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terça-feira, 19 de abril de 2016

DISCORDO DO MINISTRO DA EDUCAÇÃO


Discordo, em absoluto, do Ministro da Educação. Tiago Brandão Rodrigues, "quer alargar o ensino pré-escolar para as crianças de quatro anos de idade e, a partir de 2018/2019, para as de três anos", isto no pressuposto que "(...) a frequência de crianças no ensino pré-escolar é estimuladora de percursos escolares com maior sucesso". Errado. Tanto assim é que a "escola a tempo inteiro" e um pré-escolar com uma clara vocação escolarizadora dos tempos que deveriam ser destinados ao lazer e ao jogo, próprio das diferentes idades, não redundou em melhoria dos resultados finais. O eixo "Qualificar os Portugueses", do Programa Nacional de Reformas (PNR), não passa por aí. Melhor escola e, consequentemente, melhor preparação, não exige mais escola. 


Correcto, com uma visão de futuro, a partir do que tantos investigadores de diferentes áreas assumem, seria cuidar, a diversos  níveis, da pobreza na sociedade, aquela  que se esconde a montante da escola. Correcto seria mudar o figurino organizacional da escola. Correcto seria não confundir currículos e programas com as necessidades das etapas do crescimento, do desenvolvimento motor e cognitivo. Correcto seria a reorganização dos tempos de trabalho, possibilitando mais tempo para a família. Correcto seria, paulatinamente, gerar a mudança  de mentalidade e o gosto pelo conhecimento. Correcto é não querer apanhar frutos muito antes do seu amadurecimento. 
Por este andar, o pré-escolar chegará aos dois anos de idade em uma espécie de leilão semelhante ao "quem dá mais". Com este formato a criança deixa, definitivamente, de estar no centro das preocupações, mas sim o trabalho dos pais que passa a ocupar, cada vez mais, importância vital. Enquanto os pais trabalham horas a fio, muitos com horários disparatados e de sensível exploração, os meninos ficam enclausurados e seguros, pressupostamente, a aprender, cada vez mais cedo, as regras de uma vida imposta e de contranatura. Hoje, as crianças já "trabalham", isto é, já se encontram ocupadas 40 a 50 horas por semana, entre a escola, as actividades fora da escola e os malditos "trabalhos para casa". Aos trabalhadores exige-se menos. É espantoso. Portanto, por isto e muito mais que tenho vindo a escrever, discordo, Senhor Ministro, porque tais medidas, ao contrário do que pensa, a prazo, a factura será enorme.
Ilustração: Google Imagens.

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