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quinta-feira, 26 de março de 2015

COMO SE PODE SER CANDIDATO A PRESIDENTE DO GOVERNO SEM UM PROGRAMA?


A pergunta faz todo o sentido. Se não existe programa, não existe candidato. Ou, então, o pseudo candidato é um bluff, porque sabe onde está, não sabe onde quer chegar e não consegue definir os passos que tem de dar para lá chegar. Parece-me óbvio. Um povo que vota em fumo não tem legitimidade para, mais tarde, se queixar. O programa eleitoral, apesar de muitas vezes constituir uma grosseira mentira (atente-se no que disse Passos Coelho antes do acto eleitoral e o que depois fez), obriga o candidato a vincular-se, responsabilizar-se e, mais tarde, responder pelos seus actos, omissões e incumprimentos. Votar pela aparência corresponde à negação do essencial da democracia. Nem nas escolas, para uma simples associação de estudantes, tolera-se a inexistência de um programa de candidatura. De Miguel Albuquerque não sei o que pensa (ou se calhar sei), porque apenas li, não um documento de generalidades, mas de absolutas banalidades.


Tenho em mão um info-mail que me chegou à caixa de correio. Três linhas para a Educação: "1. Melhorar a qualidade do ensino, em diálogo com os professores, técnicos de educação, pais e alunos; 2. Combater o abandono escolar; 3. Alargar os apoios às famílias na aquisição dos manuais escolares e nos apoios sociais". Ora, isto são banalidades no quadro da complexidade do sistema educativo. Não diz rigorosamente nada. Escutei ontem um aluno que, a propósito do dia do estudante, foi de longe mais incisivo sobre o sector educativo. Não vou muito longe, pormenorizando, mas que pensará o candidato do PSD, Miguel Albuquerque, sobre a questão de raiz autonómica e constitucional: "um País três sistemas"? E, neste quadro, quais as traves-mestras de uma política educativa a montante (nas famílias) e a jusante (nos estabelecimentos de educação e ensino) para os próximos anos? E o que é pensa sobre o investimento na Educação Pública  relativamente à privada? Ora, se não há um programa nada se poderá concluir. As linhas para o sector educativo são aquelas e, nos outros sectores, a vulgaridade das palavras constrange. Dir-se-á que estamos no domínio de um vazio conceptual e numa clara navegação à vista. No domínio do cheque em branco. Interessa é repetir uns chavões, consolidar a ideia da diferença de invólucro num produto com defeito de fabrico, tentar ganhar no meio da ignorância altifalante e garantir os lugares para a clientela. Tanto assim é que, em muitos serviços públicos, já falam deste para ali e aquele para acolá. Pouca-vergonha.
Ilustração: Google Imagens - Blogue 

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