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quarta-feira, 14 de novembro de 2012

GREVE GERAL


Não gostaria de assistir a momentos de violência, mas sei, pela História, mesmo "um povo de brandos costumes" quando atinge o limite do suportável alguma coisa acontece. E pode acontecer! É ofensivo e palerma dizer-se que o povo "aguenta, aguenta". Só pode assim pensar quem dispõe de milhões e é insensível à dor dos outros. Há um patamar de dignidade mínima que não pode ser ultrapassado. E já foi. Há cada vez mais pobres, cada vez há mais gente com dificuldades de alimentar a família, sobem a olhos vistos as angústias e depressões, sabe-se que as instituições de solidariedade social não têm meios para acudir a tanta necessidade e, perante isto, a questão é esta: o que fazer? Cruzar os braços ou dar um grito bem audível junto de quem tem a responsabilidade política de procurar soluções? Então não é possível renegociar, então não é possível cumprir os compromissos em prazo mais ajustável às possibilidades do País? Pode-se "matar" um povo, sacrificá-lo, sem um pingo de sentimento, no altar dos interesses de gente sem rosto? O drama das famílias portuguesas poderá explodir e isso deve ser evitado, custe o que custar. Quem muito tem pode esperar, os que nada têm não podem adiar a fome para amanhã! O problema reside aqui.


 
Um pouco por tudo isto, do meu ponto de vista, justifica-se uma greve geral. Uma greve de alerta. Alguns perguntarão para quê, se tudo tenderá a ficar na mesma? Outros, dirão, que um dia sem salário ainda piorará a situação das famílias. Compreendo e bem. Todavia, a verdade, é que se todos seguirem as declarações (infelizes) do Senhor Cardeal Patriarca, D. José Policarpo, que se manifestou contra as grandes manifestações, até porque temos um governo legítimo, bom, a pensar assim, porque se conhece o comportamento deste governo que confunde maioria absoluta com poder absoluto, então, julgo eu, só se poderá esperar que tomem o freio nos dentes e continuem a apertar o povo. Há, de facto, "uma linha que separa a austeridade da imoralidade", que Janeiro fora será um sofrimento para todos os que não contribuiram para isto, com os substanciais aumentos de impostos e com o agressivo corte nos direitos sociais. As empresas não vão suportar, as falências vão acontecer, o desemprego vai continuar a crescer, a pobreza entrará em roda livre, as escolas vão sentir, como nunca, a insuficiência de meios para cumprirem os seus projectos educativos, o sistema de saúde, apesar de toda a boa vontade dos seus profissionais, tenderá para uma situação aflitiva (se hoje os pacientes já levam medicamentos para o hospital, imagino o que acontecerá nos próximos tempos), o significativo desconforto existente entre os militares, bom, não quero ser nem dramático nem um militante pessimista, mas algo de bom não se vislumbra. Não sei quem, mas ouvi algures que muitos portugueses, os que estão no activo e os aposentados, só tomarão consciência da realidade quando tiverem na mão o recibo de Janeiro e tiverem de pagar as contas ao longo do mês de Fevereiro.
Não gostaria de assistir a momentos de violência, mas sei, pela História, mesmo "um povo de brandos costumes" quando atinge o limite do suportável alguma coisa acontece. E pode acontecer! É ofensivo e palerma dizer-se que o povo "aguenta, aguenta". Só pode assim pensar quem dispõe de milhões e é insensível à dor dos outros. Há um patamar de dignidade mínima que não pode ser ultrapassado. E já foi. Há cada vez mais pobres, cada vez há mais gente com dificuldades de alimentar a família, sobem a olhos vistos as angústias e depressões, sabe-se que as instituições de solidariedade social não têm meios para acudir a tanta necessidade e, perante isto, a questão é esta: o que fazer? Cruzar os braços ou dar um grito bem audível junto de quem tem a responsabilidade política de procurar soluções? Então não é possível renegociar, então não é possível cumprir os compromissos em prazo mais ajustável às possibilidades do País? Pode-se "matar" um povo, sacrificá-lo, sem um pingo de sentimento, no altar dos interesses de gente sem rosto? Pode-se admitir que mais de dez mil crianças passem fome? O drama das famílias portuguesas poderá explodir e isso deve ser evitado, custe o que custar. Quem muito tem pode esperar, os que nada têm não podem adiar a fome para amanhã! O problema reside aqui.
Por isso, eu que não tenho memória de nunca ter deixado de fazer greve por causas que se me afiguraram justas, entendo que este momento é de luta, como demonstração inequívoca que o caminho deste governo não é correcto. Não apenas o do governo da República, mas o do governo da Região Autónoma da Madeira. Governantes da Região que através de "investimentos" tresloucados conduziram a Região à falência económica, financeira, social e cultural. E que, por isso mesmo, por culpa única e exclusiva sua, venderam a AUTONOMIA, ajoelharam os madeirenses, deixaram-no frágil e hipotecado até à medula. A greve é também contra essa gente oportunista que se serviu e pouco ou nada deu. Exacto, pouco ou nada deu, simplesmente porque quando há dinheiro empreiteiros não faltam! E que empreiteiros! Serviram-se da política, não foram e nunca souberam ser estadistas. Nunca pensaram na geração seguinte, mas na eleição seguinte. A greve, repito, é também contra esses políticos que confundem, intencionalmente, crescimento com desenvolvimento.
Ilustração: Arquivo próprio.

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