O ainda presidente do governo regional da Madeira agradeceu, hoje, a ajuda do Senhor Bispo da Diocese do Funchal. Ajuda! Qual ajuda, perguntar-se-á?
É evidente que se percebe o significado da palavra "ajuda". No dia 05 de Maio de 2008 (aqui) escrevi um texto elogioso para com D. António. Aconteceu cerca de um ano após a sua nomeação para liderar a Diocese do Funchal. O texto referia-se a uma homília na Paróquia da Nazaré onde, relativamente à marginalidade jovem, disse que se encontrava "confuso". Nesse texto, depois de uma série de considerações, sublinhei: "(...) D. António Carrilho é evidente que não está confuso. Ele conhece os números do Rendimento Social de Inserção, o número de pensionistas, o número de famílias desestruturadas, o número de jovens licenciados sem emprego, o número de idosos que aguarda um lar ou que está na situação de altas problemáticas, ele sabe o que as paróquias fazem para matar a fome de crianças e adultos e, de resto, o que todas as instituições directa ou indirectamente ligadas à Igreja fazem para esbater as carências sentidas. Eu sei e muitos madeirenses sabem que o hino fala de paz e pão mas que é aqui onde existem as maiores desigualdades, onde a riqueza produzida é distribuída de forma escandalosamente desigual. D. António Carrilho sabe que se vive numa Região onde há mais direitos do que justiça, por isso, toda a comunidade, julgo eu, espera do seu múnus pastoral uma atitude inteligente e firme no combate à sociedade que estamos a construir que só pode gerar "desorientação", "caminhos de marginalidade" e "jovens que vivem mergulhados na droga e na criminalidade".
A 30 de Março de 2013, depois de cinco anos à frente da Diocese, deixei aqui uma outra opinião:
"Não basta dizer que "perante as imagens de sofrimento, o discípulo de Cristo não pode ficar insensível ou indiferente. É necessário, pois, cultivar um coração compassivo, sensível à dos que sofrem". Pois, Senhor Bispo, esse sentimento é o que milhares têm e defendem, mas que resolve? Resolverá alguma coisa? Ora, o Bispo sabe, ora se sabe, que isto não vai com "compaixão", com um sentimento de pesar que nos causam os males alheios, isto vai com atitudes certas de quem tem o poder político nas mãos. Resolve-se com posições firmes, consistentes, humanistas e de respeito pelas prioridades. Porque o meu coração "não é insensível em face dos problemas dos outros" é que escrevo e tento denunciar a pouca-vergonha. Mas eu não tenho púlpito, eu não tenho a chefia da Diocese, eu não possuo a força de uma rede hierárquica capaz de colocar em sentido os responsáveis pelos dramas humanos. E o Senhor Bispo do Funchal, que não deve ser partidário, tem o dever de "(...) ajudar as pessoas a perceberem que elas podem fazer mais do que acham que podem", todavia no sentido da luta pela sua dignidade e não no sentido que deduzi das palavras ditas. Senhor Bispo, com toda a sinceridade, mude o seu discurso, claramente, por omissão, mais partidário do que assente na Palavra de Cristo. Enfrente a realidade e seja VERDADEIRO. É a única coisa que lhe peço, enquanto cristão".
Ora bem, Alberto João Jardim, foi, afinal, agradecer o quê? O silêncio? O facto do Bispo não ser incómodo? Porque a Diocese está armadilhada e controlada pelos subsídios? Isto, enquanto cresce a pobreza e a desigualdade? Fico por aqui. Simplesmente porque a Palavra e o Exemplo de Cristo merecem uma outra resposta.
Ilustração: Google Imagens.
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