Sente-se o "bombo da festa", mas continua agarrado como lapa ao poder, aos 70 anos de idade e com 34 de governação ininterrupta. Ao limite de mandatos, a lei deveria impôr o limite de idade. Como não o faz, o próprio, por uma questão de bom senso, de respeito por si próprio e pelos outros, deveria sair pelos seus próprios meios.
Todos nós com a idade perdemos audição! |
Duas Notas:
Primeira: Conversa de Presidente: "(...) o marido bate na mulher, a culpa é do Alberto João, a sogra não grama a nora, a culpa é do Alberto João e por aí abaixo. Eu estou farto de ser o bombo da festa".
Não imagino um qualquer outro político, por aí fora, credível, a dizer aquilo. É uma conversa de chacha e sem nível. Mas, percebo a intenção que se esconde por detrás do biombo das palavras ditas. E essa é a intenção da desresponsabilização, de quem é presidente para inaugurar e não para governar, de quem apenas deseja ver e sentir os holofotes sobre a sua imagem imaculada e não a divulgação dos espinhos e erros da governação. É o tipo de sujeito que assume que tudo o que aqui está bem feito fui eu que fiz, os erros pertencem aos outros, aos que não querem trabalhar, por exemplo, à Administração Pública criadora de "dificuldades", que amarra processos, que deita areia na engrenagem do senhor que manda! Não é a primeira vez que este tipo de conversa mole acontece. Mas a verdade é que passou todos estes anos auto-definindo-se como "único importante", assumiu sempre "eu fiz isto... eu fiz aquilo, mas na hora do aperto e da responsabilização, a culpa é sempre dos outros, de Lisboa, de Bruxelas e agora, porque lá ninguém lhe dá ouvidos, a culpa passou aos trabalhadores da Administração Pública. Eles é que são os culpados pelo desastre das suas políticas, pelo enorme buraco financeiro, pela situação de catástrofe do sector do turismo, pela pobreza, pelos 16.767 analfabetos, pelo desemprego e por aí fora. Sente-se o "bombo da festa", mas continua agarrado como lapa ao poder, aos 70 anos de idade e com 34 de governação ininterrupta. Ao limite de mandatos, a lei deveria impôr o limite de idade. Como não o faz, o próprio, por uma questão de bom senso, de respeito por si próprio e pelos outros, deveria sair pelos seus próprios meios.
Na Madeira, por exemplo, foi divulgado que cerca de 6000 alunos repetem o ano, o que significa, numa média de € 3.500,00 por aluno (ano perdido, mais o da repetência), que estamos face a um desperdício anual superior a dez milhões de euros. Mas o ministro Nuno Crato e o secretário da Educação Jaime Freitas, dispensam professores, ao contrário de reorganizar o sistema no sentido do combate ao insucesso.
Segunda: Diz o Ministro da Educação que cada aluno do 5º ao 12º ano custará, no próximo ano, cerca de € 4.011,00. Este é outro tipo de conversa mole na esteira da reforma das ditas "funções do Estado" e no quadro de um tendencial convencimento público que a privatização do sistema educativo será o caminho preferível. Porque lá diz o inefável ministro das finanças que há que garantir apenas "o Estado Social que os portugueses querem ter e que podem pagar". Trata-se de uma engrenagem discursiva quase perfeita, não deixasse bem visível vários rabos de fora. O ministério atira aquele número, mas não diz quanto custa cada aluno no sector privado (o Banco de Portugal publicou, há dias, uns números que não conjuga todas as variáveis do processo) e quanto é que cada aluno paga para lá se inscrever; atira o número mas não refere a situação de fragilidade económica e financeira da esmagadora maioria da população que impõe a necessidade de elevados encargos com a acção social educativa; não integra o primeiro ciclo do ensino básico, substancialmente de menores custos, para então fazer uma média do investimento por aluno ao longo dos doze anos de escolaridade; finalmente, entre muitas outras variáveis, o ministério passa ao lado da Constituição da República (a Educação enquanto direito dos portugueses) e dos substanciais impostos que todos pagamos para que esse direito se cumpra.
Mais valia que o Ministro Nuno Crato fizesse as contas aos encargos que resultam dos alunos que não transitam de ano (as repetências que conduzem ao abandono e os efeitos a prazo na economia), por deficiências organizacionais e de investimento no sistema. As contas estão feitas desde o tempo da ex-ministra Maria de Lurdes Rodrigues, cujo encargo rondava os 3 a 4 mil euros, isto é mais de 740 milhões de euros por ano). Na Madeira, por exemplo, foi divulgado que cerca de 6000 alunos repetem o ano, o que significa, numa média de € 3.500,00 por aluno (ano perdido, mais o da repetência), que estamos face a um desperdício anual superior a dez milhões de euros. Mas o ministro Nuno Crato e o secretário da Educação Jaime Freitas, dispensam professores, ao contrário de reorganizar o sistema no sentido do combate ao insucesso. Em 01 de Agosto de 2010 escrevi um texto a este propósito (A Cultura do Chumbo) que pode ser aqui lido.
Ilustração: Google Imagens.
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