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quinta-feira, 31 de maio de 2012

MOMENTO DE AGONIA REGIONAL



Não se trata de gente que não quer trabalhar, trata-se sim de gente que é vítima de um sistema político velho, gasto, moribundo e cheio de oportunistas, de um sistema que a cada legislatura se foi fechando e enclausurando segundo a lógica do pensamento político de um só homem. E perante a legítima pressão em função dos dados, o sistema e o homem que lhe dá rosto, mais se torna casmurro, mais denuncia uma disfunção autista, mais se fecha numa espécie de "torre de marfim", de ostensiva recusa ao que se passa no mundo exterior à "quinta" que ocupa. O seu estado egocêntrico só lhe permite ver fantasmas, atentados à sua presença e ao "paraíso" que a sua imaginação alimenta. O seu ego tornou-se maior que a Região e para ele tudo terá de girar em seu redor. Perdeu, pela longevidade política e pela idade, a noção do tempo certo para estar e para bater em retirada. 

O momento da definição: entre este político,
o vira o disco e toca o mesmo
e um partido que provoque a ruptura
através de pessoas confiáveis e de diálogo.
Vive-se um momento de agonia regional. Não dá mais para disfarçar a realidade dos indicadores, do mal-estar, das palavras e das denúncias que, diariamente, vão sendo produzidas e sentidas. Basta ter presente, finalmente, as lúcidas palavras do presidente da Cáritas Diocesana na Madeira, Dr. José Manuel Barbeito: existe um "sentimento de revolta" latente que só espera "um clique" para explodir (...) "não sei quanto tempo mais isto vai aguentar". Ora, assume estas palavras quem de perto vive a situação deveras angustiante, quem conhece, por dentro, o drama de milhares de famílias. Não se trata de gente que não quer trabalhar, trata-se sim de gente que é vítima de um sistema político velho, gasto, moribundo e cheio de oportunistas, de um sistema que a cada legislatura se foi fechando e enclausurando segundo a lógica do pensamento político de um só homem. E perante a legítima pressão em função dos dados, o sistema e o homem que lhe dá rosto, mais se torna casmurro, mais denuncia uma disfunção autista, mais se fecha numa espécie de "torre de marfim", de ostensiva recusa ao que se passa no mundo exterior à "quinta" que ocupa. O seu estado egocêntrico só lhe permite ver fantasmas, atentados à sua presença e ao "paraíso" que a sua imaginação alimenta. O seu ego tornou-se maior que a Região e para ele tudo terá de girar em seu redor. Perdeu, pela longevidade política e pela idade, a noção do tempo certo para estar e para bater em retirada. Perdeu a noção que até o seu próprio grupo parlamentar se manifesta contra os elementos do seu governo, situação impensável até há relativamente pouco tempo. É um homem em desespero, que diz existirem facadas nas costas por todos os lados, um homem que estrebucha no plano político, mas que atira, ele próprio, areia para os seus olhos. Não quer ver e apenas quer manter a rotina do carro preto que o leva até à "quinta".
No meio desta agonia, desta colectiva morte política, em desespero, pela ausência de argumentos sustentáveis, ele e o seu governo atiram-se para Lisboa, para aquilo que designam por "chantagem" de Lisboa, relativamente às tranches do plano de ajustamento financeiro, quando a causa não está aí, mas nas muitas loucuras assumidas durante trinta e tal anos. É nas causas que temos de  nos situar e actuar. As transferências financeiras, não esqueçamos isto, constituem um empréstimo que dará para tapar alguns buracos, mas não resolvem o problema de fundo. O dinheiro tem de ser desbloqueado, obviamente, para que as empresas possam aliviar a carga e evitar mais despedimentos, mas não podemos ocultar a causa, o porquê de aqui termos chegado apesar dos avisos e das denúncias. Esse dinheiro é um penso numa ferida muito grave e a precisar de outro tipo de intervenção. E neste quadro há políticos desesperados que tentam manter o povo enganado, quando se sabe que temos drama regional para muitos anos por culpa de um homem e de um sistema que esmagou a Madeira, vergou pessoas, permitiu riquezas obscenas ao lado de uma gigantesca pobreza.
Numa aproximação a Charles Dickens, este homem tem hoje "uma vaga noção de tudo, e um conhecimento de nada". O que lamento é que haja pessoas que ainda se verguem, o que me leva a questionar sobre os porquês, as razões mais substantivas que os levam a manter o cúmplice silêncio. Não é apenas por amizade pessoal. Os amigos não se comportam assim.  De resto, como tenho vindo a dizer, é tempo de devolver a palavra ao povo. A Madeira terá de ir para eleições antecipadas para que se dê início a uma nova etapa em que o sofrimento dê lugar à esperança. É uma questão de meses e a situação será clarificada. Da mesma forma, politicamente, abomino este Presidente da República, pelo qual não nutro qualquer respeito político, pelo seu silêncio, o seu alheamento, o seu vergonhoso posicionamento que permite passar ao lado do drama de um povo, como se esta não fosse uma parcela do território nacional. No tempo certo também será chamado a prestar "contas"!
Ilustração: Google Imagens.
NOTA:

REFLEXÃO DO DIA A PROPÓSITO DE SONDAGENS

5,9% de popularidade é semelhante a um jogador de futebol com 50 anos querer jogar na 1ª Liga!

quarta-feira, 30 de maio de 2012

O ESTREBUCHAR DO SISTEMA


No plano político, porque as eventuais questões criminais pertencem ao foro da Justiça, a esta gente que governou a Madeira com pulso de ferro e de dentes e língua afiados, prevê-se uma longa peregrinação de penitência pelo que fizeram e pelo que não fizeram. Se o povo sofre e continuará a sofrer, porque o que está em causa não se resolve em poucos anos, parece-me óbvio que, maioritariamente, não vai perdoar a quem os conduziu para o abismo. E neste quadro não se trata da substituição deste por aquele ou aqueloutro. O que está aqui em causa é, antes demais, uma questão ideológica, de escolha, entre procedimentos, princípios e valores na construção de uma sociedade mais justa e democrática. E esse novo tempo não pode ser construído por partidos e pessoas que, no essencial, leram a mesma cartilha. Partidos e pessoas que produzam acertos marginais, mas que, no fundo, defendam a mesma coisa e que, previsivelmente, conduzirão a sociedade pelos mesmos caminhos que levaram à actual situação. 

O caso JSD-Madeira onde a respectiva Comissão Política conduziu à demissão do seu líder, em minha opinião, permite uma reflexão que está muito para além do acontecimento em si mesmo. É pública e notória uma grande turbulência no partido social-democrata. Eu diria que há mais desencontros que encontros. Há uma sensível fractura nas hostes que, antes, vivia sob a batuta de um só homem. E isso permite dizer que, hoje, esse é um homem só! Já não tem mão sobre o processo político, sobre o partido, sobrevivendo, ainda, no meio das águas revoltas, pela bóia do silêncio, por um lado, dos Órgãos de Soberania e, por outro, de um conjunto de pessoas que andam expectantes a ver para que lado é que a balança pende. A história das facadas nas costas, ainda ontem repetida junto dos alunos da Escola Básica do Curral das Freiras, tem muito que se lhe diga. É um sinal concreto de um homem que sente no pântano e que olha à sua volta e não vê quem lhe lance uma corda. Ora, pode constituir especulação teórica da minha parte, mas estou em crer que a tomada de posição maioritária dos elementos da comissão política da JSD-M contra o seu líder, este apoiado pelo presidente do PSD, Dr. Jardim, tenha dedo de gente graúda, de pessoas que estão a correr por fora, de gente que está não estando, de políticos que estão a amanhar o terreno no sentido de fazer rebentar a mina ao nível dos seniores. Cautelosamente, a ideia que fica, mais do que um saco de gatos (tantas vezes disseram isso do PS) é a estratégia que corrói docemente a estrutura até que, pela porta pequena, o "chefe" acabará por sair assumindo que não tem condições face à inúmeras facas afiadas. E outros saltarão, naturalmente. 
Seja como for, repito, esta é uma mera especulação em função dos dados que vão sendo conhecidos, o PSD-M está ferido de morte. A confusão está instalada, há vários galos para o mesmo poleiro, as comadres estão visivelmente zangadas e descobrir-se-ão as verdades. Não só as verdades internas, mas sobretudo as verdades da governação. Há, certamente, muita coisa escondida. As facturas que não foram pagas e a dívida oculta entretanto detectada são, apenas, a ponta do icebergue. Depois de 36 anos de poder absolutíssimo parece-me natural a existência de muitas páginas de confidenciais e de reservados. Tal como no Vaticano, algum mordomo encarregar-se-á de trazê-los ao conhecimento público. 
Daqui se infere, no plano político, porque as eventuais questões criminais pertencem ao foro da Justiça, a esta gente que governou a Madeira com pulso de ferro e de dentes e língua afiados, uma longa peregrinação de penitência pelo que fizeram e pelo que não fizeram. Se o povo sofre e continuará a sofrer, porque o que está em causa não se resolve em poucos anos, parece-me óbvio que, maioritariamente, não vai perdoar a quem os conduziu para o abismo. E neste quadro não se trata da substituição deste por aquele ou aqueloutro. O que está aqui em causa é, antes demais, uma questão ideológica, de escolha entre procedimentos, princípios e valores na construção de uma sociedade mais justa e democrática. E esse novo tempo não pode ser construído por partidos e pessoas que, no essencial, leram a mesma cartilha. Partidos e pessoas que produzam acertos marginais, mas que, no fundo, defendam a mesma coisa, e que, previsivelmente, conduzirão a sociedade pelos mesmos caminhos que levaram à actual situação. 
Os dados parecem-me lançados: por um lado, o avassalador descrédito de quem, a todo o custo, quer manter-se "presidente da junta", por outro, um crescimento de uma alternativa sustentável que não deve ser entregue a pessoas que lá andaram, ou outros que, pela proximidade ideológica, mesmo que infelizes, são capazes de um casamento por conveniência.
Ilustração: Google Imagens.

