HILARIANTE E PERIGOSO

Às vezes fico a pensar que as suas opiniões são escritas entre dois tragos de whisky e de forma apressada. Mas, enfim, isso pouco me preocupa, isto é, a forma cuidada ou não do que escreve. Dou mais atenção aos conteúdos, àquilo que a sua opinião pretende transmitir. E aí, com o devido respeito pela diversidade de opiniões dos que seguem estas minhas posições, sinceramente, já não há pachorra para ler tanta mentira política, elucubrações sem fim, tanta ausência de coerência discursiva e tanta desonestidade intelectual. Até na política, para mentir, é preciso ter um certo jeitinho. E ele já perdeu esse jeito.

Uma questão de juizinho ou falta dele!

No meio de tanta preocupação, às vezes, uma boa risada sabe bem. Descomprime. Mas passada a risada regressamos à profundidade das coisas sérias. E vem isto a propósito do que hoje, logo pela manhã, li no jornal da propaganda do PSD, pago por todos os madeirenses e porto-santenses (mesmo que não o aceitem). Refiro-me ao artigo de opinião do ainda presidente do governo regional. Desta vez, ao lado de uns amigos, pela Net, li-o em voz alta e, de parágrafo em parágrafo, os desabafos foram-se soltando bem como as gargalhadas. Desde logo, muito mal escrito. Às vezes fico a pensar (que fique claro, sem qualquer insinuação) que as suas opiniões são escritas entre dois tragos de whisky e de forma apressada. Mas, enfim, isso pouco me preocupa, isto é, a forma cuidada ou não do que escreve. Dou mais atenção aos conteúdos, àquilo que a sua opinião pretende transmitir. E aí, com o devido respeito pela diversidade de opiniões dos que seguem estas minhas posições, sinceramente, já não há pachorra para ler tanta mentira política, elucubrações sem fim, tanta ausência de coerência discursiva e tanta desonestidade intelectual. Até na política, para mentir, é preciso ter um certo jeitinho. E ele já perdeu esse jeito. É descarado como se os outros fossem parvos ou "andassem a tirar documentos para estúpido". Repete e repete a lengalenga do costume, sem um mínimo de seriedade. Tome-se, por exemplo, em consideração esta pérola: "(...) ou a Madeira parava, e era o que os socialistas pretendiam. Paravam obras, aumentava o desemprego ainda mais, cessava o Estado Social nos domínios da saúde, da solidariedade social, da educação, da cultura, do desporto, etc". Ora, sob a sua presidência, as obras não pararam, mas o desemprego cresceu para os impensáveis 20.000, a saúde está em conflito permanente, registamos os piores indicadores nacionais na educação e a solidariedade social fica a dever-se, não ao orçamento da Região, mas às quase 60 instituições de solidariedade social e paróquias que vão matando a fome a muita gente.  Se aquilo não é subverter a verdade factual, os números estatísticos, a realidade, sinceramente, onde está esse pingo de honestidade que deve nortear as condutas políticas?

Todo o artigo vai nesse sentido. Depois, claro, não poderia faltar o ataque ao Partido Socialista: "(...) Gente que, infelizmente, pretende entregar a governação da Madeira ao grupo de interesses económicos mais mafioso que por cá já existiu, mistura de “Madeira Velha”, de “esquerda caviar”, de capitalismo selvagem, de marxismo burro e de incompetência! Em suma, um “cocktail” explosivo que se apoderou do partido socialista local por processos anti-democráticos". Hilariante e perigoso, digo eu, porque as expressões são falsas e próprias de um contínuo estado mental obsessivo, politicamente doentio, delirante, mas que também exprime uma clara preocupação ao sentir que o chão político lhe foge a cada dia que se passa. É o meu sentimento. Aliás, não deixa de ser curiosa esta afirmação: "(...) É para isto que, na Madeira, serve o Partido Socialista?!... É a esta gente que o Povo Madeirense vai entregar a governação do arquipélago?!..." É óbvio que sente uma alta pressão do PS na Madeira.

Ilustração: Google Imagens.