Num reino não muito distante, havia um elegante e nobre príncipe que se sentia aborrecido no seu castelo. Desejando espairecer, montou a cavalo e foi passear pelos campos. Avistando um camponês procurou atenuar o tédio interpelando-o: “Sabeis quem sou?” O camponês parou o seu trabalho, olhou-o e respondeu: “Tal como sabeis que sou um camponês porque visto estes trapos e lavro a terra, também sei que sois um nobre, ou mesmo um príncipe, pelas vestes que envergais, pela pureza do vosso cavalo e por terdes vagar para passeios.” Surpreendido mas não convencido, e para continuar a afastar o seu pesado aborrecimento, o príncipe retorquiu: “Achais então que é somente a aparência que nos distingue? Troquemos de roupas e de lugar e observemos como reage quem passa”. E assim fizeram. O príncipe em trapos de camponês a fingir lavrar a terra e o camponês em finas sedas montado no belo cavalo do príncipe. Cada transeunte que por ali passava desfazia-se em atenções, cortesias e reverências para com o camponês em vestes principescas e ignorava por completo o príncipe em trapos de camponês.
NOTA
Artigo de opinião do Doutor Hélder Spínola, publicado no DN-Madeira.
Ilustração: Google Imagens.
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