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quarta-feira, 22 de junho de 2011

ESCONDER A POBREZA E A EXCLUSÃO SOCIAL


O problema permanece. O governo nega-se a fazer um estudo que quantifique e caracterize as múltiplas variáveis, os deputados do PSD negam-se a trabalhar nesse campo e, assim, o Secretário dos Assuntos Sociais defende que a pobreza atinge 4%, o Presidente do Governo, entre 8 e 10%, os estudos académicos 30% e, no meio disto, de situação em situação, vão escondendo uma preocupante realidade, que toda a gente conhece, a partir dos testemunhos dos representantes de várias instituições, dos números do desemprego e da violência à porta da Segurança Social da Madeira. Conjugam o verbo ignorar em todos tempos, porque assumir a realidade pode colocar em causa os actos de governação.

Não constitui assunto novo, o quadro político de quero, posso e mando, todos os dias vivido na Assembleia Legislativa da Madeira. Não há folga possível, cedência, aceitação, integração de outros pensamentos e articulação entre pontos de vista distintos. Ali, tudo o que venha da oposição é literalmente chumbado. Hoje, por exemplo, depois de várias reuniões em que andou para cá e para lá uma análise ao "Ano Europeu de Combate à Pobreza e à Exclusão Social" (2010), acabou por prevalecerem os documentos recebidos das entidades públicas responsáveis pela realização de actividades diversas, e não uma análise desses documentos através da Comissão Especializada de Assuntos Sociais, Saúde e Protecção Civil. Isto é, os serviços do governo regional, grosso modo, descreveram o que realizaram e ponto final, está tudo certo! Papel recebido que, no essencial, pouco adianta, não só porque os documentos estão disponibilizados na Internet, como constituem um olhar, apenas um, sobre um problema vasto e complexo.
Ora, importante, seria, do meu ponto de vista, a partir das acções realizadas, a Comissão Especializada tomar em mãos o quadro multifactorial da pobreza e da exclusão social, estudar os documentos públicos e formular uma opinião, sustentada em relatório final, a partir do qual, a Assembleia pudesse assegurar propostas no sentido de serem acolhidas pelo governo, na perspectiva de um efectivo combate à pobreza e à exclusão. Esse combate não se esgotou em 2010, nem se esgota, obviamente, através de uma meia-dúzia de iniciativas ao longo desse ano. O combate é muito complexo, exige estudo, debate desapaixonado, eu diria, até, despartidarizado, exige que se elenquem medidas que possam, a prazo, resolver aquilo, a pobreza, especificando melhor, hoje considerada uma fatalidade pela maioria política. E não é!
Portanto, o problema permanece. O governo nega-se a fazer um estudo que quantifique e caracterize as múltiplas variáveis, os deputados do PSD negam-se a trabalhar nesse campo e, assim, o Secretário dos Assuntos Sociais defende que a pobreza atinge 4%, o Presidente do Governo, entre 8 e 10%, os estudos académicos 30% e, no meio disto, de situação em situação, vão escondendo uma preocupante realidade, que toda a gente conhece, a partir dos testemunhos dos representantes de várias instituições, dos números do desemprego e da violência à porta da Segurança Social da Madeira. Conjugam o verbo ignorar em todos tempos e modos, porque assumir a realidade pode colocar em causa os actos de governação.
Mas o problema mais sério desta situação é que vejo jovens, muito jovens representantes do povo que alinham no discurso mais retrógrado e insensato. A juventude que deveria ser irreverente, não acomodada, acaba por trilhar os mesmos caminhos, senão politicamente mais tortuosos do que os seus mentores. É evidente que não estou à espera que um grupo parlamentar coloque em causa as políticas do governo que sustentam. Não é isso que está em causa, mas há limites, convenhamos. Este é um dos tais temas que a Assembleia deveria estudar, analisar e propor no sentido de uma melhor governação. Que mal existirá nisso? Só que a resposta é outra: aqui, mandamos nós e ponto final. Até Outubro, digo eu. Depois, logo se verá!
Ilustração: Google Imagens

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