O que está em causa é a supressão de quatro mil milhões até 2014, o que implicará, dizem, a necessidade de um corte nas grandes funções sociais e obrigatórias do Estado. Todavia, o que é cada vez mais clara é a fúria jamais vista de desmantelamento do Estado e uma acção privatizadora ao gosto de uma gentinha gulosa que por aí anda. Se pudessem, privatizariam todo o Estado. Ainda ontem, no "Prós e Contras" da RTP 1, chegou a ser patética a posição de Aguiar-Branco, assumido porta-voz do governo, em defesa da privatização de sectores como a educação e a saúde, através de argumentos frágeis e que não contemplam todas as variáveis. Como é que este sujeito chegou a ministro? Dir-se-á que arranjam umas frases e uns números, escondem o miolo do problema, agitam a sua ideologia enquanto bandeira política, mas deixam um rasto de incoerências sem fim. Porque a questão é esta: se determinado sector é bom para o sector privado por que razão não será bom para o sector público? Uma coisa é melhorar os sistemas do ponto de vista organizacional, o que implica preocupações de racionalização, a existência de rigor, disciplina e desburocratização nos actos gestionários e administrativos, outra é o Estado demitir-se das suas funções, inclusive, constitucionais, entregando a outros aquilo que esses outros, na ânsia do lucro relativamente fácil, sobretudo despedimentos e mão-de-obra barata, acabam por limitar direitos. Coloca-se, ainda, uma segunda pergunta: se o objectivo é privatizar tudo ou quase tudo, que razões sustentam o pagamento de impostos, esta brutal carga fiscal, este constante surrupiar a já de si magra carteira dos portugueses?
O ministro da Defesa, Aguiar-Branco, desde há muito que dispara sem ter presente o outro lado das suas declarações. Algumas vezes, até, comprometendo o governo a que pertence. Ontem saiu-se com esta: "(...) Não há imposição do FMI para reestruturar as Forças Armadas. O que há é um trabalho de avaliação para ajudar a melhorar a gestão" (...) O que se passa é uma assessoria para ajudar a fazer avaliação global do que tem sido a gestão nas diversas vertentes no âmbito do ministério. E fazer e propor alguns ajustamentos que sejam adequados para uma gestão mais eficiente". Este tipo de declarações que, aliás, é comum a outros ministros, têm o condão de irritar qualquer português defensor da respeitabilidade nacional. Somos uma Nação, temos uma identidade, temos quadros notáveis em todas as áreas do conhecimento, por que raio precisamos que uns quaisquer senhores entrem por aí dentro e venham dizer como é que se faz? Ou melhor, como querem que isto se faça? O ministro em causa e os outros que ajoelham a Nação a essas nebulosas instituições, nem conta se dão que tal "ingerência", disfarçada de "assessoria", traz consigo o rótulo da incompetência do(s) ministro(s) que se deixa(m) enlear nessa tramóia, nesse pensamento externo conducente aos grandes interesses ideológicos descortináveis por detrás do biombo.
O que está em causa é a supressão de quatro mil milhões até 2014, o que implicará, dizem, a necessidade de um corte nas grandes funções sociais e obrigatórias do Estado. Todavia, o que é cada vez mais clara é a fúria jamais vista de desmantelamento do Estado e uma acção privatizadora ao gosto de uma gentinha gulosa que por aí anda. Se pudessem, privatizariam todo o Estado. Ainda ontem, no "Prós e Contras" da RTP 1, chegou a ser patética a posição de Aguiar-Branco, assumido porta-voz do governo, em defesa da privatização de sectores como a educação e a saúde, através de argumentos frágeis e que não contemplam todas as variáveis. Como é que este sujeito chegou a ministro? Dir-se-á que arranjam umas frases e uns números, escondem o miolo do problema, agitam a sua ideologia enquanto bandeira política, mas deixam um rasto de incoerências sem fim. Porque a questão é esta: se determinado sector é bom para o sector privado por que razão não será bom para o sector público? Uma coisa é melhorar os sistemas do ponto de vista organizacional, o que implica preocupações de racionalização, a existência de rigor, disciplina e desburocratização nos actos gestionários e administrativos, outra é o Estado demitir-se das suas funções, inclusive, constitucionais, entregando a outros aquilo que esses outros, na ânsia do lucro relativamente fácil, sobretudo despedimentos e mão-de-obra barata, acabam por limitar direitos. Coloca-se, ainda, uma segunda pergunta: se o objectivo é privatizar tudo ou quase tudo, que razões sustentam o pagamento de impostos, esta brutal carga fiscal, este constante surrupiar a já de si magra carteira dos portugueses?
Bem faz o líder da oposição Dr. António José Seguro em afastar-se desta pouca-vergonha, deste saque e desta gente por quem não se pode ter um mínimo de confiança. É sensível o facto de quererem levar para o redil dos seus interesses o maior partido da oposição para, mais tarde, jogarem à cara o seu envolvimento. Tenho presente o que aconteceu com o pedido de apoio externo, sujeito a um determinado memorando acordado entre o PS, o PSD e o CDS. O comportamento posterior do governo eleito tem ido sempre para além do memorando primeiro, mas continuam a dizer que o PS o assinou e, portanto, é cúmplice. Não interessa o que fazem no segredo dos gabinetes e nos "negócios" com a troika, fundamental é continuar a dizer que o PS assinou. Mas, assinou o quê? A primeira, a segunda, a terceira, a quarta versão? Qual? Não dou, por isso e pelas declarações diárias, qualquer benefício da dúvida. Este governo já demonstrou que não é de confiança, que está claramente vendido e rendido aos interesses de fora, que desrespeita a Nação e que é incapaz de resolver uma situação gerada e criada fora do País, resolvê-la, claro, com responsabilidade e em defesa da dignidade do Povo português.
Ilustração: Google Imagens.
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