O assunto que abordo não constitui notícia. Há muito que se sabe que vão ser gastos quase meio milhão de euros na adaptação de um gabinete de "trabalho" quando Cavaco Silva deixar a Presidência da República. Entendo que qualquer presidente, após o seu desempenho, excelente, medíocre ou péssimo, deve manter uma certa dignidade no quadro do Estado. Mas há limites que não devem ser ultrapassados. No caso português, cujo povo tem sido espoliado com o beneplácito de Sua Excelência, um país endividado até à medula, um país de pobreza crescente, com fome e de emigração forçada, parece-me óbvio que roça o escândalo gastar quase meio milhão de euros nas instalações de um cidadão que, ainda por cima, não só não deixa saudades à maioria dos portugueses, mas também, de quem se questionará, se não fez enquanto presidente, o que fará pelo povo enquanto ex-presidente?
De um palácio cor-de-rosa passará para um convento cor-de-rosa. Do Palácio de Belém irá para uma parte de um Convento Dominicano em Alcântara. Por estas e por muitas outras os cidadãos têm razões de sobra para olharem para alguns políticos com crescente desconfiança. Lamento.
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