É um erro generalizar tomando o todo por alguns que se comportam de uma forma que a sociedade não aceita. Há sempre bom trigo e joio. Aliás, todos nós estamos sujeitos a convenções e códigos sociais que determinam o comportamento certo do errado. E aqui não pode, em circunstância alguma, haver lugar a subterfúgios ou fugas às situações praticadas. Ademais, a sociedade não aceita que se mascarem as situações para que tudo fique na mesma. O problema de tudo isto é que há uma evidente degradação dos comportamentos éticos, isto é, dos princípios e dos valores, os tais que não se divulgam, sublinho, mas que influenciam o colectivo. O resvalar tem sido suave mas contínuo e, por isso mesmo, cada vez mais sensível aos olhos da população. Há uma significativa perda de credibilidade, porque tem sido concedido espaço à desmedida ambição de pessoas, cultural e socialmente, medíocres. A qualidade anda fugidia e quem a tem, perante o quadro que se vive, foge a sete pés, mantém-se no silêncio, na reserva e até distante do comentário, entenda-se exposição pública, com algum receio de ser menos bem aceite e até medo que a perseguição surja na primeira esquina.
É notória uma ausência de cidadania plenamente assumida, independente de posicionamentos de base ideológica, que, pela qualidade das pessoas, a mediocridade política seja colocada no seu devido patamar. Não se trata de uma questão elitista, pois nutro tanto respeito pelo trabalhador mais humilde, indiferenciado, como tenho por quem se apresente com altas graduações académicas e profissionais. Não é isso que está em causa, até porque há bons e maus em ambos os blocos. A questão é outra, é a de, pela participação activa dos cidadãos, não seja permitido o caciquismo, os jogos de interesse pessoal, a corrupção dos valores e que os patamares mais altos da hierarquia política possam ser atingidos por pessoas, a quem lhes falta tudo ou quase tudo, o conhecimento, não me refiro apenas aquele derivado do percurso académico, mas sobretudo a credibilidade política nos planos da economia, das finanças, dos vários sistemas, inclusive, o cultural e, por via disso, a aceitação social.
Há pessoas que têm um qualquer curso e utilizam-o como recurso! Outras, têm o nome de família e pouco mais e vão longe por isso mesmo. Outras, fazem o percurso sinuoso das organizações partidárias, que conhecem os militantes como as suas mãos e que utilizam esse facto para atingir lugares que, no quadro de uma democracia adulta e exigente, jamais teriam hipóteses de lá chegar. Ainda outros, movidos por desmedidas ambições tentam subir os degraus quatro a quatro e mor das vezes espalham-se. Outros, finalmente, tornam-se reféns da teia. Desta forma sumária, o poder está pejado de instalados que se tornam senhores da "tabanca", até porque, entre um emprego de € 800,00 e um de € 3.000,00 fica a ideia que vale tudo por uma robusta folha de salário. A competência, essa é outra história.
Portanto, nada de estranhar que os que se encontram no vértice estratégico da pirâmide hierárquica, em situação extrema, sintam que, afinal, o poder não está nas suas mãos. Ele está capturado por uma espécie de "bandoleiros" com peso no interior da estrutura. Já não digo que sejam aves com a mesma plumagem (no plano político, muitas vezes são), mas o líder fica sujeito e obrigado aos comportamentos impostos pelos sequestradores políticos. Quando isto acontece é o fim de uma organização/instituição.
Um recente caso político pode servir de exemplo à reflexão que aqui estou a discorrer. A prova que a hierarquia está capturada, é o facto de transformar um caso político e público, provado pela apresentação de "desculpas", em um caso de natureza privada. Não é. Se assim fosse, generalizando, o crime por violência doméstica seria, também, um caso privado. E não é. Se, neste hipotético caso, a sociedade critica e os Tribunais podem, até, como medida de coação, afastar o criminoso da vítima, no primeiro, politicamente, o mais correcto seria determinar o seu afastamento da instituição pelos danos de imagem que dos actos resultaram. Só que a hierarquia não pode quando está aprisionada por uma história de largas cumplicidades. Imagine-se se a situação em causa envolvia um deputado na República?
