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quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

"CRISTO NÃO TEVE EM CONTA A GRANDE PERÍCIA DOS CAMELOS"


No exercício da política não vale tudo e maioria absoluta não significa poder absoluto. E na política o que parece é! Logo, no mínimo, em defesa da imagem pública do próprio governo, torna-se inaceitável que um elemento que fez parte daquele processo, mesmo sem qualquer culpa formada pela Justiça, seja nomeado para um cargo político. É que o processo está em curso, está muito longe de ser resolvido, o povo português está a sofrer na pele os desmandos de uns quantos sôfregos por dinheiro fácil, daí que, não exista uma única defesa para esta nomeação.

É tão grave para quem o nomeou, como é despudorado para quem aceitou. Mais grave ainda quando o primeiro-ministro e o ministro de Economia vêm defender a sua nomeação para o cargo de Secretário de Estado. Ora, o Dr. Franquelim Alves pode ter indiscutíveis qualidades provadas através do seu currículo académico e profissional, porém de uma coisa não se safa, é que pertenceu à administração da área não financeira da SLN – Sociedade Lusa de Negócios, proprietária do BPN – Banco Português de Negócios, isto é, pertenceu à administração daquela pouca-vergonha que todos estamos a pagar. Esse anátema persegue-o e, portanto, deveria ser ele o primeiro a agradecer o convite mas a decliná-lo. Pode dizer que esteve lá pouco tempo, que mais tarde colaborou no desvendar da teia, tudo isso não o iliba, politicamente, de ter lá estado e pertencido a uma organização que hoje se sabe ter sido mafiosa. A história do processo ainda não é conhecida em todos os seus contornos, mas ainda ontem voaram dos impostos dos portugueses mais mil milhões para ajudar a tapar o colossal buraco. No artigo de opinião do deputado Edgar Silva, leio: "(...) Este é um tempo confuso, tão desconcertante e que tanto assusta e magoa de manhã à noite. Fomos enganados... e tudo por culpa de Cristo, da angelical e boa fé de Cristo. Como escreveu Miguel Bauçã: "Finalmente, provou-se, os camelos conseguem passar pelo estreito fundo de uma agulha. Venceram o desafio que lhes lançou Cristo, com uma surpreendente facilidade. Cristo não teve em conta a grande perícia dos camelos". Exactamente isto, os camelos continuam aí, passando pelo buraco da agulha, fazendo fortunas, rindo-se da pobreza dos demais, justificando o injustificável, colocando os seus nos lugares-chave, sem um mínimo de pudor e ética. O caso do Dr. Franquelim Alves encaixa-se neste quadro por maiores e melhores justificações que possam ser dadas. Pode a pessoa em causa ir à Assembleia da República e pintar de cores garridas aquilo que aos olhos dos portugueses é muito cinzento a roçar o preto, pois manda o bom senso que ambas as partes teriam de dizer NÃO a um lugar no governo. 
No exercício da política não vale tudo e maioria absoluta não significa poder absoluto. E na política o que parece é! Logo, no mínimo, em defesa da imagem pública do próprio governo, torna-se inaceitável que um elemento que fez parte daquele processo, mesmo sem qualquer culpa formada pela Justiça, seja nomeado para um cargo político. É que o processo está em curso, está muito longe de ser resolvido, o povo português está a sofrer na pele os desmandos de uns quantos sôfregos por dinheiro fácil, daí que, não exista uma única defesa para esta nomeação. De facto, "Cristo não teve em conta a grande perícia dos camelos".
Ilustração: Google Imagens.

1 comentário:

Vilhão Burro disse...

Senhor Professor
Em vez de camelos,Edgar Silva, conhecedor profundo dos temas bíblicos,talvez fosse mais rigoroso se os denominasse de PULHAS...É que,a palavra de Cristo,como sabe, terá sofrido uma popular, incorrecta, e menos culta, interpretação,do utilizado conceito de camelo. É pena que, um conhecedor, alimente o equívoco adquirido, entre corda grossa e o pobre e desadequado animal...