terça-feira, 29 de maio de 2012

JARDIM FUGIU. ASSIM DEMONSTROU A SUA FRAQUEZA.


Mas este é um assunto que se arrasta e o que para mim é inaceitável é o silêncio do Senhor Presidente da República. Ora, se é seu dever pugnar pelo normal funcionamento das instituições democráticas, se se constata que a democracia na Madeira está ferida de morte, se a Autonomia é apenas de papel, se 80.000 madeirenses (30%) são considerados muito pobres, se há uma falência do sistema empresarial com um concomitante desemprego superior a 22.000 pessoas, se os sistemas de educação e saúde encontram-se em colapso, pergunto, uma vez mais, se o silêncio do mais alto Magistrado da Nação não constituirá um abandono à sua sorte de toda esta população? 

Fugiram às responsabilidades.
O grupo Parlamentar do PS-Madeira retirou e bem a Moção de Censura que esta manhã deveria ter sido debatida na Assembleia Legislativa da Madeira. Não faz qualquer sentido que uma iniciativa daquela natureza, pela sua importância política, não conte com a presença de todo o governo e, particularmente, do presidente do governo. A democracia tem regras e manda o respeito pelo primeiro órgão de governo próprio, órgão de quem o governo depende, que o principal responsável compareça na Assembleia para justificar as suas medidas e expor-se às perguntas dos deputados. É a única Assembleia (República e Açores) onde chefe do governo não responde aos deputados. Neste caso, a sua ausência demonstra fraqueza, desrespeito, duas mãos políticas cheias de nada e incapacidade, entre outras matérias relevantes, para justificar o facto de ter escondido a dívida pública, escondido 1.878 facturas relativas a obras que foram executadas entre 2003 e 2010, incapacidade para responder ao drama de 22.000 desempregados e a uma pobreza galopante. A sondagem de hoje, publicada pelo DN-Madeira, retira-lhe a maioria absoluta, mas era seu dever, enquanto primeiro responsável pela governação, submeter-se às perguntas dos representantes do povo. Uma vez mais fugiu, mandando para a Assembleia o Secretário da Educação e dos Recursos Humanos, político jovem, com seis meses de responsabilidades governativas, sem o conhecimento dos grandes dossiês económicos, financeiros e sociais que hoje constituem o drama de toda a população. 
Mas este é um assunto que se arrasta e o que para mim é inaceitável é o silêncio do Senhor Presidente da República. Ora, se é seu dever pugnar pelo normal funcionamento das instituições democráticas, se se constata que a democracia na Madeira está ferida de morte, se a Autonomia é apenas de papel, se 80.000 madeirenses (30%) são considerados muito pobres, se há uma falência do sistema empresarial com um concomitante desemprego superior a 22.000 pessoas, se os sistemas de educação e saúde encontram-se em colapso, pergunto, uma vez mais, se o silêncio do mais alto Magistrado da Nação não constituirá um abandono à sua sorte de toda esta população? Só quem aqui vive tem consciência do drama de milhares de famílias, do cofre vazio e da angústia dos empresários. Por razões diferentes, tão importante como o périplo pelo Oriente, esta parcela do território nacional  deve merecer do Presidente da República uma atenção especial. Fazer de conta que os problemas não existem torná-lo-á cúmplice do desastre social que se aproxima.
Ilustração: Google Imagens.

PRIMEIRA VITÓRIA: JARDIM JÁ ERA!


Um povo claramente espoliado pelo PSD/CDS ao nível nacional, um povo que, na Madeira, tem um governo PSD que o arruinou, pergunto, como pode ainda conceder 43,9% de intenções de voto àqueles que o encostaram à parede, a um partido que colocou 22.000 no desemprego e que lançou a fome entre milhares de famílias? Como é possível, questionará qualquer pessoa minimamente atenta ao que por aqui se passa. Será que este povo está a ser verdadeiro ou as intenções de voto espelham outros sentimentos como, por exemplo, o de medo? Uma coisa parece-me certa: é que JARDIM JÁ ERA!  

Acabou o Carnaval!
Parafraseando o filme "Canção de Lisboa", onde Vasco Santana, com humor, diz "chapéus há muitos" eu também diria, no caso da sondagem hoje publicada que "sondagens há muitas". Não estou com isto a colocar em causa o rigor dos números apresentados, mas a minha dúvida sobre a verdadeira intenção do povo. Ora, um povo claramente espoliado pelo PSD/CDS ao nível nacional, um povo que, na Madeira, tem um governo PSD que o arruinou, pergunto, como pode ainda conceder 43,9% de intenções de voto àqueles que o encostaram à parede, a um partido que colocou 22.000 no desemprego e que lançou a fome entre milhares de famílias? Como é possível, questionará qualquer pessoa minimamente atenta ao que por aqui se passa. Será que este povo está a ser verdadeiro ou as intenções de voto espelham outros sentimentos como, por exemplo, o de medo? Se está a ser verdadeiro, é evidente que se conhecem as causas daquele posicionamento. Provém da incultura e do analfabetismo político, de uma Igreja que não quer tocar nas feridas (Jornal da Madeira, por exemplo), do controlo de todo o associativismo, da acção directa de uma legião de peões com os seus pequenos e grandes interesses. Se não está a ser verdadeiro, mesmo considerando as ditas fragilidades, a história é outra, logo se verá num próximo acto eleitoral. Aí, no acto solitário da opção, daquela cruzinha pessoal inscrita no boletim de voto, obter-se-á a verdadeira consciência política. No entanto, para toda a Madeira, independentemente dos resultados desta sondagem publicada pelo DN-Madeira, pode-se para já concluir que esta maioria do PSD está em queda ao perder a maioria na Assembleia Legislativa da Madeira. Na projecção dos resultados perderia três deputados aos actuais 25. 
Quanto ao sentido de voto no CDS/PP, sinceramente, não o valorizo em demasia. É minha opinião, que valerá o que vale, que o crescimento de um deputado parece-me muito frágil. Também logo se verá. Aos poucos, os mesmos que terão dito, agora, que votariam na direita, perceberão que não existe diferença ideológica entre o PSD e o CDS assenta em pequenos detalhes e que a Madeira precisa de uma ruptura com este passado e presente de tragédia. Eu diria que, na Madeira, já basta de 84 anos de conjuntura política situada no domínio da direita política. Com as diferenças substanciais entre uma ditadura feroz e uma roupagem democrática, onde a perseguição é, agora, subtilmente "científica", a verdade é que Salazar esteve 48 anos e Jardim já está há 36. É tempo da Região procurar uma alternativa fora daquele quadro político e não o digo por uma questão de posicionamento político pessoal, afirmo-o a partir da minha leitura europeia (e não só) cujas políticas de direita conduziram ao estado em que todo o velho continente se encontra. Estamos face ao maior ataque contra as pessoas e contra os seus direitos. Inquestionável.
Seja como for penso ser extemporâneo um certo cantar de galo, alguns se sentirem na crista da onda, pois mais sensato será aguardar pelas autárquicas. Uma coisa parece-me certa: é que JARDIM JÁ ERA!  
Ilustração: Google Imagens.

segunda-feira, 28 de maio de 2012

MOÇÃO DE CENSURA AO GOVERNO

MOÇÃO DE CENSURA: OU ASSUME OU DEMONSTRA QUE É UM FRACO


Mas também pode comparecer e, ao primeiro sinal de uma oposição frontal e contundente, assumir que não há condições e pôr-se pela porta fora. É uma possibilidade. Aliás, a vergonhosa e desprestigiante decisão de colocar polícias por interior e no exterior da Assembleia pode, eventualmente, ter esse significado. Não excluo que a Brigada de Intervenção Rápida da PSP não esteja em prontidão, não vá a coisa descambar como aconteceu com a vaia no Estádio dos Barreiros ou no hemiciclo entre os próprios deputados.  E pode acontecer uma outra hipótese, pela ausência do presidente do governo, toda a oposição abandonar o hemiciclo com ou sem retirada da Moção de Censura, uma vez que o principal responsável pelo governo não está presente. Finalmente, entre muitas outras, o "chefe" pode argumentar uma urgente reunião em Bruxelas... São hipóteses e divagações da minha parte.

