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quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

A CONFISSÃO...


Ele próprio assume que "o que se passa com a Madeira é insustentável". Exacto. Insustentável pela megalomania das obras e do desrespeito pelas prioridades que apenas trouxe, como consequência, um crescimento que não se repercutiu em desenvolvimento. Temos mais "coisas", mais infra-estruturas, mas temos mais pobreza e incapacidade para solucionar os dramas sociais. E não só, o drama das empresas.


Acabo de ler mais uma, apenas mais uma, declaração do Presidente do Governo Regional. Uma declaração própria de um aflito com o "monstro" que ele próprio criou. Disse: "(...) Em termos de Madeira, acho que qualquer moção de censura, venha de onde vier, deve ser apoiada porque o que se passa com a Madeira é insustentável", salientando que o relacionamento entre a República e a Região, com o Governo Socialista, "pode acabar mal".
Ora bem, ao contrário de assumir uma posição de elevação, de responsabilidade, de negociação, enfim, uma postura de seriedade, uma vez mais parte para a ruptura, para o confronto e para a ameaça, julgando que, por aí, conseguirá alguma coisa. Zero, com este ou com qualquer outro governo. Hoje, na política, cada vez mais, a arte da negociação e da persuasão é que está em cima da mesa, nunca a arma da ameaça, pelo menos no quadro do relacionamento político.
"Pode acabar mal" o quê? Só se for a trágica situação económico-social a que ele próprio conduziu a Região. Porque não o estou a ver a comandar uns submarinos que para aí tenha, uma esquadra, um exército e uma aviação militar para tomar Lisboa e arredores. Portanto, palavras ao vento, mas que, certamente, reflectem um profundo estado de angústia. Eu não sei quando, mas que este quadro político regional trará tragédia, disso poucas dúvidas tenho. E quanto mais tempo permanecer no poder, maior será o seu estado de descontrolo que se reflectirá em toda a população. Ele próprio assume que "o que se passa com a Madeira é insustentável". Exacto. Insustentável pela megalomania das obras e do desrespeito pelas prioridades que apenas trouxe, como consequência, um crescimento que não se repercutiu em desenvolvimento. Temos mais "coisas", mais infra-estruturas, mas temos mais pobreza e incapacidade para solucionar os dramas sociais. E não só, o drama das empresas.
Hoje, acompanhei declarações sindicais a propósito do que se está a passar, por exemplo, na hotelaria, com centenas de trabalhadores com meses de atraso no salário a que têm direito. Li que a Madeira perdeu um milhão de dormidas em dois anos, o que significa o desastre na política de turismo da Madeira, onde o preço médio por quarto chegou, em Dezembro passado, aos € 20,00! E enquanto isto acontece, assisto, na RTP-Madeira, pasme-se, a Secretária do Turismo, com alguma euforia, anunciar a dinamização da Madeira no Facebook. A ideia maior não esteve presente na conferência de imprensa, porque ela não existe. Ficou-se por um pormenor da ideia maior, do projecto ou da estratégia que faça a Madeira sair deste sufoco.
Por este caminho ao Presidente do Governo restar-lhe-á "inaugurar a pobreza"! Retirando do contexto digo, se "o que se passa na Madeira é insustentável" é porque governou mal. E se governou mal deve sujeitar-se à moção de censura social e económica proposta pelo PCP, comparecendo no Parlamento da Madeira para responder aos Deputados. Não pode mandar outros para fazerem a figura do costume. Deve assumir, dar a cara, abrir completamente a possibilidade de DEBATE e não de pseudo-debate e assumir as suas (i)responsabilidades políticas. Venha discutir a situação social, a económica e financeira, a situação das empresas, a situação das Sociedades de Desenvolvimento tecnicamente falidas, o Centro Internacional de Negócios da Madeira (se os Senhores Deputados do PSD, que ontem apareceram na RTP, soubessem o que eu sei sobre praça madeirense, não teriam dito o que disseram), o sector educativo, o sistema de saúde. Venha, mas de peito aberto. Não fuja uma vez mais atirando para os outros responsabilidades que são única e exclusivamente suas. A Democracia é isto, é o debate aberto, sério, responsável, sem ofensas, com bom senso e respeito bilateral. Venha, porque os madeirenses precisam de conhecer o abismo onde se encontram. Se não comparecer é porque assume a derrota do seu "projecto" político.
Ilustração: Google Imagens.

2 comentários:

Anónimo disse...

Pretender que, Alberto João Jardim, aprenda a comportar-se democraticamente, é o mesmo que querer ensinar um tijolo... a nadar.

André Escórcio disse...

Obrigado pelo seu comentário.
Nem mais!