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segunda-feira, 5 de novembro de 2012

DERRAPAGEM JÁ VAI EM 255 MILHÕES DE EUROS


A proposta do CDS-PP de um "governo de emergência regional", fosse qual fosse a sua configuração, não só não tem viabilidade política como não faz qualquer sentido. Trazer para o seio de um governo, dito de "emergência", quem tem a totalidade da responsabilidade política pelo desastre a que se chegou, traz no seu bojo duas leituras: primeiro, que não é alternativa a coisa nenhuma; segundo, por extensão, a manifestação pública de um incontido desejo de reproduzir na Madeira a coligação assumida na República. E, portanto, neste quadro, onde acresce a claríssima incapacidade do governo do Dr. Jardim para negociar seja o que for, absolutamente bloqueado por uma economia e finanças de rastos, sem alento e qualquer rasgo de alguma inovação geradora de esperança, repito, num quadro destes, um governo não pode ser uma espécie de albergue espanhol, daí que, o que melhor se me afigura é a consulta aos eleitores através de programas devidamente estruturados. Em democracia é assim e tudo o que desse âmbito saia não me parece credível e ajustado. Note-se, tenha este governo sido eleito há um ano!  


Continuo a defender que, quanto mais tempo estes senhores do PSD-M estiverem no poder, pior será para a população da Madeira. Dir-se-á que este governo foi legitimado por eleições legilativas regionais há um ano, pois, é verdade que sim, mas a conjuntura regional, em permanente declínio, aconselha uma nova consulta ao Povo da Região clarificadora de quem está em melhores condições para assegurar a governação neste momento muito complexo que a Região atravessa. 
De todo, é minha convicção que o PSD-Madeira está completamente esgotado no plano político e, como se isso não bastasse, completamente dividido como demonstraram as recentes eleições internas. Dali se pode extrair a imagem não de dois partidos, mas de três, quatro ou cinco conforme os apetites de liderança que, aliás, são do domínio público e que surgirão em tempo devido. Estou convencido que, tarde ou cedo, eles saltarão e devorar-se-ão depois de 36 anos de poder ininterrupto. Por outro lado, aquela proposta do CDS-PP de um "governo de emergência regional", fosse qual fosse a sua configuração, não só não tem viabilidade política como não faz qualquer sentido. Trazer para o seio de um governo, dito de "emergência", quem tem a totalidade da responsabilidade política pelo desastre a que se chegou, traz no seu bojo duas leituras: primeiro, que não é alternativa a coisa nenhuma; segundo, por extensão, a manifestação pública de um incontido desejo de reproduzir na Madeira a coligação assumida na República. E, portanto, neste quadro, onde acresce a claríssima incapacidade do governo do Dr. Jardim para negociar seja o que for, absolutamente bloqueado por uma economia e finanças de rastos, sem alento e qualquer rasgo de alguma inovação geradora de esperança, repito, num quadro destes, um governo não pode ser uma espécie de albergue espanhol, daí que, o que melhor se me afigura é a consulta aos eleitores através de programas devidamente estruturados. Em democracia é assim e tudo o que desse âmbito saia não me parece credível e ajustado. Note-se, tenha este governo sido eleito há um ano! 
Sobre esta matéria, em 23 de Maio de 2009, defendi, em texto aqui publicado, quando o quadro, sendo grave, não era aquele que hoje temos pela frente, a necessidade de um "governo de salvação regional", todavia, fora dessa lógica em que parece assentar a proposta do CDS/PP designada por "governo de emergência regional". Em 2009, salientei:
"(...) O problema, portanto, não está, do meu ponto de vista, na insistência na obra de natureza pública, porque essa é tendencialmente finita face às limitações espaciais da Região. O que se torna necessário é alterar o paradigma em que assenta a nossa economia. E nesse quadro levamos um atraso de muitos anos, simplesmente porque o sistema educativo regional falhou totalmente, não inovou, não gerou mentalidades e competências para um mundo que não se confina à lógica da argamassa e do funcionário público (esse tempo há muito que acabou), porque esbanjaram muitos milhões em obras e em injustificáveis apoios sem retorno nem económico, nem social nem cultural, porque falharam na cultura de exigência e de qualidade, porque viveram para dentro e não olharam para além do horizonte visual, porque não criaram equilíbrios entre a oferta e a procura, porque destruíram os sectores produtivos e apostaram, apenas na monocultura do turismo e porque deixaram milhares entrarem no ciclo vicioso da pobreza e da exclusão social. Quando aqui se chega e quando o objectivo continua a ser o de ganhar eleições e não o de desenvolver um povo inteiro, sinceramente, começo a recear pelos próximos anos ou décadas.
Caminhamos para a necessidade de um "governo de salvação regional". Com cofres lisos, montanhas de facturas por pagar, empresários aflitos, desemprego a crescer, uma população maioritariamente sem capacidade para reagir, pergunto, como pensam resolver este quadro? Basta de blá, blá e de ofensas dirigidas aos outros... expliquem, direitinho, a toda a gente, as soluções? (...)".
Passaram-se mais de três anos e o problema global está substancialmente agravado. O quadro elaborado pelo deputado do PS-Madeira, Dr. Carlos Pereira, publicado na edição de hoje do DN-Madeira que aqui reproduzo (texto integral aqui), é elucidativo do descalabro financeiro que necessita, urgentemente, de um poder político tecnicamente conhecedor e com capacidade de negociação junto do governo da República. O CDS/PP recupera uma sua posição de Maio passado face à qual escrevi: "Na edição de hoje, 28.05.2012, do DN-M li o conteúdo das declarações do líder do CDS/PP. Com que então um governo de salvação com a participação do PSD!!! Uma figura de consenso. Levaram 36 anos a criar problemas e, depois, o CDS chama-os para continuar no poder. Essa, NÃO. Bem eu perguntava ontem, governo de salvação, com quem? O PSD tem de ser colocado na oposição por largos anos. E ponto final".
Em todo este processo de conjugação da falência política, económica, social e cultural, processo que se arrasta sem que o Presidente da República demonstre a mínima preocupação, em um momento de desespero de milhares de famílias a braços com um galopante desemprego e de um tecido empresarial completamente estrangulado, a democracia deverá funcionar, devolvendo a palavra aos eleitores para que eles assumam, através do voto, a melhor proposta para a Madeira. A Madeira tem de recuperar a sua Autonomia, tem de (re)negociar um plano para as suas dívidas e tem de encontrar um paradigma de desenvolvimento que não assente, apenas, no cimento e no alcatrão! Quanto ao "governo de emergência", não, obrigado! Quem aqui nos trouxe tem de ser julgado, primeiro, nas urnas, depois, se for esse o caso, nos Tribunais.
Ilustração: Google Imagens.

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