REPROVO algumas atitudes, bem como as expressões empregues. A política, mesmo quando acutilante tem os seus limites. O que não posso é entender que os funcionários da Assembleia, que são pessoas respeitáveis, homens e mulheres de trabalho, que têm a sua dignidade, a sua família e uma imagem pública a defender, sejam utilizados para responderem aos interesses dos senhores deputados. Daí esta mensagem de solidariedade em defesa dos funcionários da Assembleia. Isto, quando há formas de resolver os problemas e que nunca foram utilizadas.
Obviamente que não aprovo certas situações que se passam na Assembleia. Reprovo-as. A Assembleia Legislativa constitui o primeiro Órgão de Governo Próprio e, por isso mesmo, representa a Democracia e o debate livre e plural. E o debate tem regras e deve ter elevação. É evidente que ela, Assembleia, não é formada por 43 meninos e meninas de coro. Há picardias, há decibéis mais elevados, há humor corrosivo, claro sim. Mas, há um limite a partir do qual o ambiente degrada-se e fragiliza a imagem do Parlamento. E a verdade é que são conhecidos os rostos de quem semeou os ventos para tanta tempestade que vimos a assistir. As páginas do Diário das Sessões estão cheias de episódios tristes. Episódios que têm rostos, repito, de ofensas gravosas, eu diria até, miseráveis e indignas, no quadro da quase eterna confusão que muitos fazem entre razão da força sobre a força da razão. E esses episódios não se confundem com os sistemáticos chumbos às propostas da oposição, o que lamento, mas outros, construídos em palavras e gestos, ditas e feitos, à boca pequena ou mesmo em voz alta. É por aí que aqueles que, circunstancialmente, lideram os processos, devem começar.
Mas, esta é uma história longa e não é dela que desejo deixar aqui a minha reflexão. Quero exprimir, aqui e agora, o meu repúdio pela utilização abusiva dos funcionários da Assembleia como se fossem "polícias" com capacidade de retirar este ou aquele deputado do hemiciclo. O "espetáculo" que assisti pela RTP-M foi demasiado degradante. Um funcionário não tem e não deve ter atribuições daquela natureza. Corresponde a um princípio que, doravante, pode estender-se a outros senhores deputados menos bem comportados ou que a maioria não goste! E eu pergunto, a acontecer uma situação dessas, por exemplo, no seio da maioria política, em abstrato, o que acontecerá aos funcionários: respeitarão a ordem? E como se comportarão os restantes deputados da maioria? Aceitarão? E se acontecer em um outro partido da oposição? E, no futuro, quando a composição da Assembleia for diferente (está por um fio) as quezílias e os maus comportamentos serão sancionados da mesma forma? Penso que a bola de neve rola e está a aumentar o seu perigoso volume.
Bom, que fique claro que REPROVO algumas atitudes, bem como as expressões empregues. A política, mesmo quando acutilante tem os seus limites. O que não posso é entender que os funcionários da Assembleia, que são pessoas respeitáveis, homens e mulheres de trabalho, que têm a sua dignidade, a sua família e uma imagem pública a defender, sejam utilizados para responderem aos interesses de alguns dos senhores deputados. Daí esta mensagem de solidariedade em defesa dos funcionários da Assembleia. Isto, quando há formas de resolver os problemas e que nunca foram utilizadas.
Ilustração: Google Imagens.
2 comentários:
Caro André Escórcio
A ALM não é nem pode ser um lugar de respeito. Porque tudo começa no seu presidente (aqui escrito sem P maiúsculo de propósito).
Quanto mais não seja, porque a criatura, que está acima do Presidente do GR, obedece humildemente a este. Inclusivamente já vi fotografias de actos mais ou menos oficiais, mas públicos, em que está à direita de Jardim, quando deveria ser o contrário.
Obrigado pelo seu comentário.
A Assembleia tem de ser dignificada. Assim, não.
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