Pode acontecer que a cadeira fique vazia!
Amanhã, no Parlamento da Madeira, debater-se-á a Moção de Censura ao governo regional. A grande questão é a de saber se o presidente do governo marcará ou não presença. Em todas as Moções de Censura anteriores nunca se dignou responder perante o órgão de governo próprio de quem depende. Normalmente manda para lá um secretário que se encarrega, durante uma manhã, de fazer uma série de números de circo em defesa do presidente enclausurado na "quinta". Mas, desta vez, penso que tocará fininho, pois toda a oposição, com as suas diferenças, está apostada em colocar o presidente perante factos e determinar as respostas que eventualmente tem para o futuro imediato. Mesmo com um "regimento" de debate elaborado e aprovado pelo PSD (coisa que arrepia qualquer democrata), onde o presidente dispõe de tempo ilimitado para o encerramento do debate, estou convencido que ele não comparecerá. Ele está num dilema: se marcar presença será "bombardeado" como nunca aconteceu pois o rol de casos é tão grande que, por aproximação ao boxe, funcionará como um saco. Neste caso tem que possuir argumentos suficientes e capacidade para justificar as suas políticas, distante de falácias como a maçonaria, o Sócrates, o lóbi gay e o governo da República, entre outras; se fugir demonstrará fraqueza, incapacidade, medo de ser confrontado, culpas no cartório, desrespeito pela Assembleia, enfim, cobardia política. É neste dilema que se encontra. 
Bom, mas também não é de excluir que decida comparecer e, ao primeiro sinal de uma oposição frontal e contundente, assumir que não há condições e pôr-se pela porta fora. É uma possibilidade. Aliás, a vergonhosa e desprestigiante decisão de colocar polícias no interior e no exterior da Assembleia pode, eventualmente, ter esse significado. Não excluo que a Brigada de Intervenção Rápida da PSP (BIR) não esteja em prontidão, não vá a coisa descambar como aconteceu com a vaia no Estádio dos Barreiros ou no hemiciclo entre os próprios deputados. E pode acontecer uma outra hipótese, pela ausência do presidente do governo, toda a oposição abandonar o hemiciclo com ou sem a retirada da Moção de Censura, uma vez que o principal responsável pelo governo não está presente. Finalmente, entre muitas outras, o "chefe" pode argumentar uma urgente reunião em Bruxelas... São hipóteses e divagações da minha parte.
Agora, de uma coisa estou certo, é que este é um momento determinante, pois esta Moção de Censura constituirá um marco e poderá vir a determinar, a prazo não muito longo, a demissão do presidente, não apenas pelo efeito da pressão dos deputados na Assembleia, mas também pela sucessiva degradação das condições de vida do povo e pelo "saco de gatos" que é hoje a vida interna do PSD-Madeira, partido extremamente dividido, onde a par de subliminares críticas públicas, abertas e frontais, outras existirem, silenciosas mas mortíferas. Certo também estou que o silêncio do Presidente da República começa a ser politicamente interpretado como cúmplice do que aqui se passa.
Amanhã, logo se verá.
Ilustração: Google Imagens.

domingo, 27 de maio de 2012

GOVERNO DE SALVAÇÃO REGIONAL


Uma mudança de posição que tem muito que se lhe diga, ou melhor, que deve ser mais bem explicada. 

A 23 de Maio de 2009, publiquei um texto que pode ser lido aqui. Defendi, então, um GOVERNO DE SALVAÇÃO REGIONAL, exactamente no momento que o CDS/PP se demarcou da então designada "Plataforma Democrática" (Convergência na Acção) proposta pelo líder do PS Dr. Jacinto Serrão. Escrevi há três anos: "(...) Caminhamos para a necessidade de um "governo de salvação regional". Com cofres lisos, montanhas de facturas por pagar, empresários aflitos, desemprego a crescer, uma população maioritariamente sem capacidade para reagir, pergunto, como pensam resolver este quadro? Basta de blá, blá e de ofensas dirigidas aos outros... expliquem, direitinho, a toda a gente, as soluções?
Num outro post, a 16 de Outubro de 2010, voltei ao assunto (aqui) e transcrevi uma parte de uma carta do Dr. Jacinto Serrão: a) O CDS auto-exclui-se da Convergência na Acção, cujo objectivo fundamental é o derrube do regime que governa a Madeira vai para 40 anos; b) Assim, concluímos ainda que – a menos que reconsidere - o CDS não nos oferece – neste momento! - as condições políticas essenciais para integrar o objectivo estratégico da Convergência na Acção, que é garantir o normal funcionamento das instituições, nas vertentes democrática, autonómica e social, conforme decorre do “Manifesto ao Povo da Madeira” onde se traçam os seus objectivos".
Pelas declarações de hoje do líder do CDS/PP, folgo em saber que há uma mudança de posicionamento político. Interessa agora saber a respectiva operacionalização. Governo de Salvação Regional, com quem? Um assunto interessante!
Ilustração: Google Imagens.
NOTA:
Na edição de hoje, 28.05.2012, do DN-M li o conteúdo das declarações do líder do CDS/PP. Com que então um governo de salvação com a participação do PSD!!! Uma figura de consenso. Levaram 36 anos a criar problemas e, depois, o CDS chama-os para continuar no poder. Essa, NÃO. Bem eu perguntava ontem, governo de salvação, com quem? O PSD tem de ser colocado na oposição por largos anos. E ponto final.

OS CORDÕES UMBILICAIS QUE IMPEDEM A TRANSPARÊNCIA


"(...) às vezes dou comigo a inquirir os meus botões sobre a razão de certos relatórios publicados e depois arquivados, evidenciando responsabilidades de montantes elevadíssimos, não lograrem maior debate na comunidade e na comunicação social. Mais questiono ainda, em vão, os meus botões sobre o não uso do direito de acção popular, para perseguição judicial de infracções e efectivação de responsabilidades financeiras, quando os lídimos representantes do Estado lesado disso se abstêm" (...) - Dr. João Aveiro Pereira. 

Gostei da entrevista do Senhor Juiz Conselheiro da Secção Regional do Tribunal de Contas da Madeira. O Dr. João Aveiro foi claro não se furtando às perguntas do Jornalista. Quase poderei dizer que se tratou da entrevista que faltava, ao equacionar questões e preocupações determinantes no julgamento das contas, face a uma certa ineficácia no que concerne às consequências do que é detectado. Por um lado, referiu que o governo regional da Madeira "não acata na íntegra 90% das recomendações formuladas pelo Tribunal de Contas", por outro, o Magistrado mostra-se preocupado quando sublinha "(...) tanta resignação e indiferença, levam-me a pensar que a crise e a saturação de casos financeiros mediatizados fazem com que as pessoas tendam a desinteressar-se de mais milhão menos milhão perdido e desistam do exercício do seu direito de participação cívica". Está aqui, do meu ponto de vista, o fulcro da questão e daí, numa posição que reflecte uma luta pela transparência dos actos políticos, o Juiz interroga-se e defende: "(...) às vezes dou comigo a inquirir os meus botões sobre a razão de certos relatórios publicados e depois arquivados, evidenciando responsabilidades de montantes elevadíssimos, não lograrem maior debate na comunidade e na comunicação social. Mais questiono ainda, em vão, os meus botões sobre o não uso do direito de acção popular, para perseguição judicial de infracções e efectivação de responsabilidades financeiras, quando os lídimos representantes do Estado lesado disso se abstêm" (...) qualquer pessoa singular no gozo dos seus direitos civis e políticos e certas associações podem fazê-lo para assegurar a protecção dos bens do Estado, das regiões autónomas e das autarquias, o mesmo é dizer no interesse comum dos cidadãos ou dos contribuintes - tudo nos termos do art.º 52.º, n.º 3, al. b), da Constituição da República Portuguesa, e da Lei n.º 83/95, de 31 de Agosto". E porquê? Assume o Juiz: "(...) o regime jurídico de intervenção do Ministério Público na justiça financeira deveria ser reponderado e alterado, quanto antes. O modelo em vigor, salvo o devido respeito, está desajustado à realidade actual, pois compromete de algum modo a efectivação jurisdicional da responsabilidade e, assim, também a reintegração do património do Estado. Além de, em boa parte, impedir o Tribunal de Contas de julgar e desenvolver, legitimamente, a sua jurisprudência, num processo devido, equitativo e transparente. A decisão de haver ou não lugar a julgamento deveria, portanto, ser sempre judicial e recorrível, em vez de promanar de uma entidade não-independente, hierarquizada e vinculada a directrizes ou pareceres da sua hierarquia".
O Dr. João Aveiro foi muito assertivo nas suas palavras que exprimem grande preocupação. O problema é a engrenagem, os cordões umbilicais de interesses, as razões mais substantivas para que o quadro de ilegalidades não seja investigado até ao mais ínfimo pormenor e que, na maioria das vezes, muitas matérias sejam arquivadas e, portanto, em claro benefício dos infractores. Apoio, sem qualquer margem para dúvidas, na ausência de um quadro legal absolutamente rigoroso, o "uso do direito de acção popular, para perseguição judicial de infracções e efectivação de responsabilidades financeiras". Trata-se da saída possível, mesmo que se arraste por infindáveis meses, como uma possibilidade que não pode nem deve ser desprezada. Ainda ontem a Magistrada Drª Maria José Morgado falava de um Código (dois), um para o zé dos anzóis e outro para os de colarinho branco. E quando se sabe que os responsáveis pelo governo regional esconderam 1878 facturas, a questão que se coloca é se esta situação configura ou não sucessivos crimes, se foi levada a cabo pelo zé dos anzóis ou por gente não confiável na administração da coisa pública regional!
Ilustração: Google Imagens.

