Era intenção dos dirigentes do Partido Nova Democracia colocarem um balão (dirigível), com diversas inscrições de natureza política (PND voa mais alto" e "Olho na ladroagem"), a atravessar o arraial partidário promovido ontem pelo PSD-Madeira. Mas a excelente imaginação do ponto de vista político ficou por terra. Desconhecido(s), segundo a comunicação social, aplicaram três tiros e lá se foi o balão.
Não quero nem esse é o meu interesse tecer qualquer consideração sobre a iniciativa do PND. Não deixo de dizer, no entanto, que se tratou de uma actividade com imaginação que através de um investimento não muito significativo (penso eu), atingiria 30 ou 40.000 participantes no arraial. O que me leva a escrever são os tiros, nada mais. Isso é que a todos deve preocupar.
Há muito que reflicto sobre as consequências de uma mudança de orientação política na Madeira. E a leitura que faço é que o poder regional, maioritário há mais de trinta anos, não está preparado para ser oposição e respeitar as regras da Democracia. Aquela que hoje é oposição, essa, pelo contrário, é a minha mais profunda convicção, assumirá responsabilidades e não terá tentações de vingança e de perseguição. Será tolerante. Há sinais que provam isso. Do mesmo já não estou certo sobre a reacção daqueles que hoje formam a maioria ao perderem as responsabilidades governativas. Penso que não estão preparados para serem oposição. Também há sérios sinais que sustentam a minha convicção. A eventual perda de privilégios, dos jogos de influência e, portanto, o sentirem-se afastados do poder, grande ou pequeno, poderá redundar em situações de instabilidade, conflitualidade e até de sabotagem. É muito provável que isto venha a acontecer.
Por múltiplas razões torna-se importante o exercício pleno da Democracia. A "alma" da Democracia reside na alternância e quando assim é interpretado o poder é sempre considerado efémero. Quando isso não acontece, tendencialmente, emergem as situações extremas oriundas daqueles que nunca conheceram o que é ser oposição. Há gente que exerce o poder que nunca fez outra coisa na vida. A saída do poder constituirá, por isso, uma ameaça à sua própria estabilidade.
Por esta e outras razões entendo, enquanto cidadão, que um povo inteligente concede quatro anos para governar; quando se portam bem, mais quatro, NUNCA mais do que oito. A acomodação ao poder, os interesses que esse poder gera e as raízes que cria acabam sempre por se tornar negativos para a estabilidade e paz social. Ademais, a alternância, em princípio, é sinónima de inovação, de criatividade e de melhor governação. Na alternância não se corre o risco da rotina e dos abusos de poder.
Os tiros no balão constituem um sério aviso. Será de bom senso começar a assumir este tipo de preocupações para esbater a intolerância que por aí vai.
NOTA:
Segunda a Agência LUSA, "o PSD/Madeira anunciou hoje que vai processar criminalmente os responsáveis pelo lançamento de um objecto voador perto do local onde decorria, domingo, a festa anual do partido no Chão da Lagoa.
Em comunicado distribuído no Funchal, os sociais-democratas madeirenses adiantam que esta participação judicial "engloba entidades que tenham subscrito qualquer autorização para o efeito".
Foto transcrita do blogue "Pravda lhéu"
Em comunicado distribuído no Funchal, os sociais-democratas madeirenses adiantam que esta participação judicial "engloba entidades que tenham subscrito qualquer autorização para o efeito".
Foto transcrita do blogue "Pravda lhéu"
9 comentários:
o ps-m não deve tolerar frases não políticas como ´olhos na ladroagem´, de meninos ricos, nem blogs anónimos criminosos cheios de mentiras.
mas é isto o que temos.
Obrigado pelo seu comentário.
Evidentemente que tem razão. Por esse mesmo motivo sublinhei: "não quero nem esse é o meu interesse tecer qualquer consideração sobre a iniciativa do PND". Como é lógico e faz parte da minha maneira de estar na política, implicitamente, está o tipo de propaganda feita. Mas também temos de convir que a iniciativa, por si só, revela imaginação.
Também tem razão quando sublinha a sua reacção aos blogues anónimos. Tanto assim é que eu, para além da foto, coloco o meu nome e assumo tudo o que escrevo. Detesto o anonimato.
O meu comentário versou, fundamentalmente, a parte dos "tiros", segundo dizem, de caçadeira, e a interpretação que faço de uma certa intolerância que por aí anda. Isso preocupa-me e a todos nos deve preocupar independentemente de posições político-partidárias. Estou certo que concordará comigo.
Senhor professor
Quem, para além dos mesmos do costume, é que ouviu tiros ou deu tiros para se fazerem ouvir?
Leia com bons olhos as contradições daquilo que foi dito, incluso com pormenores de armas ilegais, e perceberá, que esta é mais uma golpada dos queques. E você ainda cai nisso. Francamente.
Obrigado pelo seu novo comentário.
Eu não caí em nada. Apenas comentei o que foi transmitido pela comunicação social. Se houve tiros ou não, se foi de caçadeira ou de qualquer outro tipo de arma, como compreenderá não sei. Eu não vi, portanto, não posso testemunhar.
Relativamente à apreciação aos comportamentos das pessoas e dos respectivos partidos, nunca foi e não será agora que os vou tecer considerações. Reservo-as para mim. Gosto de discutir política e não as pessoas. Essas, respeito-as.
Srº Professor.
Para além dos "tiros",o comunicado do PPd é bem ilucidativo.Os gajos realmente não estão preparados para um dia serem oposição.Continuam a amedrontar tudo o que lhes façam frente,por tudo e por nada é os tribunais que resolvem ou vão resolver.Afinal onde pára o confronto politico que é o pilar da democracia?Enfim...deixemos o "rebenho dos PPDs" ir "pastando" à vontade,até um dia!
Cumprimentos
Anda a ler imprensa que confunde casos do dia com política!!!
Eu gosto de debater a política de forma séria, respeitando os pontos de vista dos outros. Respeito, por isso, os seus pontos de vista mas espero que aceite a leitura que faço dos processos. A vivência democrática assim exige, elevação no debate e respeito bilateral. Digo-lhe isto, porque sei o que leio.
Ademais, não sei com quem falo e, portanto, dou por finalizado o diálogo.
Três tiros na Liberdade!
Caro André Escórcio
Admiro a sua paciência(que ultrapassa todos os limites da tolerância democrática)na vã tentativa de estabelecer um diálogo sério com o "anónimo de serviço"(o tal que aconselha o ps-m a não dar guarida a anónimos!!!).
Quem esteja minimamente atento ao comportamento, dos que se apoderaram do poder, ao longo das últimas três décadas,sabe muito bem que as regras e a lisura democráticas só se aplicam, e exigem, à Oposição.
Gente mal formada,mais não merece que um soberano desprezo.
Feliz,embora tardiamente,os Partidos(com excepção das esfarrapadas, e oportunistas, atitudes do CDS e do MPT)começaram a adoptar a única posição consentânea com um falso e pseudo-interlocutor.
Pena é que a ridícula, e miserável, imagem, transmitida para o exterior,englobe todos os que nasceram, ou sentem como sua, esta parcela portuguesa no Atlântico.
A História,porém,não deixará de colocar, nos seus precisos termos,os responsáveis, no lugar que merecem.
Um abraço.
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