Ora, o sentido mais puro do exercício da actividade política não é o de servir-se ao invés de servir uma causa. E o povo está farto dessa promiscuidade, de ser enganado, de assistir a golpes palacianos, de observar jogos de poder que interferem com as políticas que desejam ver implementadas, de presenciar que uma coisa é o que dizem, outra o que fazem, o povo está farto de conflitos estéreis e de ver que os seus representantes se comportam de uma forma absolutamente desprezível. Não é que deles, políticos, esperem a imagem de anjos com asas, mas que transmitam segurança, qualidade, palavra e assunção dos erros quando os cometem. E, na política, quando as situações são publicamente graves só há um caminho: o regresso ao emprego de origem. Não basta um pedido de desculpas.
Ilustração: Google Imagens.
NOTA
Reflexão, da minha autoria, publicada no blogue www.gnose.eu
É notória uma ausência de cidadania plenamente assumida, independente de posicionamentos de base ideológica, que, pela qualidade das pessoas, a mediocridade política seja colocada no seu devido patamar. Não se trata de uma questão elitista, pois nutro tanto respeito pelo trabalhador mais humilde, indiferenciado, como tenho por quem se apresente com altas graduações académicas e profissionais. Não é isso que está em causa, até porque há bons e maus em ambos os blocos. A questão é outra, é a de, pela participação activa dos cidadãos, não seja permitido o caciquismo, os jogos de interesse pessoal, a corrupção dos valores e que os patamares mais altos da hierarquia política possam ser atingidos por pessoas, a quem lhes falta tudo ou quase tudo, o conhecimento, não me refiro apenas aquele derivado do percurso académico, mas sobretudo a credibilidade política nos planos da economia, das finanças, dos vários sistemas, inclusive, o cultural e, por via disso, a aceitação social.
Há pessoas que têm um qualquer curso e utilizam-o como recurso! Outras, têm o nome de família e pouco mais e vão longe por isso mesmo. Outras, fazem o percurso sinuoso das organizações partidárias, que conhecem os militantes como as suas mãos e que utilizam esse facto para atingir lugares que, no quadro de uma democracia adulta e exigente, jamais teriam hipóteses de lá chegar. Ainda outros, movidos por desmedidas ambições tentam subir os degraus quatro a quatro e mor das vezes espalham-se. Outros, finalmente, tornam-se reféns da teia. Desta forma sumária, o poder está pejado de instalados que se tornam senhores da "tabanca", até porque, entre um emprego de € 800,00 e um de € 3.000,00 fica a ideia que vale tudo por uma robusta folha de salário. A competência, essa é outra história.
Portanto, nada de estranhar que os que se encontram no vértice estratégico da pirâmide hierárquica, em situação extrema, sintam que, afinal, o poder não está nas suas mãos. Ele está capturado por uma espécie de "bandoleiros" com peso no interior da estrutura. Já não digo que sejam aves com a mesma plumagem (no plano político, muitas vezes são), mas o líder fica sujeito e obrigado aos comportamentos impostos pelos sequestradores políticos. Quando isto acontece é o fim de uma organização/instituição.
Um recente caso político pode servir de exemplo à reflexão que aqui estou a discorrer. A prova que a hierarquia está capturada, é o facto de transformar um caso político e público, provado pela apresentação de "desculpas", em um caso de natureza privada. Não é. Se assim fosse, generalizando, o crime por violência doméstica seria, também, um caso privado. E não é. Se, neste hipotético caso, a sociedade critica e os Tribunais podem, até, como medida de coação, afastar o criminoso da vítima, no primeiro, politicamente, o mais correcto seria determinar o seu afastamento da instituição pelos danos de imagem que dos actos resultaram. Só que a hierarquia não pode quando está aprisionada por uma história de largas cumplicidades. Imagine-se se a situação em causa envolvia um deputado na República?
Ora, o sentido mais puro do exercício da actividade política não é o de servir-se ao invés de servir uma causa. E o povo está farto dessa promiscuidade, de ser enganado, de assistir a golpes palacianos, de observar jogos de poder que interferem com as políticas que desejam ver implementadas, de presenciar que uma coisa é o que dizem, outra o que fazem, o povo está farto de conflitos estéreis e de ver que os seus representantes se comportam de uma forma absolutamente desprezível. Não é que deles, políticos, esperem a imagem de anjos com asas, mas que transmitam segurança, qualidade, palavra e assunção dos erros quando os cometem. E, na política, quando as situações são publicamente graves só há um caminho: o regresso ao emprego de origem. Não basta um pedido de desculpas.
Ilustração: Google Imagens.
NOTA
Reflexão, da minha autoria, publicada no blogue www.gnose.eu
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