A pérola tende a pechisbeque, o cantinho do céu, paulatinamente, transforma-se, para muitos, em um inferno diário.
Este lá foi. Menos um na esperança que se renova no início de cada ano. Lá foi, como nunca nesta jovem, anã e magrizela democracia regional, envolto em novos dramas sociais, em enormes sufocos financeiros, em preocupantes endividamentos públicos, em falências empresariais e atrasos no pagamento de salários, no galopante desemprego, na triplicação do crédito mal parado, na crise do turismo, nos fraquíssimos e comprometedores resultados da Educação, em duas dezenas de suicídios conhecidos e no que isso significa de sofrimento social, enfim, este lá foi, mas pior, ainda, é que 2010 não constituirá a desejada janela de esperança para todos os que decidiram aqui viver. A pérola tende a pechisbeque, o cantinho do céu, paulatinamente, transforma-se, para muitos, em um inferno diário consubstanciado em angústias sem fim. Os 80.000 pobres, entre os quais 30.000 pensionistas que auferem menos que o salário mínimo, tanta gente que por aí anda a mastigar o pão que o diabo amassou, tantos da ex-classe média em agonia, sem saber que rumo dar à vida e aos filhos, todos olham para o lado e contemplam, desesperadamente, a obra e a argamassa de um discurso político falacioso que não lhes devolve o mínimo para sobreviverem com dignidade. Nesta cadeia, qual paradoxo, muitos, ofendidos nos seus direitos, infelizmente, ainda batem palmas, como se esta coisa da política e dos partidos valesse o mesmo que ser um sofredor pelo clube da terra. Bateram-se e libertaram-se da colonia, mas não se apercebem que continuam a conviver com novos colonos que utilizam sofisticadas estratégias adaptadas ao tempo do nosso tempo.
Nem o tempo do calendário litúrgico, voltado para a espiritualidade e para os valores consegue romper este círculo vicioso, na palavra do Dr. Fernando Nobre (AMI), no sentido de ultrapassar os "mortíferos egoísmos, a indiferença, a intolerância e a ganância (…) fazendo-nos compreender o seu completo não senso". Nem este tempo de reflexão Espiritual "conduz para o valor mais sublime: a solidariedade activa para com o nosso irmão mais infeliz, último nome de Amor". Fernando Nobre falava de um Mundo em guerra. Mas o seu texto aplica-se a outros tipos de "guerra" onde a aparente felicidade esconde montanhas de problemas por resolver aqui mesmo ao nosso lado. Aquelas quatro palavras: egoísmo, indiferença, intolerância e ganância, conjugam-se no cenário do nosso palco de vida diário. Foi assim ao longo de 2009 e continuará apesar dos votos que, solenemente, amanhã, ao cair do pano, hipócrita e rotineiramente, serão enunciados pelos novos senhorios. Há egoísmo quando se olha para a obra física e não se olha para a libertação do Homem; quando, na palavra de Aristóteles, não existe amor por nós próprios, "mas uma desvairada paixão por nós próprios" ou quando se deseja que "os outros vivam como nós queremos" (Oscar Wilde) ao negarem uns míseros € 50,00 de complemento de pensão a quem nada tem. Há indiferença quando se suporta bem o mal dos outros, quando há desumanidade e quando se atinge um baixo grau na liberdade. Há intolerância quando se nega a opinião e se utiliza de forma cega o Parlamento, fugindo ao debate aberto, aos olhos de todos, sobre as questões que a todos dizem respeito. Há ganância quando o ter engole o ser à custa da insaciável tendência para espezinhar e explorar, de forma inteligente, os mais fracos. Na nossa terra, à luz de muitos indicadores, o discurso político está contaminado por aquelas quatro palavras. Compete-nos, em 2010, removê-las abrindo espaço para a solidariedade, para o amor e para o desenvolvimento.