sábado, 26 de maio de 2012

O CACHORRO E A MATILHA


"Está ali um cachorro a ladrar, mas não lhe liguem". É a pessoa, o ser humano, apelidado de cachorro, porventura de cão vadio, simplesmente porque não o compreende, logo, pensará, coloquem-lhe um açaime! Só que muitos já perceberam que se aquele "cachorro ladrou” foi contra uma matilha que o obriga a comer o pão que o diabo amassou.

De cabeça perdida continua, no adro das igrejas, com um comportamento que pode ser tudo menos cristão. As palavras contra os outros assim explicam: tontinhos, tarados, abutres, mercenários e cachorros foram alguns dos epítetos que destinou aos que se lhe opõem. Alguns desses ataques aconteceram na "festa da cebola", qual metáfora, provocadora de lágrimas, mais de compaixão do que propriamente de riso. Quando alguém, no meio do "eloquente" discurso terá "levantado a voz", não sei se de condenação por aquilo que escutava, do palco ouviu-se o douto pregador: "Está ali um cachorro a ladrar, mas não lhe liguem". É a pessoa, o ser humano, apelidado de cachorro, porventura de cão vadio, simplesmente porque não o compreende, logo, pensará, coloquem-lhe um açaime!
Constituem atitudes que não se conjugam, ser cristão e intolerante, mas isso pouco lhe interessa. Dentro de algumas semanas estará na Sé, no Dia da Região, na primeira fila, assistindo ao Te Deum, ao Hino Litúrgico de acção de graças por mais um ano da sua "dita dura". Porventura, batendo no peito, porque "(...) pequei muitas vezes por pensamentos, palavras, actos e omissões, por minha culpa, minha tão grande culpa (...) e cumprimentado, no momento certo da Celebração, pelo Senhor Dom António Carrilho. Concluído o número da confissão, partirá para outra, para mais adros, mais festas, mais inaugurações, mais palcos de ofensa grotesca. E quem divulga o que diz, mormente, os profissionais da comunicação social, são "mercenários", porque pagos para "escreverem contra nós". Bom seria tê-los a digitar como ele quer, que todos os textos lhe escorressem garganta abaixo como mel, que a opinião fosse unidirecional, que todos cantassem hossanas de alegria pelo homem providencial benfeitor da Madeira. Só que muitos já perceberam que se aquele "cachorro ladrou” foi contra uma matilha que o obriga a comer o pão que o diabo amassou.
Ilustração: Google Imagens.
NOTA: 
Opinião, da minha autoria, publicada na edição de hoje do DN-Madeira.

sexta-feira, 25 de maio de 2012

NÃO ME DEMITO


Em 2007 conseguiu, através da mentira e da deturpação dos factos. Agora, de rastos, sem vintém, com razões que transbordam, quer ali permanecer esquecendo-se que ele é o centro do problema. E então fala da hostilidade dos outros, de Lisboa, claro, do "crescimento do peso maçónico no Estado português", da comunicação social pertença do grupo Blandy, onde se vive uma autêntica saga doentia de pré-guerra civil" de "ódios, ataques e rancores contra a minha pessoa"  dos "empresários da «Madeira Velha», políticos e empregados na comunicação social", do "bando socialista, mais os seus cúmplices na política e "do ataque quase mortífero contra a Zona Franca da Madeira". Verdadeiramente hilariante e doentio!


"Se o objectivo é fazer com que me demita, não o farei", assumiu, em artigo de opinião, o ainda presidente do Governo Regional. Ora, só esta frase trazida à colação, por si só explica que o sentimento que lhe invade é que não tem unhas para esta guitarra. Apenas por uma questão de teimosia, de quem não quer dar o braço a torcer face aos problemas que originou, vem dizer que não se vai embora. Razão tem o líder do PS-M, Victor Freitas, quando traz à memória dos madeirenses a sua demissão em 2007, quando nada fazia prever, quando a crise nem despontava no horizonte. Demitiu-se porque sentiu, na altura, um grande crescimento do PS-M (três dos seis deputados na Assembleia da República eram socialistas) pelo que se agarrou à mentira, ao embuste argumentativo que foi a Lei das Finanças Regionais para ganhar mais quatro anos de poder. E conseguiu-o, através da mentira e da deturpação dos factos. A história e o Tribunal de Contas vieram provar isso mesmo. Agora, de rastos, sem vintém, com a Região falida, com razões que transbordam, quer ali permanecer esquecendo-se que ele é o centro do problema. E então fala da hostilidade dos outros, de Lisboa, claro, do "crescimento do peso maçónico no Estado português", da comunicação social pertença do grupo Blandy, onde se vive uma autêntica saga doentia de pré-guerra civil" de "ódios, ataques e rancores contra a minha pessoa"  dos "empresários da «Madeira Velha», políticos e empregados na comunicação social", do "bando socialista, mais os seus cúmplices na política e "do ataque quase mortífero contra a Zona Franca da Madeira". Até a construção civil, escreveu "é propositadamente atacada por uma política anti-Emprego e anti-Crescimento", como se a culpa fosse de outrem que não dele pelos tresloucados investimentos. E termina o seu artigo de opinião, dizendo "Basta"! 
Basta é o que os madeirenses estão a dizer, cansados de uma lengalenga de muitos anos, de serem utilizados e esmagados por um sistema que qualquer pessoa com um mínimo de leitura e experiência dos acontecimentos determinaria como expectável. Basta, isso sim, de falar da maçonaria, do CINM (os Açores não têm uma zona franca, mas pagam aos fornecedores, em média, a 19 dias e não estão dependentes de ajuda externa), do Blandy e da comunicação social entre outros disparates, porque, faço minhas as palavras da Jornalista Raquel Gonçalves, afinal, se assim é, para que serviu ter uma Assembleia e um governo na Madeira? Trata-se, efectivamente, da questão central. Ora, é preciso que tomemos consciência que, na Madeira, do ponto de vista institucional, a estrutura organizacional quase corresponde a um "país". Será legítimo que, perante uma Assembleia, governo, orçamento próprio, direcções regionais, institutos, directores disto e daquilo, no fim de tudo isto o responsável venha dizer que os responsáveis são a maçonaria, o Blandy e todas as invenções que partem daquele prodigiosa e inconsequente cabecinha? Penso, por isso, que deve ir embora quanto antes e devolver ao povo a responsabilidade pelo futuro da Madeira.
Ilustração: Google Imagens.

DESEMPREGO, POBREZA E O PEIXE QUE MORRE PELA BOCA!


Espatifaram o dinheiro em obras não prioritárias, criaram um monumental buraco nas contas públicas que conduziu a Madeira à ruína. E hoje, face à legião de novos pobres, são necessários "cabazes com géneros alimentares" para matar a fome. Ao ponto que a Madeira chegou e ao ponto que tantos que sofrem terão de passar pela humilhação de ter de receber o equivalente a senhas para bens alimentares. Uma vergonha, quando o que as pessoas precisam é de trabalho justamente remunerado, quando o que precisam é de uma economia sustentável. Trata-se de uma humilhação, repito humilhação, o fim de linha de um governo que não o soube ser. É a caridadezinha de volta, é o círculo vicioso da pobreza a pontificar, é a presença de um governo que continua a chutar para fora os problemas que não foram resolvidos, atempadamente, cá dentro.


