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terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

AFINAL, QUEM PRECISA DE ÓCULOS?


"(...) Eis o insustentável mas previsível desfecho de uma política ardilosamente montada, por quem, no velho estilo do tudo sabe, tudo pode, tudo manda, não quer nem sombra de outras intervenções autónomas e personalizadas na vida da Região (...) Assim fizeram ao longo dos tempos todos os que teimaram em perpetuar o seu poder (...) Ele chama a si todas as campanhas eleitorais, define todas as estratégias administrativas, faz todas as promessas. A sua orientação política é piamente cultivada pelos seus pares (...) O Povo deixou-se levar nestas cantigas mas agora não vai perdoar aos verdadeiros responsáveis pela actual situação (...) No meio de tudo isto, uma terra, um povo, uma autarquia, é humilhada, maltratada e votada ao ostracismo, por uma classe política de baixo nível. Machico sempre disse não a esta política (...) Por isso tem pago a factura do seu atrevimento, do seu inalienável direito à diferença" (...). O deputado falava, obviamente, do Dr. Alberto João Jardim e de toda a sua estrutura partidária.



Li, no DN-Madeira, uma carta de um leitor Dr. Emanuel Gomes, Deputado do PSD-M, de resposta a uma outra que terá colocado em causa o "desenvolvimento" de Machico. A páginas tantas, o deputado questiona: "(...) Então diga-nos, senhor José Freitas: que idade tem você e se conheceu Machico antes do PSD entrar na Câmara. Diga-nos ainda se usa óculos e em que loja os comprou. E já agora, diga-nos também, se considera o povo de Machico de burro, porque foi o povo que escolheu o PSD para liderar Machico, e porquê? Será que sabe?
Ora bem, são discussões que não me aquecem nem arrefecem. De qualquer forma, é sempre bem-vindo o debate de posições, sobretudo quando se aprofundam os temas, escalpelizando-os e tentando perceber as razões. Obviamente que quando um dos interlocutores entra pelo campo dos "óculos" e se o povo é "burro" ou não, aí não pode existir debate, apenas sobressai a mediocridade e a conversa de café! Mas ao ler a carta do deputado senti-me, uma vez mais, impelido a vasculhar memórias e trazer aqui parte de um artigo escrito, em 1995, pelo ex-socialista Dr. Emanuel Gomes e hoje deputado pelo PSD:
"(...) Eis o insustentável mas previsível desfecho de uma política ardilosamente montada, por quem, no velho estilo do tudo sabe, tudo pode, tudo manda, não quer nem sombra de outras intervenções autónomas e personalizadas na vida da Região (...) Assim fizeram ao longo dos tempos todos os que teimaram em perpetuar o seu poder (...) Ele chama a si todas as campanhas eleitorais, define todas as estratégias administrativas, faz todas as promessas. A sua orientação política é piamente cultivada pelos seus pares (...) O Povo deixou-se levar nestas cantigas mas agora não vai perdoar aos verdadeiros responsáveis pela actual situação (...) No meio de tudo isto, uma terra, um povo, uma autarquia, é humilhada, maltratada e votada ao ostracismo, por uma classe política de baixo nível. Machico sempre disse não a esta política (...) Por isso tem pago a factura do seu atrevimento, do seu inalienável direito à diferença" (...). O deputado falava, obviamente, do Dr. Alberto João Jardim e de toda a sua estrutura partidária.
Não me canso de transcrever esta passagem de um texto do Dr. Emanuel Gomes. Fá-lo-ei sempre que levantar a voz contra outros de opinião distinta. Simplesmente porque, quando  escreveu aquelas linhas, era adulto, não era um jovem indeciso e em fase de aprendizagem política. Era já maduro. Daí que, pela credibilização do exercício da política, o melhor que certamente terá a fazer é seguir o seu caminho com alguma discrição e sem levantar grandes poeiras em seu redor. Porque há "rabinhos de palha" no discurso político difíceis de enrolar. O deputado teve e tem o direito de optar pelos caminhos e pelas convicções que mais se ajustem aos seus interesses, mas faltar-lhe-à credibilidade discursiva porque viveu e sentiu na pele o que foi governar uma autarquia de Machico intencionalmente estrangulada pelo poder regional. Tanto assim foi que escreveu e publicou. Que razões o levaram a mudar a coluna rígida por uma outra de plasticina, bom, isso aí já não é do meu campo de análise política. Sei, apenas, que quando se levanta na Assembleia e bota discurso, aquelas palavras ditas em 1995 regressam à minha memória como se fossem ditas hoje!
Ilustração: Google Imagens.

1 comentário:

António Trancoso disse...

Caro André Escórcio
Ao contrário do meu Bom Amigo, louvo a "coraje" do gafanhoto!Bravo! Bravíssimo!!!