

2º Pais negligentes. Nem mais. Os 132 processos pendentes constituem a ponta do icebergue, pois são às centenas os casos que entram escola adentro que evidenciam sinais de negligência a vários níveis. Concordo, por isso, com o Magistrado Dr. Mário Rodrigues, Juiz do Tribunal de Família e Menores do Funchal, quando sublinha a necessidade de "(...) perante situações que põem em causa o desenvolvimento integral da criança ou jovem, e que colocam em perigo a sua segurança, saúde, formação e educação é dever de todo e qualquer cidadão denunciar ou participar a sua existência e actuar no sentido de remover essas situações em casos de emergência e urgência".
Só que isso não chega. Há uma evidente responsabilidade política pelo que está a acontecer, porque a negligência dos pais tem causas e essas assentam na organização social, na mentalidade que as políticas ajudaram a criar, no tipo de discurso que se faz ou que nunca se fez, na ausência de consistentes políticas de família, nas cedências a todos os níveis que geraram uma sociedade dependente, sem princípios e sem valores, numa escola esventrada do rigor e da disciplina conquistada pela compreensão, enfim, a negligência dos pais constitui um mix que obrigaria a um outro olhar e a uma outra responsabilidade política. Governar é muito mais do que inaugurar. 

3º Quinta do Lorde. É evidente que o Tribunal julga em função de factos. Desconheço o processo, não sou jurista e, portanto, não comento a decisão do Tribunal. Todavia, sou cidadão e neste quadro, pode o Tribunal dizer que a obra em curso designada por "Quinta do Lorde" está toda de acordo com a lei, que continuarei também a dizer que aquele é um dos maiores atentados à natureza. Considero uma vergonha a decisão política que permitiu tal construção. Há espaços na natureza que se desejam em estado selvagem. A humanização dos espaços não passa, inevitavelmente, por cimentar a paisagem. É esse estado selvagem, esse estado de respeito pelo que a natureza ofereceu ao Homem que deveria constituir princípio orientador da decisão política. Agredir a paisagem da Madeira constitui um atentado ao próprio turismo da Região, pelo que, meus senhores, o Tribunal não viu irregularidades mas, politicamente, tarde ou cedo, muitos serão julgados por esta e outras agressões ambientais.
Ilustração: Google Imagens.
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