O que me parece é que começou a caça às bruxas. Um assunto interno que deveria ser resolvido no momento e através do telefone interno, acaba por ter uma expressão pública que denuncia que há gente no fio da navalha. Aliás, o PSD é assim, tem a sua matriz, tem que sentir o controlo sobre tudo e sobre todos, é um partido que 36 anos depois, velho e gasto, denuncia uma clara tendência para, diariamente, não governar e apenas apertar os parafusos e as porcas do sistema que se vão soltando. Cuidem-se... vem aí a caça às bruxas!
"A página da Biblioteca da Assembleia no Facebook é de carácter institucional e não pode servir para as pessoas debaterem assuntos pessoais e outros. Está a ser feito o inquérito e não tem nada de drama", assumiu o Presidente da Assembleia Legislativa da Madeira, a propósito da Drª Isabel Reis, bibliotecária da ALRAM, ter feito um comentário, julgo que favorável, enquanto apoiante do Dr. Miguel Albuquerque. É evidente que a página de facebook é institucional e, portanto, constitui um deslize da Senhora em causa que não terá medido as consequências da sua atitude. Só que esta situação, quando analisada em pormenor, tem muito que se lhe diga. Desde logo ela reflecte um sentimento generalizado que, uma vez no poder, tudo é possível, mesmo quando esse poder é ínfimo. Sabe-se que é assim, só que esse "tudo é possível" é válido se se increver nas hossanas ao "chefe". E se aquela atitude de utilização abusiva do facebook, segundo me apercebi, destinou-se a uma alegada promoção de um candidato, pergunto, quantas atitudes abusivas existem na utilização dos sítios da Internet da responsabilidade do governo? Quantas? Há artigos de opinião, comentários ao que é publicado na comunicação social, situações de clara promoção dos membros do governo, enfim, há de tudo um pouco em claríssima apropriação de meios que deveriam ser utilizados para não "debaterem assuntos pessoais e outros". E vou mais longe, não será grave, por exemplo, os ofícios, propostas e projectos dos grupos parlamentares entrarem nos serviços da Assembleia e, passadas umas horas, estarem escarrapachados num blogue pessoal assinado por aquele que era o seu próprio Chefe de Gabinete? Dir-se-á, bom, mas o blogue tem natureza privada. Pois bem, aceito, mas não é esse o problema. O problema é que é (era) divulgado, isto é, assistiu-se durante muitos anos a um aproveitamento de uma situação de informação privilegiada para, não raras vezes, comentá-las. Situação que foi motivo de uma exposição que eu próprio assinei, enquanto líder do grupo parlamentar e que de nada valeu. Não estava e não está em causa a pessoa, mas o comportamento. E o Jornal da Madeira? O que é este órgão senão um aproveitamento abusivo para descarada propaganda de um partido e de um grupo de pessoas, condenado por várias instâncias e que, recentemente, serviu de meio de afirmação de uma candidatura? Que processos de inquérito foram feitos e que consequências disciplinares aconteceram? Zero, simplesmente porque, nesses casos, como antigamente os ofícios terminavam, foram e são feitos "A Bem da Nação".
Ora, o que me parece é que começou a caça às bruxas. Um assunto interno que deveria ser resolvido no momento e através do telefone interno, acaba(ou) por ter uma expressão pública que denuncia que há gente no fio da navalha. Aliás, o PSD é assim, tem a sua matriz, tem que sentir o controlo sobre tudo e sobre todos, é um partido que 36 anos depois, velho e gasto, denuncia uma clara tendência para, diariamente, não governar e apenas apertar os parafusos e as porcas do sistema que se vão soltando.
Ilustração: Google Imagens.
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