Algumas reflexões:
Comissão para estudar o emprego. Decidiu o governo regional da Madeira, na sua última reunião plenária, a criação de uma "comissão de elaboração, acompanhamento e avaliação do Plano Regional de Emprego". Desde logo considero hilariante esta iniciativa. Vou por partes. Na Assembleia Legislativa da Madeira, durante vários anos, todas as propostas dos partidos ali representados no sentido da implementação de comissões e observatórios foram sempre chumbadas pela maioria PSD. Não me ocorre, uma única iniciativa que tivesse sido viabilizada. Todas levaram chumbo. Vem agora o governo criar uma comissão para estudar a problemática do emprego. Só podem estar a gozar com a população desempregada e com aquela que está no fio da navalha. Simplesmente porque é legítimo que se pergunte o que anda o governo a fazer para não ter soluções? Sendo o problema do emprego uma questão multifactorial que começa na política educativa e desenvolve-se pelas políticas económicas e financeiras, o que andam as várias secretarias regionais a fazer para não terem uma opinião sobre esta matéria? Ou será que são cegos, surdos e incapazes de perceberem o que as associações e sindicatos têm vindo a assumir ao longo dos tempos? E para que serve uma comissão quando bloqueiam os debates sobre as questões do (des)emprego na Assembleia Legislativa? Ou será que pretendem seguir a lógica de que enquanto o pau vai e volta folgam as costas? E mais, partindo do princípio que a comissão chega a brilhantes conclusões e naturalmente propostas, onde vão desencantar o necessário dinheirinho para investir, neste período de cofre vazio, de dívidas e mais dívidas a bancos e às empresas? Meus senhores, não brinquem com este povo que está a sofrer por culpa, única e exclusiva, de quem andou para aí a gastar sem rei nem roque! 
O regresso das senhas para produtos alimentares. Como vinha a dizer, espatifaram o dinheiro em obras não prioritárias, criaram um monumental buraco nas contas públicas que conduziu a Madeira à ruína. E hoje, face à legião de novos pobres, são necessários "cabazes com géneros alimentares" para matar a fome. Ao ponto que a Madeira chegou e ao ponto que tantos que sofrem terão de passar pela humilhação de terem de receber o equivalente a senhas para bens alimentares. Uma vergonha, quando o que as pessoas precisam é de trabalho justamente remunerado, quando o que precisam é de uma economia sustentável. Trata-se de uma humilhação, repito humilhação, o fim de linha de um governo que não o soube ser. É a caridadezinha de volta, é o círculo vicioso da pobreza a pontificar, é a presença de um governo que continua a chutar para fora os problemas que não foram resolvidos, atempadamente, cá dentro.
Enfermeiros. Estão a brincar com a Saúde. A dispensa de enfermeiros e a sobrecarga dos que ficam, o corte dos apoios que vinham a ser atribuídos (médicos e enfermeiros), a monumental factura a pagar por encargos assumidos e não pagos, pode vir a redundar em consequências muito graves, desde uma crescente agitação no sector, até aos utentes, agora, penalizados com as "taxas moderadoras". A situação é muito grave e as respostas que estão a ser encontradas apenas vão gerar uma situação de conflito aberto que deveria ser evitado. E sobre as referidas taxas, tenho que dizer que sou totalmente contra. A justiça fiscal faz-se em sede de IRS, isto é, quem mais ganha, mais paga de imposto e quem aufere de baixos salários pouco ou nada paga de imposto. Daí que, sendo a Saúde um direito Constitucional, logo não faz sentido a dupla tributação, isto é, o cidadão pagar em sede de IRS (justiça fiscal e social) e, depois, pagar no acesso a um direito. Ora, a este propósito, ainda ontem ouvi, na RTP, uns comentários absolutamente despropositados, favoráveis às taxas moderadoras. O que tem de existir (e que falhou redondamente) é a organização do sistema de saúde e a educação das pessoas para a saúde, de tal forma que saibam distinguir uma urgência de, por exemplo, caricaturalmente, uma dor na unha do pé.

Pela boca morre o peixe. Li no blogue Fénix do Atlântico (aqui) que o jovem líder da JSD-M tinha chumbado o "exame de código". Acontece a muita boa gente. No texto, escreve Luís Calisto, autor do blogue: "é preciso 'marrar' a modo os calhamaços do trânsito. Porque errar 9 perguntas, como lhe aconteceu, segundo os nossos dados, revela pouco apego aos livros". Ora bem, quero lá saber que o dito tenha chumbado, mas o texto levou-me a uma gargalhada, essencialmente, por dois motivos: primeiro, uma aprendizagem, para saber quanto custa aos outros o chumbo de uma proposta na Assembleia Legislativa da Madeira; segundo, porque compaginei este chumbito com o título de mau gosto do comunicado "Ai, ai burrito", no qual aquela organização ofendeu os dirigentes da JS-Madeira. Pois é, pela boca morre o peixe e deu-me para rir!
Ilustração: Google Imagens.

quinta-feira, 24 de maio de 2012

"VAMOS VENCER LISBOA"


Mete dó o seu arrastar na política. Penso que, neste momento, é um homem em profundo sofrimento, que se esforça por manter uma face de aparente optimismo que convive com uma outra que expressa solidão, agastamento e frustração. Ir à "quinta" deixou de ser um prazer e uma convicção da importância das suas políticas, mas uma obrigação ditada pelo medo de ser afastado por aqueles a quem deu de "comer". Quando, ainda ontem, assumiu que "vamos vencer Lisboa", a frase, para qualquer um com um mínimo de leitura política dos acontecimentos, só pode significar o desespero que lhe percorre o corpo. Mostrou-se, uma vez mais, ser um homem perdido no labirinto que construiu, corroído, amedrontado e apavorado pela monstruosa criatura que gerou e que o devora dia-a-dia. Não passa pela cabeça de ninguém, portador de uma inteligência normal e dotado de racionalidade que, nas circunstâncias em que a Madeira se encontra, face a todos os indicadores disponíveis, aquela frase não seja, por um lado, totalmente inócua, por outro, que não espelhe um sentimento de homem perdido nesta floresta de desencantos políticos, económicos, financeiros, sociais e culturais. 


Sempre nutri pena dos que estão na mó de baixo. Em quaisquer circunstâncias. Mesmo quando, pensando eles que estão na mó de cima, evidenciam comportamentos que apenas demonstram confrangedora fragilidade. Consigo esquecer com alguma facilidade o mal que fizeram ou que fazem. Transporto um sentimento de tolerância herdada, não sei explicar, confesso, que em determinadas circunstâncias só outros me fazem lembrar certo tipo de agressividades e de maldades. Dizia-me um antigo Mestre que um professor deve andar sempre com o apagador na algibeira, porque há que apagar as coisas más da vida para que sobressaiam as boas. Na política esta metáfora tem, em parte, uma certa aplicação. Devemos excluir da actividade política quem mal nos trata e partir para outra. E neste pressuposto o povo tem nas suas mãos a arma que não fere, mas que corrige os processos. Uma arma limpinha quando o povo é de facto superior pela sua cultura, independência e capacidade de visão.
Vem isto a propósito, vou ser claro, do Dr. Alberto João Jardim. É que mete dó o seu arrastar na política. Penso que, neste momento, é um homem em profundo sofrimento, que se esforça por manter uma face de aparente optimismo que convive com uma outra que expressa solidão, agastamento e frustração. Ir à "quinta" deixou de ser um prazer e uma convicção da importância das suas políticas, mas uma obrigação ditada pelo medo de ser afastado por aqueles a quem deu de "comer". Quando, ainda ontem, assumiu que "vamos vencer Lisboa", a frase, para qualquer um com um mínimo de leitura política dos acontecimentos, só pode significar o desespero que lhe percorre o corpo. Mostrou-se, uma vez mais, ser um homem perdido no labirinto que construiu, corroído, amedrontado e apavorado pela monstruosa criatura que gerou e que o devora dia-a-dia. Não passa pela cabeça de ninguém, portador de uma inteligência normal e dotado de racionalidade que, nas circunstâncias em que a Madeira se encontra, face a todos os indicadores disponíveis, aquela frase não seja, por um lado, totalmente inócua e risível, por outro, não espelhe um sentimento de homem perdido nesta floresta de desencantos políticos, económicos, financeiros, sociais e culturais. Mas ele disse-a, convencido que ainda tem um exército atrás de si e que é crescente a sua respeitabilidade. Um exército de eleitores a par de uma obra que gerou a felicidade do povo, pensará. As palavras saem daquela boca sem qualquer contextualização, evidenciando perda da noção da realidade, são ditas entre a euforia e a depressão política, para consumo de alguns, porventura de muita gente que vive, ainda, com gravíssimas lacunas no cruzamento da informação. Parece-me evidente, no estrito comportamento político, é desse a que me refiro, um visível síndrome de pânico, um transtorno que o impele para a luta, para a batalha, para a irracionalidade, ao contrário do que seria desejável, a revisão dos processos, a serenidade, enfim, o discurso da esperança, se ainda é possível tê-la. Pânico que o impede de bater em retirada, preferindo "morrer" no campo dessa batalha que ninguém deseja, porque dizimadora da esperança em tempos melhores. 
O seu anúncio de saída do quadro europeu, dessa Europa que, através de Portugal, possibilitou muitos milhões para os investimentos públicos que garantiram inaugurações, com pompa e circunstância, milhões que garantiram votos, tal posição, sem qualquer sentido, nos meus débeis conhecimentos sobre a natureza dos comportamentos, explicam o transtorno e a fragilidade deste homem que chefia o governo da Madeira. Como se tal fosse possível ou desejável, como se fosse aceitável, no estado de pobreza e de dependência, morder a mão de quem deu e dá de comer. Mas as palavras e os conceitos são disparados, perante plateias incrédulas, de faces carregadas e de colunas vergadas, não acreditando no que escutam. "Tenho um plano traçado e que, obviamente, como acredito no meu plano, estou disposto a derrotar e a afastar todos os que se atravessarem no meu caminho", disse. E já complementou esta frase: "Aprendi uma coisa na política (…), os amigos dos meus inimigos, meus inimigos são, os inimigos dos meus inimigos meus amigos são. E disto eu não saio". Ora, quando um político, depois de 36 anos de poder absoluto, frontalmente, assume posições desta natureza, revela medo do "day after", não sei porquê, mas por alguma razão será, sobretudo, demonstra um estado de fragilidade política que chega a ser de comiseração. Quando um homem se arrasta pelos corredores do poder, gritando com tudo e com todos, quando perde a noção que o seu tempo político terminou, denuncia que está em sofrimento e que coloca em sofrimento quem nele apostou. É pois tempo dos "inimigos dos seus inimigos" lhe dizerem, abertamente: "Senhor Presidente, já ultrapassou o seu tempo!", aliás como é expressão normal utilizada no Parlamento.
Ilustração: Google Imagens.

