Do meu ponto de vista, não existe qualquer "contencioso autonómico". O que existe e sempre existiu foi uma incapacidade política para negociar e gerir a Autonomia numa perspectiva de evolução contínua. De crescer autonomicamente com responsabilidade e sem criar graves problemas ao País a que todos pertencemos. Problemas sobretudo de natureza orçamental. Por isso, quando vêm com a treta do "contencioso das autonomias" parece que por lá estão os maus e, por aqui, os santos! Não é esse o meu entendimento. Se quero ser respeitado tenho que me dar ao respeito. Só assim posso ter moral para falar, negociar, exigir e progredir. Não é que por lá não existam olhos enviesados, não é que por lá, não abundem políticos que não entendam Portugal nas ilhas, a especificidade e o direito de querermos ser diferentes, o problema é outro, a questão é a luta tonta e sem nível que durante anos norteou o discurso político entre a Madeira e a República. Se Alberto João Jardim tivesse um pouco de pudor já tinha abandonado, ou melhor, apresentado a sua demissão, tal como em 2007, agora, por outras razões, entre as quais a sua pública e notória incapacidade para sair do buraco onde nos meteu.
"Contencioso das Autonomias"! Estamos é a pagar a luta tonta e sem nível. |
Exacto. "Jardim não se demite como em 2007, porque concorda com a Lei das Finanças Regionais". Esta declaração do líder do PS-Madeira, Victor Freitas, acerta no alvo. E porquê? Ele sabe o que andou a fazer durante mais de três dezenas de anos, sabe que, aqui sim, viveu muito acima das suas possibilidades enquanto governante, sabe que andou sempre a "espingardar" com a República, sabe que, em 2007, pela onda que se estava a formar junto da população, as suas hipóteses de vitória eram menores nas eleições seguintes, sabe que, politicamente, mentiu sobre a realidade e sabe, também, que escondeu dos eleitores a verdadeira situação das contas públicas. Ele sabe de tudo isto e muito mais, pelo que não tem agora outro remédio senão amouchar, qual pretensa águia velhinha que não vai além de voos muito rastejantes. A dívida, a gravíssima situação da taxa de desemprego e a galopante pobreza não lhe concedem possibilidades de manutenção de um estado altivo e de nariz empinado. Tem de aceitar tudo, inclusive, a Lei das Finanças Regionais, a tal que vai retirar aos madeirenses 345 milhões em quatro anos. E numa encenação pobre e ridícula, tendo em conta o passado, os deputados na Assembleia da República votaram contra a Lei. Não poderiam fazer outra coisa para salvar as aparências. Quem deve, no plano da governação o que a Madeira deve, é evidente que não está em condições de negociar seja o que for. E o pior, ainda, é o CDS/PP que continua com dois discursos, um na República e outro na Madeira. Eu sei que, politicamente, a situação é incómoda, mas está aos olhos de quem quiser ver, através de alguns indicadores, que a posição do presidente do CDS-Madeira, José Manuel Rodrigues, tem muito que se lhe diga.Trata-se de um discurso tipo uma no cravo, outra na ferradura, isto é, não se coligam, enfraquecendo a oposição, talvez na esperança de um acordo pós-eleitoral com aqueles que nos trouxeram até aqui; por outro, trata-se de um discurso preocupante, quando leio a defesa do "contencioso das autonomias", exactamente, a mesma expressão utilizada por Alberto João Jardim durante largos anos.
Ora, do meu ponto de vista, não existe qualquer "contencioso autonómico". O que existe e sempre existiu foi uma incapacidade política para negociar e gerir a Autonomia numa perspectiva de evolução contínua. De crescer autonomicamente com responsabilidade e sem criar graves problemas ao País a que todos pertencemos. Problemas sobretudo de natureza orçamental. Por isso, quando vêm com a treta do "contencioso das autonomias" parece que por lá estão os maus e, por aqui, os santos! Não é esse o meu entendimento. Se quero ser respeitado tenho que me dar ao respeito. Só assim posso ter moral para falar, negociar, exigir e progredir. Não é que por lá não existam olhos enviesados, não é que por lá, não abundem políticos que não entendam Portugal nas ilhas, a especificidade e o direito de querermos ser diferentes, o problema é outro, a questão é a luta tonta e sem nível que durante anos norteou o discurso político entre a Madeira e a República. Se Alberto João Jardim tivesse um pouco de pudor já tinha abandonado, ou melhor, apresentado a sua demissão, tal como em 2007, agora, por outras razões, entre as quais a sua pública e notória incapacidade para sair do buraco onde nos meteu.
Ilustração: Google Imagens.
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