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segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

SITUAÇÃO DRAMÁTICA NA MADEIRA (VII)

Uma foto publicada na edição on-line do Jornal PÚBLICO mostra a quantidade de entulho que foi arrastado para a zona mais baixa do Funchal. Esta foto reporta-se a uma rua circundante do Mercado dos Lavradores. Impresionante.
Tenho-me lembrado do desastre de Vargas, na Venezuela, em Dezembro de 1999. Passada uma semana, em representação do Grupo Parlamentar do e da Direcção do Partido Socialista, parti para Caracas onde tive a possibilidade de visitar toda a zona devastada pela fúria das águas que arrastou pedras e lamas, derrubando tudo o que apanhou pela frente e gerando um amplo cemitério para milhares de pessoas.
É evidente que a comparação é, de certa forma, abusiva, sobretudo pelo grau de destruição, mas aquilo que presenciei e os testemunhos que ouvi têm uma significativa semelhança. Tal como aqui, vi gente desesperada à procura dos familiares, habitações destruídas, choros convulsivos de quem tudo perdeu, famílias destroçadas, uma população atónita que vagueava sem destino, pedidos de socorro e muitas organizações a colaborar no desastre. Visitei a Missão Católica onde entreguei um cheque de apoio às vítimas no valor de 3.000.000$00, estive com várias associações de madeirenses, almocei com o Embaixador e de todos vi e senti o calor humano da necessidade de enfrentar o drama social. Momentos dramáticos mas, simultaneamente, inesquecíveis.
Com as devidas proporções, o desastre que se abateu na Madeira traz-me em memória Vargas, essa população mártir. Lá o inesperado aconteceu, muito também por incúria dos Homens que secundarizam a natureza que, uma vezes, se mostra bela, outras agressiva. Por aqui, oxalá, novos erros não sejam cometidos e os que existem sejam atenuados.
Ilustração: Foto 1: Público; Foto 2: arquivo pessoal - Vargas (Janeiro de 2000).

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