Uma proposta daquelas encaixaria bem num regime do antigo bloco de leste, na Coreia do Norte ou situação política semelhante. Num regime democrático e face à Constituição da República Portuguesa não faz o menor sentido. Deveriam saber e acautelar o princípio que o movimento associativo é privado e que não compete aos poderes públicos se imiscuirem na sua dinâmica. Depois, os jovens, porque certamente não estudaram a história de todo o processo associativo, dão a entender, por desconhecimento, o que foi a luta pela emancipação das modalidades desportivas, muitas delas, desde os primórdios dos anos 60 do século passado (tomada de posse da primeira direção da ADM ocorreu a 10 de Abril de 1961, embora os trabalhos de preparação tivessem começado a 12 de Julho de 1958), estiveram enquadradas pela Associação de Desportos da Madeira. Esta associação foi e continua a ser uma incubadora de modalidades que, tarde ou cedo, se emancipam pela necessidade de crescimento e de desenvolvimento.
É um direito que assiste aos cidadãos, o direito à liberdade de opinião e de não serem visados por isso. Aliás, é importante que se exprimam, que opinem, que lancem achas para um debate que deve ser plural e baseado na humildade. Só que, quando alguém opina também deve possuir o conhecimento da matéria em causa. E isso só é possível quando esse alguém desenvolve um esforço de estudo e de compaginação de conhecimentos. Se assim não for a opinião corre o risco de não passar de uma leviandade, de uma teoria sem sustentabilidade ou de uma circunstancial conversa de café. Quando não se estuda, obviamente que sobressai a sabedoria popular: "quem te manda sapateiro tocar rabecão?".
Ora, vem isto a propósito de uma posição, ainda por cima com vínculo político, da JSD-Madeira, que propõe, sublinha o DN, "a fusão das associações desportivas regionais em seis agrupamentos, as quais devem a passar a funcionar segundo o modelo da Associação Comercial e Industrial do Funchal (ACIF)". E mais, um "maior número de requisitos para a possibilidade de criação de clubes e associações desportivas". Tudo por uma questão de economia de meios, deduzo eu.
É evidente que apenas conheço o que foi tornado público, mas, com toda a certeza, o jornalista deve ter sublinhado o mais importante do documento apresentado por aquela organização juvenil. E neste pressuposto eu diria, logo à partida, que não estudaram a profundidade do problema. A começar pela Constituição da República Portuguesa, cujo Artigo 46º (Liberdade de Associação), no seu ponto 1. sublinha: "Os cidadãos têm o direito de, livremente e sem dependência de qualquer autorização, constituir associações, desde que estas não se destinem a promover a violência e os respetivos fins não sejam contrários à lei penal". No ponto 2. "As associações prosseguem livremente os seus fins sem interferência das autoridades públicas e não podem ser dissolvidas pelo Estado ou suspensas as suas atividades senão nos casos previstos na lei e mediante decisão judicial". Logo, por aqui, constitui um absurdo propor a fusão de associações. Não tardaria a fusão de clubes, digo eu. Uma proposta daquelas encaixaria bem num regime do antigo bloco de leste, na Coreia do Norte ou situação política semelhante. Num regime democrático e face à Constituição da República Portuguesa não faz o menor sentido. Deveriam saber e acautelar o princípio que o movimento associativo é privado e que não compete aos poderes públicos se imiscuirem na sua dinâmica. Depois, os jovens, porque certamente não estudaram a história de todo o processo associativo, dão a entender, por desconhecimento, o que foi a luta pela emancipação das modalidades desportivas, muitas delas, desde os primórdios dos anos 60 do século passado (tomada de posse da primeira direção ocorreu a 10 de Abril de 1961, embora os trabalhos de preparação tivessem começado a 12 de Julho de 1958), estiveram enquadradas pela Associação de Desportos da Madeira. Esta associação foi e continua a ser uma incubadora de modalidades que, tarde ou cedo, se emancipam pela necessidade de crescimento e de desenvolvimento.
Deduz-se, portanto, que o problema do desporto regional é outro, muito mais complexo, simplesmente porque é multifatorial. Está completamente equivocado quem pensa que o drama do desporto regional é apenas de financiamento e cuja solução está no regresso aos enquadramentos organizacionais de há 50 anos. O drama do desporto regional, este monstro que foi criado sobre o qual não há quem tenha mão, é de política desportiva global (deve estar ao serviço do desenvolvimento e não da política partidária), de sentido das prioridades sociais e culturais, de respeito pelo caráter privado do movimento associativo, de proteção da educação desportiva escolar, de assunção do princípio que esta Região é pobre e dependente. Na base destes, entre outros pressupostos, obviamente que há uma absoluta necessidade de rutura com o atual modelo. Rutura que, aliás, não constitui novidade, pois já em 1996 esse assunto foi apresentado pelo PS-Madeira na Assembleia e chumbado pelo PSD-M, novamente apresentado, ainda com mais rigor, em 2007 e em 2010, obviamente com novos chumbos. Entretanto, foram publicados livros e vários documentos que consubstanciam as profundas mudanças a operar. Para além disso existem autores aos níveis nacional e internacional com pensamento estruturado, pelo que, termino, não há como estudar para, depois, ter uma opinião capaz de ser considerada.
Ilustração: Google Imagens.
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