1ª 25 anos de integração na União Europeia. O DN-Madeira dá-nos hoje conta que, provavelmente, em 2011, ano de eleições regionais, o governo regional, sob a orientação do Dr. João Cunha e Silva, prepara-se para comemorar os 25 anos de integração no espaço europeu. O DN titula: "Bodas de prata da integração para Cunha e Silva brilhar". É muito capaz do DN estar correcto, por um lado, porque a lógica do governo, fundamentalmente em tempo eleitoral, é a de promover tudo e mais alguma coisa para daí ter palco para a propaganda; por outro, pela necessidade de afastar alguma concorrência da luta (?) pela liderança do partido. Para a segunda leitura estou-me, obviamente, borrifando. Já para a primeira dimensão da análise, aí, parece-me evidente que este governo não toma juízo. Para além do palco da propaganda que coloca em clara desvantagem todos os restantes partidos, acresce aqui uma outra leitura de processo que irrita o mais sereno dos cidadãos. Já estou a ver o folclore, a listagem de iniciativas, os espectáculos, enfim, os substanciais gastos numa altura de aperto orçamental, de falência de empresas, de desemprego, de compromissos assumidos e não pagos. Não se trata de uma questão menor, miserabilista, mas de princípio, de rigor e de exemplo de limitação de gastos face ao quadro económico-financeiro e social. Espero que haja bom senso, pois o período que a Região atravessa é tão grave que os 25 anos de integração europeia, não mereceriam mais do que uma sessão solene na Assembleia Legislativa da Madeira.
2º Pais negligentes. Nem mais. Os 132 processos pendentes constituem a ponta do icebergue, pois são às centenas os casos que entram escola adentro que evidenciam sinais de negligência a vários níveis. Concordo, por isso, com o Magistrado Dr. Mário Rodrigues, Juiz do Tribunal de Família e Menores do Funchal, quando sublinha a necessidade de "(...) perante situações que põem em causa o desenvolvimento integral da criança ou jovem, e que colocam em perigo a sua segurança, saúde, formação e educação é dever de todo e qualquer cidadão denunciar ou participar a sua existência e actuar no sentido de remover essas situações em casos de emergência e urgência".
Só que isso não chega. Há uma evidente responsabilidade política pelo que está a acontecer, porque a negligência dos pais tem causas e essas assentam na organização social, na mentalidade que as políticas ajudaram a criar, no tipo de discurso que se faz ou que nunca se fez, na ausência de consistentes políticas de família, nas cedências a todos os níveis que geraram uma sociedade dependente, sem princípios e sem valores, numa escola esventrada do rigor e da disciplina conquistada pela compreensão, enfim, a negligência dos pais constitui um mix que obrigaria a um outro olhar e a uma outra responsabilidade política. Governar é muito mais do que inaugurar.
3º Quinta do Lorde. É evidente que o Tribunal julga em função de factos. Desconheço o processo, não sou jurista e, portanto, não comento a decisão do Tribunal. Todavia, sou cidadão e neste quadro, pode o Tribunal dizer que a obra em curso designada por "Quinta do Lorde" está toda de acordo com a lei, que continuarei também a dizer que aquele é um dos maiores atentados à natureza. Considero uma vergonha a decisão política que permitiu tal construção. Há espaços na natureza que se desejam em estado selvagem. A humanização dos espaços não passa, inevitavelmente, por cimentar a paisagem. É esse estado selvagem, esse estado de respeito pelo que a natureza ofereceu ao Homem que deveria constituir princípio orientador da decisão política. Agredir a paisagem da Madeira constitui um atentado ao próprio turismo da Região, pelo que, meus senhores, o Tribunal não viu irregularidades mas, politicamente, tarde ou cedo, muitos serão julgados por esta e outras agressões ambientais.
Ilustração: Google Imagens.
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