Este lá foi. Menos um na esperança que se renova no início de cada ano. Lá foi, como nunca nesta jovem, anã e magrizela democracia regional, envolto em novos dramas sociais, em enormes sufocos financeiros, em preocupantes endividamentos públicos, em falências empresariais e atrasos no pagamento de salários, no galopante desemprego, na triplicação do crédito mal parado, na crise do turismo, nos fraquíssimos e comprometedores resultados da Educação, em duas dezenas de suicídios conhecidos e no que isso significa de sofrimento social, enfim, este lá foi, mas pior, ainda, é que 2010 não constituirá a desejada janela de esperança para todos os que decidiram aqui viver. A pérola tende a pechisbeque, o cantinho do céu, paulatinamente, transforma-se, para muitos, em um inferno diário consubstanciado em angústias sem fim. Os 80.000 pobres, entre os quais 30.000 pensionistas que auferem menos que o salário mínimo, tanta gente que por aí anda a mastigar o pão que o diabo amassou, tantos da ex-classe média em agonia, sem saber que rumo dar à vida e aos filhos, todos olham para o lado e contemplam, desesperadamente, a obra e a argamassa de um discurso político falacioso que não lhes devolve o mínimo para sobreviverem com dignidade. Nesta cadeia, qual paradoxo, muitos, ofendidos nos seus direitos, infelizmente, ainda batem palmas, como se esta coisa da política e dos partidos valesse o mesmo que ser um sofredor pelo clube da terra. Bateram-se e libertaram-se da colonia, mas não se apercebem que continuam a conviver com novos colonos que utilizam sofisticadas estratégias adaptadas ao tempo do nosso tempo.
Nem o tempo do calendário litúrgico, voltado para a espiritualidade e para os valores consegue romper este círculo vicioso, na palavra do Dr. Fernando Nobre (AMI), no sentido de ultrapassar os "mortíferos egoísmos, a indiferença, a intolerância e a ganância (…) fazendo-nos compreender o seu completo não senso". Nem este tempo de reflexão Espiritual "conduz para o valor mais sublime: a solidariedade activa para com o nosso irmão mais infeliz, último nome de Amor". Fernando Nobre falava de um Mundo em guerra. Mas o seu texto aplica-se a outros tipos de "guerra" onde a aparente felicidade esconde montanhas de problemas por resolver aqui mesmo ao nosso lado. Aquelas quatro palavras: egoísmo, indiferença, intolerância e ganância, conjugam-se no cenário do nosso palco de vida diário. Foi assim ao longo de 2009 e continuará apesar dos votos que, solenemente, amanhã, ao cair do pano, hipócrita e rotineiramente, serão enunciados pelos novos senhorios. Há egoísmo quando se olha para a obra física e não se olha para a libertação do Homem; quando, na palavra de Aristóteles, não existe amor por nós próprios, "mas uma desvairada paixão por nós próprios" ou quando se deseja que "os outros vivam como nós queremos" (Oscar Wilde) ao negarem uns míseros € 50,00 de complemento de pensão a quem nada tem. Há indiferença quando se suporta bem o mal dos outros, quando há desumanidade e quando se atinge um baixo grau na liberdade. Há intolerância quando se nega a opinião e se utiliza de forma cega o Parlamento, fugindo ao debate aberto, aos olhos de todos, sobre as questões que a todos dizem respeito. Há ganância quando o ter engole o ser à custa da insaciável tendência para espezinhar e explorar, de forma inteligente, os mais fracos. Na nossa terra, à luz de muitos indicadores, o discurso político está contaminado por aquelas quatro palavras. Compete-nos, em 2010, removê-las abrindo espaço para a solidariedade, para o amor e para o desenvolvimento.
Nota:
Opinião da minha autoria publicada na edição de hoje do DN-Madeira.
Fotos: Google Imagens.
2 comentários:
Excelente artigo que sintetisa e desmascara a podridão que é a governação desta terra e do novo riquismo,onde os desgraçados continuam a ser ainda mais desgraçados enquanto outros se pavoneiam "à grande e à Francesa".Aproveito para lhe desejar um óptimo fim de ano, muitas felecidades para o novo ano de 2010 e que não lhe falte esta Garra.Cumprimentos.
Muito obrigado pelo seu texto e pela sua simpatia.
Um bom ano para si e todos os seus.
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