Conhecerá esse senhor a História? Conhecerá a luta, os perigos, os mortos, os estorpiados de uma guerra que empobreceu ainda mais o País? Ora, todas as posições são admissíveis, os progressos e os desvios à essência do 25 de Abril, mas se hoje esse senhor é deputado, deve-o a muitos que lutaram, foram presos e exilados e a muitos que morreram pela liberdade. Saberá o que foi a PIDE/DGS, a censura, o calvário de ter medo da própria sombra? Por favor, cale-se e respeite a memória.
De tão "importante" que nem sei o seu nome. Trata-se de um deputado do PSD na Assembleia da República que, ontem, num canal de televisão falou de uma "brigada do reumático", referindo-se à posição que os militares de Abril assumiram de não participarem nas comemorações do 25 de Abril que, amanhã, terão lugar na Assembleia da República. Evito ser deselegante, mas aquela voz paquidérmica deu-me a volta ao estômago. De uma assentada classificou todos os militares que tiveram a coragem de pôr termo a uma ditadura e a uma guerra colonial como "brigada do reumático". Que memória tão curta e que interesses se movimentam para que um deputado da Nação tenha o desplante de assim falar. Admito, democraticamente, que tenha uma posição diferente, mas há formas de transmitir as posições discordantes. Nem se apercebeu, concedo-lhe o benefício da dúvida, que com aquela expressão estava, simultaneamente, a ofender o ex-Presidente da República Dr. Mario Sores, o Dr. Manuel Alegre e tantos civis e militares que entendem que Portugal está a resvalar e a colocar em causa os princípios mais nobres de Abril.
Conhecerá esse senhor a História? Conhecerá a luta, os perigos, os mortos, os estropiados de uma guerra que empobreceu ainda mais o País? Ora, todas as posições são admissíveis, sobre os progressos e os desvios à essência do 25 de Abril, mas se hoje esse senhor é deputado, deve-o a muitos que lutaram, foram presos e exilados e a muitos que morreram pela liberdade. Saberá o que foi a PIDE/DGS, a censura, o calvário de ter medo da própria sombra? Por favor, cale-se e respeite a memória. Entretanto, leia a Trova do Vento que Passa, de Manuel Alegre. Talvez lhe faça bem.
Pergunto ao vento que passa
notícias do meu país
e o vento cala a desgraça
o vento nada me diz.
Pergunto aos rios que levam
tanto sonho à flor das águas
e os rios não me sossegam
levam sonhos deixam mágoas.
Levam sonhos deixam mágoas
ai rios do meu país
minha pátria à flor das águas
para onde vais? Ninguém diz.
Se o verde trevo desfolhas
pede notícias e diz
ao trevo de quatro folhas
que morro por meu país.
Pergunto à gente que passa
por que vai de olhos no chão.
Silêncio -- é tudo o que tem
quem vive na servidão.
Vi florir os verdes ramos
direitos e ao céu voltados.
E a quem gosta de ter amos
vi sempre os ombros curvados.
E o vento não me diz nada
ninguém diz nada de novo.
Vi minha pátria pregada
nos braços em cruz do povo.
Vi minha pátria na margem
dos rios que vão pró mar
como quem ama a viagem
mas tem sempre de ficar.
Vi navios a partir
(minha pátria à flor das águas)
vi minha pátria florir
(verdes folhas verdes mágoas).
Há quem te queira ignorada
e fale pátria em teu nome.
Eu vi-te crucificada
nos braços negros da fome.
E o vento não me diz nada
só o silêncio persiste.
Vi minha pátria parada
à beira de um rio triste.
Ninguém diz nada de novo
se notícias vou pedindo
nas mãos vazias do povo
vi minha pátria florindo.
E a noite cresce por dentro
dos homens do meu país.
Peço notícias ao vento
e o vento nada me diz.
Mas há sempre uma candeia
dentro da própria desgraça
há sempre alguém que semeia
canções no vento que passa.
Mesmo na noite mais triste
em tempo de servidão
há sempre alguém que resiste
há sempre alguém que diz não.
notícias do meu país
e o vento cala a desgraça
o vento nada me diz.
Pergunto aos rios que levam
tanto sonho à flor das águas
e os rios não me sossegam
levam sonhos deixam mágoas.
Levam sonhos deixam mágoas
ai rios do meu país
minha pátria à flor das águas
para onde vais? Ninguém diz.
Se o verde trevo desfolhas
pede notícias e diz
ao trevo de quatro folhas
que morro por meu país.
Pergunto à gente que passa
por que vai de olhos no chão.
Silêncio -- é tudo o que tem
quem vive na servidão.
Vi florir os verdes ramos
direitos e ao céu voltados.
E a quem gosta de ter amos
vi sempre os ombros curvados.
E o vento não me diz nada
ninguém diz nada de novo.
Vi minha pátria pregada
nos braços em cruz do povo.
Vi minha pátria na margem
dos rios que vão pró mar
como quem ama a viagem
mas tem sempre de ficar.
Vi navios a partir
(minha pátria à flor das águas)
vi minha pátria florir
(verdes folhas verdes mágoas).
Há quem te queira ignorada
e fale pátria em teu nome.
Eu vi-te crucificada
nos braços negros da fome.
E o vento não me diz nada
só o silêncio persiste.
Vi minha pátria parada
à beira de um rio triste.
Ninguém diz nada de novo
se notícias vou pedindo
nas mãos vazias do povo
vi minha pátria florindo.
E a noite cresce por dentro
dos homens do meu país.
Peço notícias ao vento
e o vento nada me diz.
Mas há sempre uma candeia
dentro da própria desgraça
há sempre alguém que semeia
canções no vento que passa.
Mesmo na noite mais triste
em tempo de servidão
há sempre alguém que resiste
há sempre alguém que diz não.
Manuel
Alegre
3 comentários:
Meu Caro Amigo
Será muito inconveniente utilizar a designação de PULHA?
É que,os outros epítetos que me ocorrem, nem me atrevo a mencioná-los...
Um abraço.
Oportuníssimo
Obrigado pelos vossos comentários.
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