quarta-feira, 23 de maio de 2012

O PARADOXO: TAXAS MODERADORAS NO DECORRER DA "SEMANA DA SOLIDARIEDADE"


Só a teimosia, a negação das evidências, os ouvidos de mercador e a subserviência do grupo parlamentar do PSD estão na origem de um sistema que está de rastos, com médicos e enfermeiros a serem dispensados, a esmagadora maioria mal pagos e insatisfeitos, com uma sistemática carência de consumíveis absolutamente necessários, um clima organizacional de cortar à faca, dívidas a fornecedores que ultrapassam os 1000 dias para liquidação das facturas, um hospital velho, perigoso e remendado, uma população que depois de três décadas ainda é incapaz de perceber e avaliar o que é uma urgência de uma constipação, portanto, perante a aflição de um cofre vazio, o que estavam à espera? Que a Autonomia funcionasse? Não, com a corda ao pescoço, infelizmente, têm de "obedecer" e as taxas são o corolário de tudo o que não fizeram no sistema de saúde. Por tudo isto e muito mais, deixem-se de comunicados que, no essencial, constituem areia para os olhos das pessoas.


Duas notas:
Primeira: Para quê tantos comunicados do governo sobre as taxas moderadoras? Há taxas e ponto final! Se é para estes e não para aqueles, isso é pouco relevante. A verdade é que assumiram que, na Madeira, não seriam aplicadas e foram. Portanto, mentiram, aldrabaram, armaram-se em fortes quando sabiam que tinham de "obedecer" ao acordo. De resto, este episódio nem constitui novidade tantas as promessas feitas e que serviram, apenas, para  ludibriar a população e ganhar as últimas eleições, mesmo que "à rasquinha". Ora, isto só está a acontecer pelas despesas tresloucadas que fizeram ao longo de muitos anos. E já que o assunto é SAÚDE, o comum dos cidadãos tem o direito de perguntar, por exemplo, como é que foi possível chegar a 14.500 cirurgias em espera? O que andou este governo a fazer durante trinta e seis anos? Então o sistema de saúde não foi regionalizado? E o que fizeram para que este problema fosse esbatido?
Ora, só a teimosia, a negação das evidências, os ouvidos de mercador e a subserviência do grupo parlamentar do PSD estão na origem de um sistema que está de rastos, com médicos e enfermeiros a serem dispensados, a esmagadora maioria mal pagos e insatisfeitos, com uma sistemática carência de consumíveis absolutamente necessários, um clima organizacional de cortar à faca, dívidas a fornecedores que ultrapassam os 1000 dias para liquidação das facturas, um hospital velho, perigoso e remendado, uma população que depois de três décadas ainda é incapaz de perceber e avaliar o que é uma urgência de uma constipação, portanto, perante a aflição de um cofre vazio, o que estavam à espera? Que a Autonomia funcionasse? Não, com a corda ao pescoço, infelizmente, têm de "obedecer" e as taxas são o corolário de tudo o que não fizeram no sistema de saúde. Por tudo isto e muito mais, deixem-se de comunicados que, no essencial, constituem areia para os olhos das pessoas.
Segunda: As infra-estruturas "reforçam a coesão social", assumiu ontem o Senhor Deputado Savino Correia, no decorrer da designada "Semana da Solidariedade" iniciativa do GP do PSD-M. 
Senhor Deputado, quanto enganado está (!). Pelo contrário, devido à loucura de muitas obras desnecessárias, devido à "fúria inauguracionista", hoje, é precária a coesão social a todos os níveis de análise. O facto de ser construída uma estrada de ligação a um sítio recôndido, tal não significa, por si só, que exista coesão social. O Senhor Deputado deveria olhar para o equivalente a três Estádios dos Barreiros completamente cheios de desempregados, olhar para a pobreza e para a exclusão social (80.000 = 30% da população), olhar para os 30.000 com pensões de miséria e sem qualquer compensação inscrita no Orçamento Regional, olhar para os idosos e para as crianças sem futuro, olhar para todos os indicadores estatísticos e aí concluirá, interrogando-se, onde está a VERDADEIRA coesão social! Onde? Quando temos dívidas por pagar na ordem dos oito mil milhões (incluindo as PPP) que vão hipotecar o futuro durante mais de 25 anos? Ademais, o Senhor Deputado teve azar, pois veio falar de coesão social precisamente no dia que se ficou a saber da implementação das "taxas moderadoras". Que grande paradoxo em plena "semana da solidariedade". Finalmente, a expressão "coesão social" não se mede por uma estrada ou pela existência de uma piscina? É muito mais do que isso. E o Senhor Deputado sabe. Não convém assumir, não é verdade?
Ilustração: Google Imagens.

NÃO AO ACORDO ORTOGRÁFICO. UMA NOTÁVEL ENTREVISTA COM A DRª MARIA DO CARMO VIEIRA.


Sobre a Língua Portuguesa: "Vivemos uma barbárie doce, onde deixam falar mas não ligam. Os portugueses vendem-se e, neste acordo, venderam-se! A Língua não se decreta, por isso o acordo tem de ser suspenso! Temos que ser dignos e desobedecer" - Maria do Carmo Vieira.

Não constituiu a minha área de estudo, mas isso não me impossibilita de ter uma opinião. Ora bem, desde a primeira hora, o ACORDO ORTOGRÁFICO sempre me deixou apreensivo. Precisamente porque, repito, não sendo especialista, percebi que a herança científica da Língua estava a ser vendida. Porém, cheguei a acreditar que seria irreversível. Por isso "alinhei", comprando os livros necessários à compreensão das novas regras. E fui fazendo, aos poucos, as actualizações, escrevendo e consultando, sistematicamente, o prontuário. Entretanto, sempre com dúvidas, fui buscando outras opiniões, até que ouvi a Drª MARIA DO CARMO VIEIRA, cuja entrevista aqui deixo para reflexão. Certo é que, até onde for possível, continuarei a escrever como aprendi. Mas, caro leitor, siga esta entrevista, porque ela é do maior interesse. (08.05.2012 - Programa NÓS E A ESCOLA)

terça-feira, 22 de maio de 2012

O JUIZ IRINEU BARRETO REPÕE A VERDADE


(...) A minha opinião pessoal é que espero que, um dia, de uma maneira ou de outra, a Região possa render homenagem a um homem que dignificou o país, dignificou a Região" (...) 

