Estou de regresso. Para trás deixei a Finlândia. Da Escandinávia (alargada: Suécia e Noruega, mas também a Dinamarca e a Finlândia) faltava-me ver, sentir e perceber, tanto quanto possível, o povo, a sua cultura e a estrutura política finlandesa.
Sinceramente, gostei e disso fui fazendo um relato diário neste blogue. Independentemente de outros aspectos muito mais profundos e que tentarei aqui desenvolver sempre que a propósito vier, gostei deste povo, pela sua serenidade, respeito, cordialidade e atitude cívica. Na Finlândia tudo parece estar no lugar certo. Não há uma sofreguidão pelo crescimento e desenvolvimento insustentáveis. Podem, obviamente que sim (qual o país que não tem) ter os seus problemas, mas o que ressalta, a quem visita e por ali permanece algum tempo, é a sensação de bem-estar económico, social e cultural. Há disciplina e rigor, certamente conquistados pela compreensão das pessoas, mas consequência também de numa altíssima qualidade do seu sistema educativo. Isso é sensível na relação com as pessoas, no quotidiano desde as grandes às pequenas cidades.
Com uma densidade populacional relativamente baixa, de 17 habitantes por km2 (5 milhões de habitantes), com 3/4 de floresta (ouro verde), 190.000 lagos e 180.000 ilhas, a Finlândia tinha todas as possibilidades de se tornar mais um país igual aos outros, isto é, de usurpação e destruição do espaço para dar lugar ao crescimento desenfreado. Pelo contrário, é sensível visível um enorme respeito pela natureza e uma mentalidade que admite que o desenvolvimento humano é possível quando assente em princípios e valores que olhem o Homem como o centro de todas as políticas.
Em média, conduzi cerca de 300 km por dia por estradas de dois sentidos e por algumas (poucas) auto-estradas. A principal autoestrada é a que liga Helsínquia a Turku. Não há (não senti) na Finlândia esta paranóia pela via rápida, pela auto-estrada e pelo andar depressa. Há respeito pela sinalização, pelos 40, 50, 60, 80, 100 ou 120 km/hora. E se o indicado é 60 km/hora, genericamente, há respeito na velocidade e em guardar as distâncias entre veículos. Entre um vermelho e um verde não pressenti que um mais apressado me tivesse apitado, dito algum palavrão ou gesto impróprio. Não vi polícias na rua (possivelmente não andam fardados) nem homens e mulheres na limpeza urbana. E as cidades estão limpas. Nos supermercados não vendem bebidas alcoólicas. Estas estão reservadas com condicionamento no acesso a espaços "Alko". Vi muita gente, de todas as idades, nas ciclovias no interior das cidades mas também nos percursos em ciclovia, ao lado das estradas, ora pedalando, ora patinando ou apenas caminhando ou correndo.
Olhei para os painéis publicitários das lojas de venda de imobiliário. Fiquei com o sentimento que as casas são, genericamente, mais baratas do que por aqui. Não existe ordenado mínimo nacional mas, disse-me uma recepcionista, que € 1.000,00 é considerado um salário baixo. A contratualização é feita caso a caso e dentro do mesmo ramo podem existir diferenças. Nos supermercados a oferta é diversificada. Tanto se encontra, por exemplo, fruta de qualidade, toda a € 1,00/kg como se pode, em outros, encontrar a mesma qualidade muito mais cara. A rede de oferta é ampla com predominância, nos preços, para os supermercados LIDL. Isto para sublinhar que para além de, mensalmente, auferirem muito mais, podem fazer uma vida com qualidade e a custos baixos. Evidentemente que quem se senta num restaurante sente a diferença mas isso, também é sensível, logo que se entra no aeroporto de Lisboa. Eu que, quando viajo, não entro em restaurantes (e por aqui é muito raro) obviamente que pouco me interessam os menus e os respectivos preços.
Voltarei com mais alguns aspectos desta minha descoberta em terras da Finlândia.
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