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segunda-feira, 26 de abril de 2021

Quando o debate político é feito com elevação...

 

Ontem assisti, na RTP-Madeira, a um especial informação sobre o 25 de Abril, com os convidados Dr. Mota Torres e Dr. Alberto João Jardim, respectivamente, ex-presidentes do PS-Madeira e do PSD-Madeira. Raramente sintonizo a RTP-Madeira, confesso, mas, desta vez, por lá passei e a interessante conversa prendeu-me de princípio ao final. Gostei.



Ao longo da minha vida no exercício da política, fui, muitas vezes, um severo e contundente adversário do Dr. Alberto João Jardim. Nunca apreciei as suas opções políticas e sobretudo a forma como tratava todos os que se lhe opunham. Ao longo de várias décadas, toda a oposição teve razões de sobra para, politicamente, combatê-lo. Ontem, porém, foi diferente, talvez porque os anos contam e o distanciamento da vida política activa constituem aditivos importantes para uma outra serenidade. Inclusive, considerou um acto de justiça pública, enaltecer os anos do Dr. Mota Torres à frente do PS, como anos "importantíssimos para a consolidação da democracia, da autonomia e do desenvolvimento regional". 

Do Dr. Mota Torres outra coisa não seria de esperar: tranquilidade e conhecimento actualizado dos dossiês. Ele, Mota Torres, que tantas vezes foi massacrado, esteve ali igual a si próprio, porque sempre entendeu que, na política, existem adversários e nunca inimigos. Por isso, a "conversa" entre os dois foi deliciosa, com o nível que só dois grandes senadores da política o poderiam fazer. 

Umas vezes concordantes, outras com posições diferentes, a "conversa" de ontem sobre importantes questões políticas atingiram uma dimensão que nada tem a ver com o que por aí vamos escutando. Assisti a um muito salutar e respeitoso posicionamento sobre diversas temáticas. Ao ponto do ex-presidente do governo, quando o jornalista deu por terminado o espaço de debate, ter exclamado: já!

Só uma palavra final, simplesmente porque ao Mota Torres ligam-me laços de Amizade. Trabalhámos juntos, fui seu secretário-geral e vice-presidente. Já uma vez aqui escrevi (2015) que "muito do meu pensamento político fica a se dever a esse Homem que uma parte do PS não compreendeu e que a Madeira não soube aproveitar. (...) Mota Torres é um Homem culto. Vi-o sempre nos caminhos da liberdade, da tolerância, da justiça social, da igualdade de oportunidades e do equilíbrio", nunca na busca de lugares ou de agressividades políticas sem sentido. Foi bom escutá-lo e sentir que, politicamente falando, está em forma. 

Parabéns aos dois.

Ilustração: Google Imagens.

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