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segunda-feira, 10 de dezembro de 2018

MEMÓRIA SÓ APARENTEMENTE CURTA A DA SENHORA DEPUTADA


"(...) Cada orçamento diz muito sobre a visão do proponente do orçamento e das suas propostas de alteração, sobre o país, a região e a cidade. Sobre as suas prioridades para a nossa sociedade (...)" - Rubina Berardo, deputada do PSD/Assembleia da República. Vale a pena ler o artigo da Senhora Deputada, publicado na edição de Sexta-feira do DN-Madeira, se fizermos um esforço de trazer em memória o que foram, por um lado, os anos de governação de Pedro Passos Coelho, por outro, os anos de governação de Alberto João Jardim que deixou os madeirenses a pagar uma dívida inicial superior a seis mil milhões de euros. 


De Pedro Passos Coelho fica a nota que todos os orçamentos apresentados foram, por esta ou aquela razão, considerados inconstitucionais. E que o povo sofreu, emigrou, deixou a formação académica e ficou mais pobre. Foram anos de bebedeira política ao serviço de outros interesses que não os do País. Só mais tarde, ficou a certeza que havia uma alternativa a esse tipo de governação tresloucada baseada na austeridade imposta externamente. Gente que vendeu o país, privatizando quase tudo, esquecendo-se que fomos vítimas, mais do que os erros de governação interna, de uma significativa crise internacional, de origem externa, que varreu tantos países. Não fomos só nós que ficámos em sérias dificuldades. Até fizeram vingar a ideia que "vivíamos acima das nossas possibilidades". 
E assim, no caso português, foram anos de roubo e de saque às pobres carteiras dos portugueses que, aliás, ninguém esquece. E nessa altura, que eu tenha presente, não me lembro de qualquer atitude da Senhora Deputada contra o esvaziamento do país, o pavoroso medo de seguir a primeira notícia de um telejornal, tantas vezes de anúncio de mais uma taxa, mais um imposto, mais um corte nos salários e pensões, ou, então, contra essa tenebrosa troika. Pois, eu sei, a memória de alguns é curta. De onde concluo que poderia eu agora escrever exactamente a síntese da Senhora Deputada: "cada orçamento diz muito sobre a visão do proponente do orçamento (...)". 
A Senhora Deputada sabe, porque estou certo que tem memória de elefante, que um espremeu os portugueses até ao tutano, não admitindo qualquer alteração ao percurso definido; o outro, por aqui, fez o que quis e entendeu não ouvindo ninguém, esbanjou em obras de prioridade duvidosa, ao ponto da corda continuar no pescoço dos madeirenses. Ainda assim, a Senhora Deputada fala de "palavra dada, palavra honrada"? Dá jeito dizer isso, compreendo. Dá jeito passar ao lado do que prometeu Pedro Passos Coelho durante a campanha eleitoral e o que veio a fazer na prática (ouvir aqui)E dá jeito comparar algumas decisões aqui tomadas com outras no plano da República, escondendo tantas que os governos da República tomam com reflexos bem positivos para a população local. Dá jeito! 
E hoje, como se isso fosse possível, os mesmos que não se opuseram às políticas de Pedro Passos Coelho/Paulo Portas, que pouco se ralaram com o sofrimento do povo, integram a orquestra que aplaude e exige ao actual governo, rapidamente, a reposição de todos os direitos perdidos. Querem tudo de um país que se tenta reerguer dos erros do passado e das políticas da dupla Passos/Portas. Discursam e ou escrevem julgando que a oportunidade política assim exige. Mais parecem sindicalistas e não deputados!
Oh coerência, por onde andarás? 
Ilustração: Google Imagens.

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