Por várias vezes, neste espaço, assumi posições de crítica política ao Senhor Representante da República na Madeira, Juiz Irineu Barreto. Tenho o dever, agora, de enaltecer as suas palavras relativamente ao falecimento do Juiz Desembargador João Manuel Martins, irmão dos ex-Deputados Padre Martins Júnior e Dr. Bernardo Martins. A propósito do chumbo do PSD-M, na Assembleia Legislativa, de um voto de pesar pelo falecimento daquela ilustre figura madeirense, o Senhor Representante foi claro:  "(...) A minha opinião pessoal é que espero que, um dia, de uma maneira ou de outra, a Região possa render homenagem a um homem que dignificou o país, dignificou a Região" (...) "Em Maputo, tive oportunidade de verificar o prestígio que ele usufruía" (...) "ele teve um funeral de Estado em Moçambique que lhe prestou essa homenagem. Espero que, um dia, seja possível a Região também prestar-lhe a homenagem que merece". 
Perante esta lúcida posição, apenas lamento a ignorância e a maldade altifalante por parte de quem teve o desplante de chumbar um voto de pesar. Parabéns, Senhor Representante da República, pela oportuna intervenção que revela a importância do voto apresentado. Podem "brincar" com os vivos, mas respeitem os mortos, a memória pela importância do seu labor profissional.
Ilustração: Google Imagens.

O GRAU ZERO DO DEBATE POLÍTICO



O que mais me preocupa não é o teor do comunicado baixo e reles, mas sim a caraterização de uma juventude que se comporta no debate político com os velhos e, muitas vezes, ordinários hábitos dos mais velhos da política doméstica. Uma juventude que não consegue marcar a diferença pela positiva, apenas dá a entender que prefere um copy-past das atitudes que os madeirenses estão fartos e cheios. E isso é que me parece negativo, pois se essa forma de atuar deu alguns frutos eleitorais, consequência de algumas circunstâncias, também é verdade que esse foi chão que deu uvas. Se esse é o perfil dos futuros políticos da Madeira, na oposição ou no poder, o povo certamente dirá: estamos conversados, passem bem, se, porventura, faltava uma "fotografia" do que realmente são, aquele vergonhoso comunicado acabou por dizer tudo. 


Uma coisa é o direito de réplica, outra, a ofensa infame e ordinária. O líder da JS-Madeira escreveu um artigo de opinião e, a espaços, teceu considerações de teor político relativamente ao líder da JSD-Madeira. Em causa estavam declarações produzidas por este sobre a autodeterminação da Madeira. O líder da JSD-M não gostou e, com todo o direito, não se sentindo confortável, ripostou. Nada de especial no debate político, mesmo que a resposta fosse dura e apimentada. Só que a resposta não se enquadrou ao nível do vigor e das convicções. Baixou até ao grau zero. Eu diria até, baixou a um plano extremamente negativo e inqualificável. Ao líder da JS-Madeira, o jovem da JSD-M que pensa ter as costas largas, não se ficou pela elegância da resposta que só o prestigiaria e zás, vomitou ódio, sarcasmo cruel, coitado, digo eu, se naquele instante mordesse a língua, certamente morreria com o veneno expelido. Tudo com palavras impróprias que extravasam os limites do debate político. Bem fez o líder da JS que leu e respondeu com ponderação. 
Bom, mas o que mais me preocupa não é o teor do comunicado baixo e reles, mas sim a caraterização de uma juventude que se comporta no debate político com os velhos e, muitas vezes, ordinários hábitos dos mais velhos da política doméstica. Uma juventude que não consegue marcar a diferença pela positiva, apenas dá a entender que prefere um copy-past das atitudes que os madeirenses estão fartos e cheios. E isso é que me parece negativo, pois se essa forma de atuar deu alguns frutos eleitorais, consequência de algumas circunstâncias, também é verdade que esse foi chão que deu uvas. Se esse é o perfil dos futuros políticos da Madeira, na oposição ou no poder, o povo certamente dirá: estamos conversados, passem bem, se, porventura, faltava uma "fotografia" do que realmente são, aquele vergonhoso comunicado acabou por dizer tudo. 
Mas há também um aspeto que emerge e que me deixa com um calafrio espinha acima como soe dizer-se. É que não há naquela hierarquia política, mesmo considerando a autonomia das organizações, alguém, mais velho, mais sensato, mais adulto e maduro nos comportamentos que diga NÃO, assim, NÃO. Alguém que chame à atenção, que ajude a educar politicamente, que impeça atitudes que se repercutam, negativamente, nos jovens desta terra. Ingenuidade minha, com certeza! Isso seria pedir demais, quando, todos os dias, os mais velhos, os que que têm responsabilidades governativas, particularmente, o presidente do governo, tem, no seu ativo, um rol de ofensas grotescas no plano regional e nacional. Que o digam os vários primeiros ministros e o próprio Senhor Silva, hoje Presidente da República. Ora, uma juventude que imita os erros graves do "chefe", que não consegue discernir que esse é um caminho cada vez mais anedótico, obviamente, que me parece condenada.  
Ilustração: Google Imagens.

segunda-feira, 21 de maio de 2012

SEMANA DA SOLIDARIEDADE? POR FAVOR, TENHAM VERGONHA.


São essas mesmas pessoas que hoje, afogadas em porcaria social até ao pescoço, aflitas perante a crescente onda de contestação, levam a efeito a "semana da solidariedade", hipocritamente, admitem a existência de "pobreza extrema e exclusão" e, com uma distinta lata política, falam das dez cantinas sociais que serão abertas e das instituições de solidariedade social que são "braços armados" da política do governo no combate à fome. Mete-me dó este tipo de pessoas que se vendem por um prato de lentilhas. Pessoas que conseguem enaltecer a política do governo regional quando, se o desastre social está aí, apenas se deve à péssima governação do PSD-Madeira. Não se trata de uma governação de uma legislatura, mas de uma governação, com maioria absoluta, durante 36 anos consecutivos. Se há desemprego, se há fome, se há pobreza e exclusão social, se há dívidas até ao céu da boca e se há empresas a definhar, outros não podem ser culpados, nem os governos da República, mas quem esta terra governou. O PSD-M teve tudo, maioria política, dinheiro, muito dinheiro, só que as estratégias não foram as corretas. Estratégias que, ao contrário de construírem uma terra de paz e de felicidade, geraram uma terra assimétrica e de enormes desequilíbrios a todos os níveis.


Há pessoas para todo o tipo de comportamento. Falam e escrevem sem qualquer coerência e sem memória. O que ontem era a verdade, indiscutível, insofismável, hoje, enterram os pensamentos, as palavras ditas e apresentam-se com novas roupagens, com um discurso maquilhado, como se ninguém tivesse presente o que foi dito em nome da defesa de uma política que deu no que deu. Vociferaram, espumaram, ofenderam, gritaram contra todos quantos alertaram para a pobreza, para as carências de uma população que dia a dia ia sendo esmifrada, espoliada nos seus direitos e encostada à parede por clara ausência de políticas autónomas geradoras de necessários equilíbrios. Pessoas que chumbaram propostas, umas atrás das outras, que negaram audições, boicotaram inquéritos, subiram ao palanque da Assembleia Legislativa para pregar a palavra do "vigia da quinta" e para ocultar a realidade que milhares já estavam a sentir na pele. Bastaria andar por aí com olhos não partidários, bastaria ter presente os desabafos, o desenho da economia e das finanças, as megalómanas obras, as dívidas, as caraterísticas do sistema educativo e o quadro da formação profissional, para além do analfabetismo, ou melhor, de um crescente número de pessoas sem instrução, para concluírem que o buraco, não apenas o financeiro, mas o buraco da pobreza estava a aumentar e a tornar-se incontrolável. Apesar disso,  mandava a liturgia partidária que tudo fosse negado. Por falta de inteligência? Digo eu, não, por falta de respeito por si próprios e cega obediência ao "chefe", o tal que determina quem ocupa os lugares no hemiciclo. 
São essas mesmas pessoas que hoje, afogadas em porcaria social até ao pescoço, aflitas perante a crescente onda de contestação, levam a efeito a "semana da solidariedade", hipocritamente, admitem a existência de "pobreza extrema e exclusão" e, com uma distinta lata política, falam das dez cantinas sociais que serão abertas e das instituições de solidariedade social que são "braços armados" da política do governo no combate à fome. Mete-me dó este tipo de pessoas que se vendem por um prato de lentilhas. Pessoas que conseguem enaltecer a política do governo regional quando, se o desastre social está aí, apenas se deve à péssima governação do PSD-Madeira. Não se trata de uma governação de uma legislatura, mas de uma governação, com maioria absoluta, durante 36 anos consecutivos. Se há desemprego, se há fome, se há pobreza e exclusão social, se há dívidas até ao céu da boca e se há empresas a definhar, outros não podem ser culpados, nem os governos da República, mas quem esta terra governou. O PSD-M teve tudo, maioria política, dinheiro, muito dinheiro, só que as estratégias não foram as corretas. Estratégias que, ao contrário de construírem uma terra de paz e de felicidade, geraram uma terra assimétrica e de enormes desequilíbrios a todos os níveis. E vão pagar por isso, pela sobranceria e pelo quero, posso e mando. O resto, o que dizem os deputados nesta "semana da solidariedade" é treta, é conversa fiada! Os pobres, mais cedo do que tarde, vão-lhes dizer como é.
Ilustração: Google Imagens.

domingo, 20 de maio de 2012

AJJ - O MENSAGEIRO DA DESGRAÇA

EXPRESSO: UMA ILHA À BEIRA DO NAUFRÁGIO


O horror da pobreza espalhada e multiplicada e desde sempre escondida, a pobreza da postura na vida política daqueles que têm responsabilidades diretas e indiretas e que são incapazes de levantarem a voz e de se posicionarem contra esta gente que luta até ao fim por um naco de poder, a vergonha dos milhares que têm de estender a mão à caridade, mesmo aqueles que ainda tendo trabalho, são pobres porque enredados em dívidas, a vergonha que sentem os mais jovens em idade escolar, onde lhes falta um pouco de tudo, a vergonha dos estudantes universitários que deixam a sua formação por falta de meios, a vergonha sentida pelos jovens casais que entregam a casa e regressam à habitação dos pais, o medo de sair à rua, abrir a boca e gritar bem alto, BASTA, o medo do futuro, enfim, vive-se uma Região "à beira do naufrágio", é verdade.


