao longo de trinta e tal anos não manifestaram nem atribuíram qualquer prioridade. É preciso ter lata para abordar as questões da cidadania e da participação dos cidadãos, quando ao longo de tantos anos a população apenas serviu para votar. É preciso ter lata para abordar as questões do "conhecimento para o desenvolvimento integrado da Região", quando confundiram sempre a política de infra-estruturas com políticas de Educação e Ciência. É preciso ter lata abordar a competitividade quando deram cabo do tecido empresarial, da economia, do turismo e transportes. É preciso ter lata falar de sustentabilidade quando não souberam gerir os recursos, desrespeitaram os Recursos Naturais e manifestaram pouco ou nenhum interesse pelo pelo ordenamento do território. É preciso ter lata abordar a coesão social, através da "justiça social, igualdade de oportunidades e da melhoria contínua das condições e da qualidade de vida", quando, ao longo de tantos mandatos negaram a pobreza e a exclusão.
Tenham paciência, mas não voltam a enganar. O dito "projecto estratégico para os próximos dez anos" não passa de um projecto de poder para continuarem a fazer o que sempre fizeram. Nas últimas autárquicas ficou claro que as pessoas não têm memória curta e que desejam ver a léguas aqueles que nos trouxeram a uma dupla e severa austeridade, consubstanciada em mais de 6.3 mil milhões de dívidas, desemprego e pobreza.
Ilustração: Google Imagens.
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