A reportagem "Uma ilha à beira do naufrágio", publicada na revista do Expresso desta semana, onde é equacionada a "pobreza, a vergonha e o medo na Madeira", não veio acrescentar nada ao já conhecido. Aliás, as seis páginas de texto, são redundantes no conhecimento básico da situação e, portanto, muito distantes do verdadeiro caos que está instalado. Mas, confesso, senti vergonha, apesar da verdade, ao ver a minha terra exposta no semanário com uma tiragem média superior a 115.000 exemplares. O melhor da reportagem está na foto de capa onde o presidente do governo aparece com a mão na cara tapando os olhos. A força desse instantâneo diz tudo, mesmo a quem não conhece, em pormenor, a realidade destas tristes e enclausuradas ilhas atlânticas.
"Pobreza, vergonha e medo" constitui uma boa síntese. O horror da pobreza espalhada e multiplicada, embora desde sempre escondida, a pobreza da postura na vida política daqueles que têm responsabilidades diretas e indiretas e que são incapazes de levantarem a voz e de se posicionarem contra esta gente que luta até ao fim por um naco de poder, a vergonha dos milhares que têm de estender a mão à caridade, mesmo aqueles que ainda tendo  trabalho, são pobres porque enredados em dívidas, a vergonha que sentem os mais jovens em idade escolar, onde lhes falta um pouco de tudo, a vergonha dos estudantes universitários que deixam a sua formação por falta de meios, a vergonha, a vergonha sentida pelos jovens casais que entregam a casa e regressam à habitação dos pais, o medo de sair à rua, abrir a boca e gritar bem alto, BASTA, o medo do futuro, enfim, vive-se uma Região "à beira do naufrágio", é verdade. 
Ora bem, a reportagem do jornalista Micael Pereira aflora o conhecido e, apesar dos meus constrangimentos, não deixo de dizer que estas seis páginas de texto acabam por ser importantes, enquanto eco de uma situação que o País deve conhecer. Faltaram, sublinho, outras seis páginas a contar a história de como até aqui a Madeira chegou. A história dos orçamentos regionais, a história dos monopólios, a história das riquezas, umas de crescimento exponencial e outras mal explicadas, a história do controlo de toda a sociedade, desde a família que vive em sítio mais recôndito até ao sistema empresarial, passando por todo o associativismo, a história da megalomania das obras sem sentido e de um fartar vilanagem ao longo de várias décadas, a verdadeira história do Centro Internacional de Negócios da Madeira, a história de um parlamento que não fiscaliza nada nem ninguém, entre outras, a história comparativa entre a Região Autónoma da Madeira a a Região Autónoma dos Açores. Mas mesmo com estas lacunas, a reportagem poderá servir para o Presidente da República, depois do seu périplo pelo Oriente, ler e atuar. Só que, com toda a certeza, não o irá fazer. Continuará a assobiar para o lado, sabe-se lá porquê! Da mesma forma se comportará o Governo da República, mais preocupado com a cega imposição da austeridade, doa a quem doer, do que com a fome dos portugueses do Continente e dos portugueses que residem na Região. Porém, convencido estou, que tarde ou cedo, virão por aí adentro, para apagar o "fogo" que está a ser ateado. Poderá ser tarde demais, porque a angústia está a atingir os limites do insuportável para milhares de famílias.
Ilustração: Google Imagens.

sábado, 19 de maio de 2012

DESCONTO DE 100% EM CARTÃO


E perante este baixo instinto político que busca, até no futebol, o mais primário da ignorância, os outros que conseguem ver o tabuleiro do jogo onde ele se movimenta, os outros, é que são "canalhas". Já aqui transcrevi uma frase de Lucien Romier (1885/1944) cheia de ironia: "uma equipa de futebol por cada mil habitantes e o problema social está resolvido". A frase tem muito que se lhe diga e basta ligá-la a António de Oliveira Salazar com a defesa da "Família, Fátima e Futebol", na lógica de "pobrezinhos mas honrados" ou "remendados mas limpos". E o futebol que se discute em todas as esquinas constitui um poderoso meio para esquecer as coisas sérias, as dificuldades das famílias, os erros políticos, o desastre social do desemprego. Salazar também disse que "beber vinho é dar de comer a um milhão de portugueses". Para o caso pode ser "poncha" em função das declarações do presidente do governo terem sido produzidas em Câmara de Lobos! Simplesmente porque isso pode ajudar a esquecer o seu velho governo de 36 anos.


As declarações do presidente do governo regional da Madeira assemelham-se aos descontos do Pingo Doce e do Continente: temos de conceder 50% ou 25% de desconto. Certo é que esse desconto fica em cartão e um dia será cobrado. Assumiu que "em trinta e tal anos nunca andei a vos esconder nada" e que, na sua opinião, o que dizem os que o "odeiam" não é para levar a sério, porque fazem parte de uma gente desprezível, isto é, pertencem aos "canalhas". Aqui, pessoalmente, a quem o comprar tenho de conceder 100% de desconto. Leve de borla o produto, entretenha-se com ele, pois o que ficou recentemente demonstrado e assumido pelo próprio é que o governo escondeu largos milhões nas contas da Região e, por isso, entre outras causas mais remotas, estamos todos aí a pagar os custos de um plano de ajustamento financeiro. Não foi o povinho que escondeu a dívida e não foram os "canalhas" que trouxeram a Madeira a este ponto de dependência externa face ao estrangulamento interno. Não foram aqueles que politicamente o "odeiam" que são os culpados pelo desastre económico, financeiro e social. Metaforicamente, assumo que, nesta "venda", não estou a fazer "dumping", apenas a vender com 100% de desconto por tratar-se de um produto cujo prazo de validade está no limite. Alguém que fique com ele e que o leve para casa.
É claro que ele sabe onde fala e para quem fala. Conhece a idiossincrasia do povo, conhece os níveis de analfabetismo político entre outros analfabetismos, sabe que pode assumir num curto espaço de vinte e quatro horas, sobre o mesmo assunto, versões diferentes. E se ontem disse o que disse, hoje, na festa da cebola, ao descascar o seu discurso (se lá for, claro, pois poderá ser a vez do inefável MAC), poderá "chorar" na lógica do "ajudei-vos, ajudem-me" contra aqueles que me "odeiam", contra os "canalhas" da política que não querem que o povo ande "prà frente, sempre"!
É espantosa esta forma de exercer o poder. Sou do Marítimo, mas quero que hoje o Bairro da Argentina ganhe a Taça da Madeira de Futsal, simplesmente porque está a falar para as gentes daquele bairro. E surgiram os aplausos do povinho, aplausos que escondem o que ele na realidade pretende no plano político. E perante este baixo instinto político que busca, até no futebol, o mais primário da ignorância, os outros que conseguem ver o tabuleiro do jogo onde ele se movimenta, os outros, é que são "canalhas". Já aqui transcrevi uma frase de Lucien Romier (1885/1944) cheia de ironia: "uma equipa de futebol por cada mil habitantes e o problema social está resolvido". A frase  tem muito que se lhe diga e basta ligá-la a António de Oliveira Salazar com a defesa da "Família, Fátima e Futebol", na lógica de "pobrezinhos mas honrados" ou "remendados mas limpos". E o futebol que se discute em todas as esquinas constitui um poderoso meio para esquecer as coisas sérias, as dificuldades das famílias, os erros políticos, o desastre social do desemprego. Salazar também disse que "beber vinho é dar de comer a um milhão de portugueses". Para o caso pode ser "poncha" em função das declarações do presidente do governo terem sido produzidas em Câmara de Lobos! Simplesmente porque isso pode ajudar a esquecer o seu velho governo de 36 anos.
Bom, mas estou para aqui a falar de Salazar quando deveria estar a escrever sobre Jardim. Será que bate certo ou será mera coincidência?
Ilustração: Google Imagens.